O jogo do bicho faz parte da cultura brasileiro. Criado no Rio de Janeiro em 1892, é conhecido até hoje por pessoas de diferentes regiões e classes sociais. Apesar disso, ele não é permitido. Aliás, apenas na Paraíba o jogo tem a cobertura do governo, e as bancas têm licença da loteria estadual chamada de Lotep.

Ao que parece o popular jogo do bicho pode ver sua história mudar em breve. Está tramitando no Congresso um projeto que visa regulamentar algumas práticas que hoje são ilegais. A expectativa é que as normas sejam aprovadas para também trazer benefícios para toda a sociedade.

Quais são os argumentos a favor da descriminalização

Para entender melhor o jogo do bicho é preciso voltar à história. Como visto, a prática surgiu ainda no século 19, e foi por conta do fundador do Zoológico do Rio de Janeiro, João Batista. Ele desejava aumentar a frequência das pessoas no parque e, por esse motivo, começou a dar prêmios ao visitante que tinha o bilhete com o animal do dia – escolhido aleatoriamente.

A ideia fez tanto sucesso que saiu das grades do zoológico e se tornou uma forma de aposta. Porém, ela não era bem vista pelas autoridades, já que poderia causar dependência nos jogadores que não soubessem a hora de parar.

O que se vê hoje é o jogo do bicho tem resistido ao tempo e, mesmo sendo uma contravenção penal, é jogado por pessoas de todas as partes. Muitos mal entendem o porquê o jogo não é permitido, pois o país permite outras práticas, como a loteria federal, sorteios, etc.

Os defensores da descriminalização alegam que a proibição não tem efeito, uma vez que as pessoas jogam de qualquer forma. Além do mais, no caso de uma legalização, o governo poderia cobrar impostos e utilizar estes recursos para o bem-estar social. Segundo os dados apresentados, o país poderia arrecadar mais de R$ 30 bilhões.

Vale notar que a legalização não seria apenas do jogo do bicho. Na verdade, o assunto começou a ser discutido há 30 anos, no Projeto de Lei 442/91, mas nada foi resolvido. Agora, essa modalidade está sendo analisada com outras, como as apostas esportivas on-line.

Quais são os argumentos contra a descriminalização

As discussões têm tomado bastante tempo, pois não está fácil chegar a um consenso sobre o melhor caminho a tomar. Enquanto parte dos congressista acredita que é possível aproveitar o interesse da população para arrecadar mais, para outros, a prática deve continuar ilegal por não fazer bem aos cidadãos.

Há quem enxergue apenas as pessoas que podem se descontrolar nos jogos. Mas essa pode ser uma maneira de não dar responsabilidade aos jogadores, que podem decidir se querem jogar e quando. Além do mais, existem ainda maneiras de conscientizar a todos sobre os limites que devem ser tomados.

Vale lembrar que anos atrás os Estados Unidos proibiram por completo a produção, venda e consumo de bebidas alcoólicas, durante a chamada Lei Seca. Apesar de agora ser permitido, existem restrições e regras a serem respeitadas, inclusive para que ninguém beba antes de dirigir.

Em outras palavras, os congressistas podem conseguir chegar a um meio termo, que concilie os interesses dos jogadores e ajude os cofres públicos, ao mesmo tempo em que estabelece as regras e educa a população sobre os perigos de jogar demais.

Como é o jogo do bicho na prática

O jogo do bicho se parece com a loteria tradicional, porém, é possível apostar com qualquer valor. Quanto mais apostar, mais pode ganhar se acertar. Por esse motivo, algumas pessoas podem se perder e gastar além do que as condições permitem.

No total, há 25 animais para serem escolhidos, sendo que cada sequência numérica corresponde a um, incluindo avestruz, carneiro e coelho. Como é possível escolher o número a partir do animal, muitos utilizam o que viram em um sonho, por exemplo, um gato, para dar o palpite, e ver se a sorte está ao seu lado.

Por conta das restrições, esse jogo costuma estar disponível em algumas bancas de jornais, e on-line. No local em que fez a aposta é possível verificar se ganhou algo. Caso o projeto de lei seja aprovado, será mais fácil encontrar onde jogar, já que deixará de ser uma contravenção penal.