ANTIGA SEDE O IMPARCIAL

Palacete da Rua Formosa será o primeiro Museu de Azulejos do Brasil

O local serviu de sede para o jornal “O Imparcial”

A restauração do Palacete da Rua Formosa é um projeto conduzido pela Prefeitura de São Luís - (foto: reprodução)

Em uma visita às obras de restauração do icônico Palacete da Rua Formosa (Afonso Pena, nº 46), nesta quinta-feira (30), o prefeito Eduardo Braide anunciou que o local está destinado a se tornar o primeiro Museu de Azulejos do Brasil. A iniciativa promete enriquecer ainda mais o patrimônio histórico da capital maranhense, peça fundamental no Centro Histórico de São Luís.

“Restaurar este palacete representa um reconhecimento essencial da história de nossa cidade. Sabemos que São Luís é conhecida como a ´Cidade dos Azulejos´, e agora, essa obra marca a criação do primeiro Museu do Azulejo do Brasil, consolidando ainda mais a memória arquitetônica de São Luís, que é uma referência para o Brasil e para o mundo”, destacou o prefeito Eduardo Braide.

Prefeito Eduardo Braide em visita às obras de restauração do icônico Palacete da Rua Formosa – (foto: reprodução)

A restauração do Palacete da Rua Formosa é um projeto conduzido pela Prefeitura de São Luís, por meio da Fundação Municipal de Patrimônio Histórico (Fumph), em parceria com o Instituto Pedra (SP) e conta com a participação do consórcio Aldrava, composto por duas empresas maranhenses. O financiamento é viabilizado por meio dos recursos da Lei Federal de Incentivo à Cultura, com o patrocínio do BNDES e do Instituto Cultural Vale. Os trabalhos contemplam a restauração completa do imóvel, incluindo a revitalização do sistema estrutural em gaiolas pombalinas, a renovação de pisos, forros, portas e janelas, além da restauração de escadas e demais elementos singulares do prédio. O projeto contempla também ações de acessibilidade para pessoas com mobilidade reduzida.

A iniciativa busca preservar e promover a rica herança cultural da cidade, que é reconhecida como Patrimônio Mundial da Humanidade pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco). O Palacete, legítimo exemplar e um dos poucos remanescentes da arquitetura luso-brasileira que ainda existem integralmente na cidade, é um exemplo vívido da arquitetura que marcou a era e, agora, receberá uma nova vida.

A presidente da Fundação Municipal de Patrimônio Histórico (Fumph), Kátia Bogéa, destacou detalhes sobre a visita técnica realizada nas obras de restauração do Palacete, enfatizando a qualidade refinada do trabalho em andamento, elogiando a participação de uma equipe composta por técnicos qualificados. “Essa é uma das obras mais significativas e importantes de restauração do Centro Histórico de São Luís, que tem um conjunto de quase 6 mil imóveis e, dentro desse conjunto, esse é o exemplar mais notável que a gente tem da arquitetura tradicional portuguesa aqui na cidade. E hoje, nós tivemos a visita do prefeito Eduardo Braide, que está acompanhando as obras sistematicamente, junto com o presidente do Instituto Pedra e todos os envolvidos com a obra. E esse é um trabalho extremamente refinado, com muitos técnicos de altíssimo nível envolvidos nesse trabalho”, informou.

Os trabalhos contemplam a restauração completa do imóvel – (foto: reprodução)

Museu

Os azulejos, comumente utilizados na arquitetura colonial, têm uma presença marcante em São Luís, adornando fachadas de edifícios históricos e contando histórias por meio de seus padrões e cores. O museu planeja exibir uma coleção abrangente, abordando a evolução artística e técnica dos azulejos ao longo dos séculos, além de destacar a relevância cultural e histórica dessas obras de arte.

Além das exposições permanentes, o Museu de Azulejos do Palacete da Rua Formosa também sediará eventos culturais, palestras e atividades educativas, proporcionando uma experiência imersiva aos visitantes de todas as idades e de todos os lugares do mundo.

O presidente do Instituto Pedra, Luís Fernando de Almeida, ressaltou que o futuro espaço, com conclusão prevista para 2024, vai oferecer uma compreensão mais aprofundada da evolução global dessa forma de arte, destacando, de maneira especial, a importância histórica de São Luís. “A gente está constituindo um acervo de azulejos do Brasil e do mundo todo também, pensando na origem do azulejo desde a Mesopotâmia. Esta obra vai abrigar uma coleção de azulejos para que a gente possa compreender a evolução dessa arte no mundo e como São Luís é importante dentro dessa dimensão da história do azulejo no mundo”.

A proposta de utilização para o imóvel é particularmente significativa, considerando que o edifício, em si, é um exemplo representativo da arquitetura predominante na capital nos séculos XVIII e XIX, e que, após restauro se transformará em novo polo cultural e turístico no Centro de São Luís, oferecendo um atrativo adicional para a visitação pública.

Para o subprefeito do Centro de São Luís, Maurício Itapary o novo prédio contribuirá para “dinamizar e movimentar ainda mais o Centro da nossa cidade, oferecendo um novo impulso à vida cultural e turística local”.

O Palacete

O Palacete da Rua Formosa, de propriedade do Município desde 1992, foi construído seguindo os padrões do sistema construtivo pombalino, com apurada técnica construtiva e reflexo do próspero momento econômico vivido pelo Maranhão em que São Luís acumulou riquezas da exportação de algodão, arroz e açúcar. O imóvel é datado de 1829 e teve seu térreo utilizado para fins comerciais, sendo os pavimentos superiores destinados para residência de famílias nobres até 1859.

O local também serviu de sede do Colégio Nossa Senhora da Soledade (1860-1862), abrigou o Hotel Central da capital (1867-1869), foi sede de clube familiar e, na década de 1870, passou a ser residência da Família do Comendador Leite (1867-1869), quando passou a ser denominado de Solar dos Leites. Sediou ainda o Tribunal de Justiça do Maranhão por 10 anos (entre 1911 e 1921). Após ter sido comprado por Assis Chateaubriand, de 1945 a 1966 foi ocupado pelos Diários Associados e, por um período de 44 anos, abrigou o jornal “O Imparcial” (1967-1992).

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