As dobras da política no MA em dez anos
A única ruptura nessa década de comando no Maranhão é o afastamento definitivo de Flávio Dino das demandas de natureza político-partidária, com a sua posse no Supremo Tribunal Federal
Neste fim de semana termina as férias do governador Carlos Brandão (PSB), intrinsicamente, com a temporada interina do vice Felipe Camarão. Assim, o poder político do Maranhão tem vivido com frequentes alternâncias de comando do governo entre o titular e o substituto. Uma prática salutar da política, vivida durante sete anos dos mandatos de Flávio Dino com o imediato Carlos Brandão. Mesmo sendo ambos de partidos ideologicamente opostos – o PCdoB de Dino e o PSDB de Brandão – os dois companheiros de chapa desde 2014 nunca abriram qualquer divergência que atingisse a relação política compromissada na campanha eleitoral e na aliança partidária.
Brandão foi talvez o vice que mais assumiu o governo interinamente até abril de 2022, quando o ocupou definitivamente, com a renúncia de Flávio Dino, para concorrer à eleição de senador, novamente junto com Brandão disputando o novo mandato no Palácio dos Leões. Os dois, já filiados ao mesmo PSB, foram eleitos no primeiro turno, graças à força eleitoral do ex-governador e do modo sincero e objetivo de Brandão como candidato. Aquela eleição foi um marco histórico na política do Maranhão, não apenas pela votação de Dino ter sido a maior de todos tempos, como também pela continuidade de uma gestão à outra sem qualquer ruptura no essencial da governança.
A única ruptura nessa década de comando no Maranhão é o afastamento definitivo de Flávio Dino das demandas de natureza político-partidária, com a sua posse no Supremo Tribunal Federal, no dia 22 de fevereiro. Foram dez anos em que a história passou a ser contada não mais com o protagonismo do ex-presidente José Sarney, mas sim do ex-juiz federal e agora ministro do STF. Os dois, que o jogo político os fez adversários ferrenhos antes e depois de 2014, agora são aliados e confrades na Academia Maranhense de Letras. As dobras da história já colocam, porém, Sarney e Dino com protagonistas de um filme fora de cartaz.
E não é só isso. A entrada de Dino no STF significa passar o bastão da política maranhense a Carlos Brandão e ainda renunciar à cadeira de senador em favor da suplente Ana Paula Lobato. É a primeira vez que alguém “doa” oito anos de mandato no Senado Federal para alguém que o acompanhar como suplente. Com isso, pela primeira vez na história, o Maranhão conta com duas mulheres no Senado – por coincidência, pela mão do mesmo personagem Flávio Dino. Ele ajudou eleger Eliziane Gama em 2018 e fez Ana Paula senadora até 2030, graças a caneta do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que nomeou Dino para o Ministério da Justiça e depois o indicou ao Supremo Tribunal.
Assim, de eleição em eleição, a política do Maranhão vai produzindo fatos inusitados para os historiadores. Se Felipe Camarão, atual vice-governador for eleito em 2026, quando Brandão disputará o Senado, a história vai se repetir de forma contínua, mas agora sem o protagonismo de José Sarney, nem de Flávio Dino. Há quem diga, hoje, que ele, pela essência da política que fervilha em suas veias, não ficará no STF até completar 75 anos, em 2044. Assim como renunciou em 2006 a toga de juiz federal para ser deputado federal, nada o impede de repetir o gesto, trocando o fabuloso cargo de ministro do STF pela política partidária. Quem viver verá, como diria o “filósofo” maranhense, Líster Caldas.
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Ação integrada
Em suas redes, o ministro da Justiça e Segurança, Flávio Dino disse que as Forças Integradas de Combate ao Crime Organizado, coordenadas pelas polícias federais e estaduais, estão em todo o território nacional, compartilhando Inteligências e Operações.
Fiscalizando números
O presidente do TCE-MA, Marcelo Tavares detalhou as estratégias e programas adotados pelo órgão para fiscalizar as contas dos municípios e de órgãos dos três Poderes do Maranhão. Ele conversou com este jornalista, no programa “Band Entrevista”, da Band-MA, hoje, às 18h50.