Plataformizados

Pesquisa aponta que Maranhão possui 27 mil pessoas que trabalham por aplicativo

A população ocupada total no Maranhão, exclusive servidores públicos e militares, trabalhava em média, na semana, 36,7 horas.

Motorista de transporte por aplicativo. (Foto: Divulgação/Paul Hanaoka/Unsplash)

A Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (PNAD) Contínua investigou em 2022, pela primeira vez, o universo de pessoas ocupadas em atividades em que foram utilizadas plataformas digitais de serviços ou de trabalho ou comércio eletrônico bem como daquelas que realizaram trabalho remoto ou teletrabalho.

Segundo a pesquisa, o Maranhão, no 4º trimestre de 2022, possuía 27 mil pessoas que realizavam trabalho por meio de plataformas digitais de serviços ou de trabalho ou obtiveram clientes e efetuavam vendas por meio de plataformas de e-commerce no trabalho principal.

No Brasil, o contingente de pessoas ocupadas, exclusive servidores públicos e militares, era de 87,240 milhões. Do total de 27 mil plataformizados no Maranhão, em 2022, 17 mil utilizavam aplicativos de serviços no trabalho principal. Outros 10 mil se utilizavam de plataformas do tipo comércio.

Média de horas trabalhadas na semana

A população ocupada total no Maranhão, exclusive servidores públicos e militares, em 2022, trabalhava, em média, na semana, 36,7 horas. O trabalhador plataformizado, por sua vez, laborava 42,3 horas. Portanto, 5,6 horas a mais do que a média geral das pessoas ocupadas. A pessoa ocupada não plataformizada tinha uma carga horária semanal igual à média geral dos ocupados: 36,7 horas.

Rendimento médio mensal

O rendimento médio mensal das pessoas ocupadas, exclusive servidores públicos e militares, no Maranhão, foi de R$1.440. Esse valor estava pouco acima do rendimento auferido no trabalho principal dos não plataformizados: R$1.437. Porém, os plataformizados no trabalho principal auferiam rendimento médio mensal acima dos ocupados em geral e dos não plataformizados: R$1.904.

Essa realidade se repetiu no caso do Brasil como um todo, posto que, na média geral, a pessoa ocupada recebia mensalmente cerca de R$2.513, o plataformizado, R$2.645 e o não plataformizado, R$2.510. Enquanto no Maranhão a pessoa ocupada, que usava plataforma digital de serviços/de trabalho para executar seu labor principal, auferia uma renda mensal 32,5% superior ao ocupado que não usava esses recursos digitais na sua atividade principal, no Brasil, a média percentual a favor dos plataformizados era de 5,4%.

À primeira vista, a estatística sobre rendimento médio mensal pode indicar que seja mais rentável efetivamente trabalhar como plataformizado, porém, vale registrar a seguinte observação que tem o Brasil como objeto de análise, mas advertência esta que se encaixa no caso de muitas UFs, inclusive do Maranhão: “Ao comparar os diferenciais de rendimentos entre ocupados plataformizados e não plataformizados, é importante considerar que existem diferenças na composição desses dois grupos quanto ao nível de instrução, assim como em relação às ocupações predominantemente exercidas, especialmente no que se refere à menor proporção, entre os plataformizados, de pessoas sem instrução ou com fundamental incompleto, ou do grupamento de ocupações elementares.”

Trabalho remoto e teletrabalho

Devido aos avanços tecnológicos e à demanda por maior flexibilidade, diminuição de custos e tempo de deslocamento, bem como outros benefícios ou para os trabalhadores ou para os empregadores, o teletrabalho passou a ser mais usual no mundo. A pandemia do covid-19 foi um evento que pode ser considerado como uma espécie de marco no sentido de maior proliferação dessa modalidade de trabalho que, a bem da verdade, já vinha sendo praticada há vários anos. O Brasil se insere nesse contexto de transformações no ambiente de realização de tarefas laborais.

No Maranhão, em 2022, precisamente no 4º trimestre, havia 2,589 milhões de pessoas ocupadas, sendo que 2,550 milhões não estavam afastadas do trabalho por motivo de férias ou licença para tratamento de saúde, por exemplo. É justamente essa composição de 2,550 milhões de pessoas que fizeram parte do conjunto de ocupados que foram investigados pela pesquisa do IBGE com intuito de trazer números à baila sobre trabalho remoto e teletrabalho.

Em relação à taxa percentual de trabalho remoto, dentre todas as UFs, o Maranhão teve a 11ª mais elevada. Os maiores percentuais de pessoas que executaram atividade laboral de modo remoto, foram: Distrito Federal (18,8%), São Paulo (13,8%), Rio de Janeiro (12,5%), Acre (10,4%), Rio Grande do Sul (9,9%) e Paraná (9,8%). Foram justamente essas UFs que tiveram uma taxa de trabalho remoto igual ou superior à média do Brasil (9,8%). As menores taxas de trabalho remoto foram estimadas para Roraima (5,0%), Amazonas (4,8%) e Amapá (4,4%).

