No mundo da música, o dia 11 de outubro não tem como passar despercebido. A data marca o dia de nascimento de Angenor de Oliveira, mais conhecido como Cartola, e de João Batista do Vale, o João do Vale. Na mesma data, falecia Renato Manfredini Júnior, o Renato Russo.

Cartola

Nascido em 11 de outubro de 1908, no Rio de Janeiro, Cartola é ainda um dos principais compositores da história da música brasileira. Também foi cantor, poeta e violonista, mas nenhuma atividade sua foi mais destacada que a criação de letras e melodias. Cartola é autor de sucessos que permeiam a audição aguçada dos amantes da boa música. “As Rosas não Falam”, “O Mundo É um Moinho” e “Alvorada” são apenas algumas das composições criadas por este carioca nascido no bairro do Catete, que cresceu no bairro de Laranjeiras, amadureceu no Morro da Mangueira e é considerado por diversos músicos e críticos musicais como o maior sambista da história da música brasileira.

O apelido “Cartola” veio quando trabalhou como servente de obra e tinha o costume de usar um chapéu-coco para se proteger do cimento que caía de cima.

Tendo feito amizade com muitos sambistas (entre eles, Carlos Cachaça), Cartola criou o Bloco dos Arengueiros, que foi o embrião para o surgimento da Estação Primeira de Mangueira em 1928.

O primeiro samba da escola, “Chega de Demanda”, foi de autoria dele e ajudou a popularizar as composições de Cartola, que foram gravadas por vozes ilustres como Araci de Almeida, Carmen Miranda, Francisco Alves, Mário Reis e Sílvio Caldas.

Cartola faleceu no Rio de Janeiro, no dia 30 de novembro de 1980, deixando esposa, a conhecida Dona Zica da Mangueira, e uma legião de admiradores.

João do Vale

Este maranhense da cidade de Pedreiras, nasceu em 11 de outubro de 1934. Cantor e compositor, de origem humilde, João do Vale tomou gosto pela música muito cedo. Em 1947, se mudou para São Luís, mas, só em 1964, estreou como cantor.

Como compositor, seus principais trabalhos são: “Carcará” (parceria com José Cândido e imortalizada na interpretação de Maria Bethânia), “Peba na Pimenta” (com Adelino Rivera) e “Pisa na Fulô” (com Ernesto Pires e Silveira Júnior).

A trajetória profissional de João do Vale foi construída na estrada. Indo para o sul, pegou um trem para Teresina (história que deu origem a outra grande composição), de onde seguiu Brasil a fora, até chegar no Rio de Janeiro, em dezembro de 1950. Na capital fluminense, se empregou como ajudante de pedreiro, numa obra no bairro de Ipanema. Paralelo a isso, começou a frequentar programas de rádio para conhecer os artistas e apresentar suas composições, na maioria baiões. Depois de dois meses de tentativas, teve uma música de sua autoria gravada por Zé Gonzaga, Cesário Pinto, que fez sucesso no Nordeste. Em 1953, Marlene lançou, em disco, Estrela miúda, que também teve êxito; outros cantores, como Luís Vieira e Dolores Duran, gravaram então músicas de sua autoria.

João do Vale conheceu o diretor de cinema Roberto Farias, que convidou o compositor para musicar alguns de seus filmes, como “No Mundo da Lua”, de 1958. Em 1969, ele compôs a trilha sonora de “Meu Nome é Lampião”, de Mozael Silveira.

Um fato interessante é que João do Vale foi frequentador do Zicartola, restaurante popular criado pelo outro aniversariante do dia.

João do Vale partiu no dia 6 de dezembro de 1996, em São Luís.

Renato Russo

Nascido no Rio de Janeiro, em 27 de março de 1960, Renato Russo foi um cantor, compositor, produtor e multi-instrumentista brasileiro, célebre por ter sido líder, vocalista e fundador da banda Legião Urbana. Pela banda, lançou oito álbuns de estúdio, cinco álbuns ao vivo, alguns lançados postumamente e diversos contos. Gravou ainda três discos solo e cantou ao lado de Herbert Vianna, Adriana Calcanhotto, Cássia Eller, Paulo Ricardo, Erasmo Carlos, Leila Pinheiro, Biquini Cavadão, 14 Bis e Plebe Rude.

Renato Russo também foi professor de língua e literatura inglesa, repórter e apresentador de programa de rádio. Algumas de suas principais composições são “Ainda É Cedo”, “Angra dos Reis”, “Eduardo e Mônica”, “Faroeste Caboclo”, “Geração Coca-Cola”, “Índios”, “Monte Castelo”, “O Teatro dos Vampiros”, “Que País É Este” e “Tempo Perdido”.

Os discos solos de Russo ganharam boa repercussão. “Equilíbrio Distante” foi um compilado de músicas em italiano, enquanto que “The Stonewall Celebration Concert” destacou sucessos em inglês.

Renato morreu aos 36 anos de idade, devido as complicações causadas pela AIDS, em 11 de outubro de 1996. Ele teria revelado a amigos que se infectou com o HIV após se envolver com uma pessoa portadora do vírus que conheceu em Nova Iorque, em 1989.

Em outubro de 2008, a revista Rolling Stone Brasil colocou Renato como o 25º maior artista da Música Brasileira, em uma lista com 100 nomes.