411 anos

São Luís: Entre a tradição e a modernidade

O processo de modernização da capital maranhense fez dela uma cidade com características territoriais distintas: aquelas da velha e da nova São Luís.

O bairro da Ponta d’Areia começou a se expandir em meio aos vazios demográficos, que anos mais tarde se tornariam condomínios de alto padrão de luxo, como é o caso da Península. (Foto: Reprodução)

O Centro Histórico de São Luís reúne cerca de quatro mil imóveis tombados pela União e mantém o traçado urbano do século XVIII. O local é formado de conjuntos homogêneos de arquitetura civil, remanescentes dos séculos XVIII e XIX.

Passear pelo Centro Histórico, pelas suas ladeiras, ruas, becos e vielas, olhar para cima e ver os casarões antigos é experienciar São Luís e seu casario distribuídos por mais de 220 hectares, tombados como Patrimônio Mundial da Humanidade pela Unesco desde 1997.

Os casarões seculares, em sua maioria, revestidos de azulejos portugueses pintados à mão, compõem um dos mais importantes conjuntos arquitetônicos da América Latina.

Formado pelos bairros da Praia Grande e Desterro, a região concentra museus, centros de cultura, teatros, cinema, bares, restaurantes, feiras, lojas de artesanato, instituições de ensino. Estão ali também praças, becos, fontes, escadarias, ladeiras e algumas das mais belas ruas da parte histórica da cidade, como as Ruas Portugal, da Estrela, do Giz.

O Palácio dos Leões, sede do governo estadual, a Prefeitura de São Luís, a Catedral da Sé, o palácio Episcopal, o Teatro Arthur Azevedo, entre órgãos públicos, são algumas das edificações que fazem parte da história dos anos de ouro, levantadas pelo comando dos senhores que comandavam a produção de algodão na região. Os solares e sobrados representam o apogeu econômico da cidade.

Foi do Centro que a cidade começou a se expandir. Há 25 anos como Patrimônio Cultural Mundial pela Unesco, por se tratar de uma cidade histórica viva, é um exemplo de adaptação às condições climáticas da América do Sul equatorial.

O conjunto delimitado pelo perímetro do tombamento federal, possui imóveis de grande valor histórico e arquitetônico, a maioria civil, construídos do período colonial e imperial com características peculiares nas soluções arquitetônicas de tipologia, revestimento de fachadas e distribuição interna.

Nos últimos anos, o programa de revitalização do Centro Histórico de São Luís (feitas pelo IPHAN em parceria com a Prefeitura) tem feito melhorias nas ruas e vias, com modernização no quesito acessibilidade, dentre outros.

Uma nova cidade depois da ponte

Saindo da cidade velha, atravessando as pontes, do outro lado do Rio do Anil está a parte nova de São Luís, onde estão os condomínios luxuosos, shoppings, restaurantes mais sofisticados e a Avenida Litorânea, que margeia as praias principais: São Marcos, Calhau, Olho d’Água e Araçagi.

Algumas praias urbanas estão impróprias para banho, mas a paisagem, o desfile dos navios e o frescor do vento, justificam a visita aos restaurantes e barracas de praia. Os moradores costumam fazer corrida e caminhada no início da manhã e final da tarde. Também nesta área está a Lagoa da Jansen, que tem vários restaurantes e bares em seu entorno.

A pesquisa “A nova São Luís: um estudo da modernização urbana e territorial da faixa litorânea da cidade de São Luís (1990 – 2010)”, da economista e mestre em desenvolvimento sócio espacial e regional, Andrea Silva Ribeiro retrata as transformações e os reflexos sofridos pela capital maranhense com o processo de modernização que, consequentemente, fez dela uma cidade com características territoriais distintas: aquelas da velha e da nova São Luís. 

“As diferenças entre a nova e a antiga São Luís são percebidas pelas peculiaridades de uma cidade refletida no passado, expressa em seus casarões históricos e nas casas térreas, e que são contrapostas por edificações modernas e estruturadas para um mercado consumidor de alta renda. Primeiramente, foi feita uma ponte sobre o Rio Anil e que não mudou nada, mas o advento daquela área até pela questão da urbanização, do loteamento da área aconteceu nos anos 1970, quando foi terminada em 1969 a construção da ponte do São Francisco. A expansão da cidade mudou, principalmente, quando se trata do litoral, ela se expandiu para o norte”, explicou a economista.

1970: projeto de urbanização realizado por Haroldo Tavares

Foi a partir da década de 1970 que um projeto de urbanização realizado na gestão do então prefeito da capital Haroldo Olympio Lisboa Tavares, deu início ao formato que vemos hoje.

Mas foi no final dos anos 1980, início de 1990 que, com a expansão da cidade, chamada “cidade nova” a Ponta d’Areia se tornou alvo das imobiliárias.

Com o avanço da cidade em direção às praias e o desmatamento das matas ciliares ao redor da Laguna da Jansen, o bairro da Ponta d’Areia começou a se expandir em meio aos vazios demográficos, que anos mais tarde se tornariam condomínios de alto padrão de luxo, como é o caso da Península da Ponta d’Areia.

O local é hoje um dos lotes de terra (metros quadrados) mais caros de São Luís, com apartamentos que chegam a custar 4 milhões.

Com a última revitalização urbana realizada pelo governo do estado e prefeitura, a construção do Espigão Costeiro, a reforma do Forte Santo Antônio, entre outros atrativos, o belo cartão postal de São Luís se tornou ainda mais alvo de preferência de quem quer passear, fazer um piquenique, praticar esporte, ou apenas ver o pôr do sol.

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