Quanto ao teletrabalho, as UFs que apresentaram os maiores percentuais de pessoas ocupadas foram Distrito Federal (16,7%), São Paulo (11,6%), Rio de Janeiro (10,2%) e Rio Grande do Sul (8,4%). Foram justamente essas UFs que tiveram um indicador superior à média do Brasil (7,7%). O Maranhão, com percentual de 4,4% de pessoas ocupadas que realizaram teletrabalho, ocupou a 17ª posição dentre as 27 UFs, ao lado do Pará e do Acre. Na região Nordeste, o Maranhão teve uma taxa de teletrabalho inferior a todas as outras UFs.

Média de horas trabalhadas na semana

Na média, no Brasil, as pessoas ocupadas e que realizaram teletrabalho tiveram uma jornada de horas habitualmente trabalhadas por semana superior a daquelas que não realizaram teletrabalho. A diferença não é tão significativa: 39,7 horas para os primeiros e 39,3 horas para os segundos; 0,4 hora (24 minutos de diferença). Das 27 UFs, em 12 delas esse fato ocorreu. No Rio de Janeiro e em São Paulo, onde estão os dois maiores contingentes de teletrabalhadores do país, quase a metade, 46,8% (3,466 milhões em relação a 7,399 milhões), esse fenômeno aconteceu.

No Maranhão, diferente da média do Brasil, as pessoas ocupadas, exclusive os afastados temporariamente, que realizaram integral ou parcialmente teletrabalho, tiveram uma média de horas habitualmente trabalhadas por semana inferior aos que não realizaram teletrabalho: 35,5 horas frente a 36,2 horas, respectivamente; 0,7 hora a menos (aproximadamente 42 minutos de diferença).

Dentre as 27 UFs, foi no Maranhão que se apresentou a menor carga horária semanal de trabalho das pessoas ocupadas e que se utilizaram da modalidade teletrabalho. As UFs com maiores horas semanais de trabalho em que pessoas ocupadas se valeram da modalidade teletrabalho foram observadas no Mato Grosso (41,3 horas), São Paulo (41,1 horas) e Espírito Santo (40,3 horas).

Rendimento médio mensal

O rendimento médio mensal das pessoas ocupadas que efetivamente se valeram integral ou parcialmente do teletrabalho no Brasil, em 2022, foi 2,7 vezes superior ao daquelas que não usaram o teletrabalho: R$6.479 face a R$2.398. O rendimento médio mensal geral, teletrabalhadores e não teletrabalhadores, foi de R$2.714.

No caso do Maranhão, a diferença a favor dos teletrabalhadores também ocorreu, embora em patamar pouco menor: 2,4 a mais. Enquanto teletrabalhadores no Maranhão auferiram renda mensal de R$3.843, os não teletrabalhadores, R$1.577. O rendimento médio mensal recebido das pessoas ocupadas no Maranhão, em 2022, na média geral de teletrabalhadores mais os não teletrabalhadores, foi de R$1.677.

O rendimento médio mensal proveniente do trabalho no Maranhão, na média geral, independente se teletrabalhador ou não, e no caso dos teletrabalhadores foi menor dentre as 27 UFs. Quanto, porém às pessoas ocupadas não utilizadoras da modalidade teletrabalho, o rendimento médio mensal recebido no Maranhão foi superior apenas à UF do Ceará.

Teletrabalho no domicílio e fora do domicílio

Vale esclarecer que o teletrabalho pode ser executado no domicílio ou em outro local, como café, espaço de coworking (desde que não esteja sob controle do empregador ou do cliente), hotel etc. Por isso, uma parte das pessoas que executaram teletrabalho o fizeram ou no domicílio ou fora do domicílio. Ademais, uma pessoa pode ter realizado uma parte do teletrabalho em domicílio e outra parte fora do domicílio. Nada impede que isso aconteça.

No Maranhão, de 112 mil teletrabalhadores, 101 mil realizaram sua tarefa no domicílio. Houve quem realizasse fora do domicílio, 18 mil ao todo, e aquelas que realizaram no domicílio e fora do domicílio dentro do período de referência foram no total de 7 mil.

Quando se compara média de horas trabalhadas semanalmente entre pessoas que executaram suas tarefas na modalidade teletrabalho no domicílio e aquelas que executaram teletrabalho, mas não no domicílio, a diferença, em nível de Brasil, é mínima: 39,7 horas e 39,3 horas, respectivamente. No Maranhão, deu-se o inverso, a média de horas habitualmente trabalhadas dos que realizaram teletrabalho no domicílio foi inferior a daquelas pessoas ocupadas que se utilizaram da modalidade teletrabalho, mas sem ser no domicílio: 35,4 horas e 36,2 horas (diferença de 0,8 h, cerca de 48 minutos a maior para os últimos). Em 15 UFs, o que ocorreu no Maranhão se repetiu.

Em relação ao rendimento médio mensal dos teletrabalhadores no domicilio, em geral, foi maior que o observado para o total de teletrabalhadores, entretanto sem diferenças significativas. No Brasil, o rendimento dos primeiros foi de R$6.567, ao passo que os do segundo foi de R$6.474: 1,36% a mais. Para o Maranhão, os valores foram de R$3.928 e R$3.843: 2,21% a mais.

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