PREDESTINADO

Rafael, o iluminado nas grandes decisões do MAC

Ele mudou a história do jogo contra a Tuna e repetiu o que já havia feito diante do Moto

Rafael foi campeão maranhense 2023 com o MAC - (foto: Hiago Ferreira/MAC)

Ser herói representa ter coragem e ação num momento crucial. Um termo atribuído àquele que executa ações excepcionais, com bravura, em busca de soluções para momentos difíceis. No futebol, herói é também aquele que desempenha uma atitude não egoísta, mas decisiva para o sucesso coletivo de um grupo. Já o predestinado está reservado para situações especiais e importantes.

O Maranhão Atlético Clube teve este ano duas decisões com as mesmas características e a participação de um herói. Seu nome: Rafael, aquele que saiu do banco de reservas no segundo tempo, para mudar a história dos jogos e levar a decisão para disputa de cobranças da marca penal, curiosamente, pelo mesmo placar: 5 a 4, contra o Moto Club na conquista do Estadual-2023, e diante da Tuna Luso, em Belém do Pará, na classificação para a terceira fase da Série D do Brasileiro.

No duelo disputado no último domingo (6) entre MAC e Tuna Luso, o iluminado Rafael saiu do banco outra vez para fazer justiça no placar em favor da equipe que dominava o adversário, mas a bola não balançava as redes por conta das defesas espetaculares de outro Rafael, um xará que vestia a camisa do time paraense.

Decorriam 35 minutos quando Daniel Passira deslocado para o lado direito, ganhou da zaga tunante e, de cabeça, serviu ao jovem de 22 anos que (de sem pulo) mandou uma bomba pelo alto, indefensável, fazendo 1 a 0 e silenciando o antigo estádio da Tuna, que ali ainda não havia perdido neste Brasileiro.

O MAC teve a chance de definir sua sorte e fazer o segundo gol, que garantiria a classificação, no pênalti cobrado aos 50 minutos por Rodriguinho, mas o goleiro defendeu, porque estava escrito que a cena idêntica acontecida no dia 26 de março, diante dos motenses, teria que ser repetida. Então, a decisão foi para os tiros penais, e aí sim, mais uma histórica vitória do Demolidor de Cartazes, agora contando com a estrela reluzente do jovem maranhense Rafael.

Ele quase desiste de jogar futebol

Maranhense, nascido no bairro Cidade Olímpica, filho de um vigilante (Francisco Carlos) e da dona de casa Maria dos Santos, Rafael Teixeira do Nascimento, 22 anos, nem sempre passou por momentos de alegria em sua carreira profissional. Ainda criança de 8 anos de idade começou a sonhar em ser jogador de futebol, mas teve de ralar muito, quando foi crescendo para conseguir ganhar espaço e credibilidade em quem apostou no seu talento. Entre os 12 e 13 anos vestiu camisas de clubes amadores e passou a ser observado por olheiros quando mais tarde defendeu a Ponte Preta do bairro São Cristóvão.

Aos 16 anos, Rafael foi levado por um empresário para o Ferroviário de Fortaleza, onde fez a base. Suas destacadas atuações o levaram a uma avaliação no Santos-SP, em 2018, onde foi aprovado, mas quando estava pronto para disputar a Copa São Paulo de Futebol Júnior, sofreu uma séria contusão e ficou de fora. Teve de ser submetido a uma cirurgia e, bastante chateado, resolveu voltar um ano depois a seu estado de origem, o Maranhão. Antes, esteve também no Atlético Cearense e no Sub-20 do Pague Menos. Por conta da pandemia que impediu vários clubes de continuarem em atividade, retornou a São Luís.

Disputou a Série B do Campeonato Maranhense pelo Tupan e seu bom desempenho, mereceu a atenção do diretor de futebol do MAC, Evandro Marques e do olheiro Pipoca, que o levaram para o Parque Valério Monteiro, segundo informou. Foi aprovado na avaliação e assinou contrato. Ali começava a nova fase de uma carreira profissional que esteve ameaçada de ser interrompida, pois houve momentos em que ele chegou a pensar em desistir.

“Meus pais foram os grandes motivadores, pagavam minha passagens para os treinos. Minha mãe, principalmente. Davam prioridade. Meu pai me acompanhava nos jogos, sempre ia me incentivar, mas mesmo assim, cheguei a pensar em desistir, antes de ir para o Tupan. Já estava pensando em trabalhar em outra profissão. Estava desanimado com o futebol, porque o tempo passava e eu não ganhava nada, mas quando fui para o MAC é que minha cabeça ficou outra. Então, comecei a acreditar no futebol novamente. Em menos de um ano, Deus fez coisas maravilhosas na minha vida, consegui ser campeão do Estadual, o acesso para a Série B e estamos aí fazendo história na equipe do MAC”.

Ao relembrar os dois momentos em que contribuiu para decidir jogos em favor do Maranhão Atlético Clube, Rafael ainda emocionado relatou à reportagem de O IMPARCIAL:

“Ainda não caiu a ficha. Realmente, foram muitas emoções que não vou esquecer nunca. Só tenho que agradecer a Deus e a meus pais por tudo o que aconteceu de positivo na minha vida nesta temporada, até o momento”.

Sabedor de que alguns olheiros já estão dispostos a fazer-lhe uma proposta para se transferir para uma equipe capaz de pagar melhores salários, ele reagiu:

“Realmente, espero um futuro melhor, para mostrar meu futebol e conquistar uma situação financeira mais condizente com aquilo que merecer, além de ajudar os meus pais, porém, no momento estou focado apenas no MAC e nas outras decisões que temos pela frente. Depois disso, quando finalizar meu contrato, aí sim, posso falar com mais segurança sobre este assunto”.

E finalizou afirmando que mesmo tendo atuado no centro do ataque, também já jogou pelas lados do campo.

“Se for chamado para atuar nessa função não vou estranhar, pois jogo também pelas beiradas, mas como me chamaram para jogar mais centralizado, aceitei e graças a Deus cumpri meu papel com dedicação e fiz gols importantes”.

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PERFIL

Nome: Rafael Teixeira do Nascimento
Naturalidade: Maranhense, nascido na Cidade Olímpica (São Luís)
Estatura: 1,75m
Idade: 22 anos
Clubes por onde passou: Ponte Preta (São Cristóvão), Ferroviário-CE, Santos-SP, Tupan e Maranhão Atlético.
Residência: Cidade Olímpica (São Luís)

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