ESCÂNDALO

Paulo Victor acusa promotor de extorsão sobre operação contra vereadores de São Luís

Relato foi feita da tribuna na sessão desta segunda-feira (4), na Câmara Municipal de São Luís

Paulo Victor, presidente da Câmara Municipal de São Luís - (foto: divulgação/ Leonardo Mendonça)

O presidente da Câmara Municipal de São Luís, vereador Paulo Victor (PSDB), fez grave denúncia sobre o que ele classificou como extorsão que vinha sofrendo do promotor de justiça Zanony Passos Filho, titular da 32ª Promotoria de Justiça Especializada (4º Promotor de Justiça do Patrimônio Público e da Probidade Administrativa). O caso se refere às investigações contra vereadores sobre destinação de emendas para instituições sociais.

Paulo Victor começou lembrando a operação “Véu de Maquiavel”, que teve, como alvo, um grupo de vereadores da capital: Francisco Chaguinhas (Podemos), Aldir Júnior (PL), Umbelino Júnior (PSDB) e Edson Gaguinho (União) – relembre a operação clicando aqui. Pelos relatos do vereador, o caso começou quando ele conheceu o promotor Zanony Filho.

“Ao longo do ano passado, eu conheci um promotor de justiça chamado Zanoni Passos Silva Filho. Enquanto secretário de estado [da Cultura], ele entrou em contato comigo para me regularizar algo específico da Secretaria de Cultura, que outrora o secretário era Anderson [Lindoso, atual secretário em exercício da Educação do Maranhão]. Respondi e, daí, começamos um diálogo. Começou-se uma harmonia de contatos, se mostrou uma pessoa muito solícita em poder contribuir para que solucionasse problemas tanto da secretaria como da Câmara Municipal”, relatou o vereador.

O presidente da Câmara de São Luís falou sobre um encontro que teve com o promotor em um restaurante da capital.

“Antes disso, ele já havia me notificado para prestar informações sobre uma prestação de contas de emenda parlamentar de uma entidade chamada ‘Força do Amor’. Fui sem advogado, de boa-fé. Quando chegou no Ministério Público, comecei a relatar como foi, o que era, como que era aqui. Ele desligou a câmera e falou que não iria gravar porque iria me complicar. Estaria ali para ajudar”, continuou.

Mostrando mensagens enviadas pelo promotor – inclusive com o contato da presidente da entidade “Força do Amor” -, Paulo Victor destacou que outras mensagens passaram a ser enviadas com frequência, destacando uma: “Duas perguntas: Tudo certo para hoje realmente? Quando posso pedir para meu primo procurar sua chefe de gabinete?”.

“O promotor Zanony me pediu cargos e me pediu valores para poder ajudar na resolução de problemas […]. Daí, começou essa extorsão”, denunciou Paulo Victor.

Em seguida, ele mostrou outra mensagem enviada a chefia de gabinete da presidência da Câmara Municipal.

“‘Vou te passar o que preciso no momento. Tudo jóia. Não esqueça’. Aí, mandou uma lista da nomeação pro meu gabinete. Essa foi a conversa que ele manteve com a minha chefe de gabinete, para que encaminhasse o primo dele e outra pessoa que ele indicou para que trabalhasse no meu gabinete”, continuou Pauo Victor.

Na sequência, ele relata que o promotor pediu mais cargos para não avançar com as investigações.

“Vocês não tem noção do que eu passava. De manhã, de tarde e de noite. Chegava a me ligar às sete horas da manhã”.

“Coloquei duas pessoas indicadas pelo promotor para trabalhar no meu gabinete. Nunca apareceram para trabalhar. […] passou-se fevereiro, março, abril. Quando chegou maio, ele me pediu uma audiência aqui na Casa. Recebi ele em meu gabinete. […] Nessa audiência, ele não satisfeito com o que já havia me consumido, ele me pediu mais cargos”, disse Paulo Victor, afirmando que negou o pedido e que começou a ser “perseguido” desde então.

Segundo Paulo Victor, o atual secretário de Cultura do Estado, Yuri Arruda, foi convocado a comparecer na Promotoria, para falar sobre “algo relacionado à secretaria”. Na sequência, o vereador relata algo que pode ser considerado grave.

“Logo em seguida [a visita do secretário Yuri], ele mandou um recado para mim. Abriu a tela do computador e mostrou foto da minha esposa, minha, do meu filho e a frente da minha casa, dizendo que eu estava sendo investigado pelo Gaeco e que eu iria pegar uma busca e apreensão. À época, o secretário Yuri me relatou o fato, […] me mandou uma busca e apreensão forjada. Esse foi o momento em que eu realmente rompi qualquer tipo de comunicação com este promotor. […] A partir do momento que não mantive mais contato algum com este promotor, começaram-se as perseguições diante desta Casa e com alguns vereadores”.

Paulo Victor disse, ainda, que recebeu um print enviado pelo promotor, questionando pagamentos que não foram efetuados.

“Situação complicada essa! Fiz despesa contando com o salário”.

A mensagem acima teria sido enviada ao promotor por uma das pessoas colocadas por ele no gabinete de Paulo Victor e, posteriormente, encaminhada ao vereador.

Sem respostas de Paulo Victor, no dia 30 de julho, o promotor teria encaminhado ofícios aos vereadores Francisco Chaguinhas, Marcial Lima (duas vezes), Umbelino Júnior (duas vezes), Aldir Júnior e Edson Gaguinho, pedindo prestação de contas em nome do Clube “Força do Amor”.

“Está claro que ali começava uma condução maligna para que se perseguisse os vereadores dessa Casa, para que se montasse uma operação para acabar com a reputação deste poder”.

Paulo Victor continua, dizendo que uma nova operação está sendo preparada e ele seria um dos alvos.

“Quarenta dias atrás, recebi a informação dos meus advogados, que teria outra ação contra esta Casa, contra demais vereadores e os mesmos que outrora foram mencionados e arrolados dentro dessa perseguição, com uma atenção especial, envolvendo o presidente da Câmara Municipal de São Luís. Essa ação pedindo prisão, busca e apreensão, perda do mandato e sequestro de bens”.

“Está em aberto uma busca e apreensão com pedido de sequestro de bens para os mesmos vereadores, ademais, incluindo a mim”.

“Esta semana, me chegou medida que eu teria surpresa pelos próximos dez dias. Que ele estaria pegando uma emergencial que foi feita na [Secretaria de Estado da] Cultura, enquanto estava secretário e que lá eu ia pegar uma busca e apreensão, prisão e etc”.

“Hoje, eu entrarei com um pedido para que o promotor Zanony se afaste de toda e qualquer investigação e que o CNMP [Conselho Nacional do Ministério Público] participe desta ação que está sendo movida contra a Casa, contra alguns vereadores e contra mim”.

“Esta defesa que eu faço não é contra o Ministério Público, que é formado por homens e mulheres boas [sic]. Mas é contra um promotor de justiça chamado Zanony Filho”.

“Isso não é um ato de coragem. É um ato de desespero, porque só Deus e minha família sabem o que eu tô passando nos últimos 90 dias”.

“Mando, via expediente também, para o presidente do Tribunal de Justiça [do Maranhão, desembargador Paulo Velten], esta medida, o que estamos fazendo. Dois habeas corpus que foram impetrados tanto no Tribunal de Justiça como na Vara [não menciona qual]”.

Paulo Victor disse que tudo que apresentava estava relacionado a questões técnicas, mas que “em momento oportuno, traremos as consequências políticas”.

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