Dia Internacional dos Povos Indígenas é celebrado com a 5ª edição do Indígenas.BR
Festival de músicas indígenas do Centro Cultural Vale Maranhão inicia sua nova edição no dia 9 de agosto.
As musicalidades indígenas refletem uma forma de existir e perceber o mundo. São tradições orais formadoras da cosmologia, dos rituais, narrativas mitológicas e situações cotidianas. O envolvimento com os autores dessas músicas é elemento fundamental para se criar pontes e diálogos, além de oferecer o adentramento e partilha do complexo universo cultural indigena.
Diante disso, o Centro Cultural Vale Maranhão realiza de 9 a 12 de agosto, a 5ª edição do Indigenas.BR – Festival de Músicas Indígenas. Com curadoria de Djuena Tikuna e Magda Pucci, o evento traz, a cada edição, cantos, histórias, ancestralidades e diferentes tradições sonoras e perspectivas estéticas.
Serão apresentações, oficinas, exibições de documentários inéditos e momentos de troca de saberes entre lideranças espirituais de diferentes povos e, também, entre artistas da cena musical contemporânea indígena.
“A cada edição do festival Indigenas.BR, galgamos mais espaço de representatividade e voz ativa para as diversas etnias que sustentam cotidianamente a cultura e preservação do país. O espaço do festival coloca em evidência outras formas de existir pautadas na manutenção da vida. O encontro tem ganhado importância para o avanço das pautas indígenas e para a formação de um novo olhar sobre a diversidade, sustentabilidade e originalidade da cultura, entre outros aspectos urgentes que apontam para o futuro”, afirma Gabriel Gutierrez, diretor do Centro Cultural Vale Maranhão.
Documentários inéditos de povos maranhenses
Compondo a programação, se encontrarão no pátio do CCVM as mulheres Krikati (MA), músicos rionegrinos do Grupo Bayaroá (AM), cantantes do grupo Okaragwyje Taperendy do povo Guarani Kaiowá (MS), além dos Warao, grupo indígena venezuelano em processo de retomada cultural de suas tradições.
“Abrir os ouvidos para as diferentes tradições sonoras indígenas é um dos principais objetivos do Festival. Nós temos dificuldade em compreender as musicalidades dos 305 povos indígenas que vivem no Brasil. Sendo falantes de mais de 200 línguas, já é possível imaginar a grande diversidade sonoro-linguística que cada canto traz com fonemas que sequer conseguimos pronunciar corretamente. E quando nos voltamos para a escuta atenta dessas vozes, percebemos que não conhecemos nada desse país multicultural que é o Brasil”, reforça Magda Pucci, curadora do Festival.
Haverá também a participação dos Guardiões da Memória do projeto Vidas Indígenas Maranhão, realizado pelo Museu da Pessoa com patrocínio do Instituto Cultural Vale, que formou jovens dos povos Ka’apor, Awa-Guajá e Guajajara em audiovisual e realizou ações de preservação e divulgação de histórias de vida da comunidade.
Os guardiões ministrarão uma oficina que convida os participantes a preservarem suas memórias através da contação de histórias. Os documentários produzidos no projeto serão expostos durante o festival em uma instalação no CCVM.
Dois documentários inéditos, produzidos pelo CCVM, estreiam no festival: Os Warao de Upaon-Açu, dirigido porPriscila Tapajowara e Carlos Magalhães, e Wyty: Os cantos de resistência Gavião Pykopjê, dirigido porDjuena Tikuna, Diego Janatã e Vinicius Berger.
O primeiro acompanha os Warao, povo originário da região do Delta do rio Orinoco, na Venezuela, que desde 2019 vive na Grande Ilha de São Luís, principalmente na cidade de São José de Ribamar. O segundo apresenta um dos ritos de iniciação responsáveis por manter viva a tradição Gavião Pykopjê de cantos como herança para as novas gerações, para que se mantenham sempre em alegria.
Shows de artistas da cena musical indígena contemporânea e encontro de lideranças espirituais
O festival proporciona o encontro de musicalidades tradicionais de povos originários com artistas de novas gerações, que mesclam sonoridades ancestrais a tecnologias. Ian Wapichana com participação de Brisa Flow e Guildy Blan trazem para o festival a contemporaneidade e refletem sobre o papel da música como arma de luta e resistência.
Além das apresentações musicais, o festival proporciona oficinas e rodas de conversa com integrantes dos grupos participantes, gerando um espaço de reflexão e contato direto com as formas de fazer música desses povos. Nas conversas abertas, haverá tanto a presença de lideranças espirituais na Casa do Saber assim como de jovens músicos para discutir sobre a cena da música indígena contemporânea.
“Para nós, o Indígenas.BR já está no calendário cultural dos grupos e fazedores de cultura indígena, não só da região amazônica, mas de todo o país. É um grande encontro, feito para mostrar a força de nossa cultura, que é orgânica, futurista, ancestral e contemporânea”, conta a jornalista, cantora e curadora do festival, Djuena Tikuna.
Toda a programação é gratuita. O Centro Cultural Vale Maranhão fica localizado na Rua Direita, nº 149, Centro Histórico de São Luís. Para mais informações, acesse o site ou nas redes sociais @centroculturalvalemaranhao.
Programação Completa
9 de agosto
16h – Conversa Aberta: Histórias de Vidas Indígenas (Museu da Pessoa)
19h – Abertura com as curadoras Djuena Tikuna e Magda Pucci
20h – Apresentação de Djuena Tikuna e de representantes Guajajara, Awá Guajá, Ka´apor
10 de agosto
10h – Oficina: Conte a Sua História, com Guardiões da Memória Awá-Guajá, Guajajara e Ka’apor
16h – Conversa Aberta: Casa do Saber Mba’ekuaa, com Justino Melchior (Tukano/AM), Terezinha Aquino (Guarani Kaiowá/MS), Irene Gavião (Gavião/MA), Ercilia Perez e Carmen Torres (Warao/Venezuela/MA). Mediação: Paola Gibram (SP)
19h – Apresentação Grupo Bayaroá (AM)
20h – Estreia Documentário Os Warao de Upaon-Açu e bate-papo com os realizadores Priscila Tapajowara e Carlos Magalhães.
21h – Apresentação Warao Indígena Jojomo Venezuelano (Venezuela/MA)
11 de agosto
10h – Oficina: Música do Rio Negro – Justino Melchior (Tukano/AM)
16h – Conversa Aberta: Música Indígena Contemporânea com Eric Terena (AM), Ian Wapichana (RR/SP), Guildy Blan (AM), Djuena Tikuna (AM) e mediação de Brisa Flow (SP)
19h – Apresentação Ian Wapichana (RR/SP), participação especial Brisa Flow
20h – Apresentação Guildy Blan Tikuna (AM)
12 de agosto
10h – Oficina Os cantos que acalentam os encantados e os instrumentos sagrados (AM), com Djuena Tikuna e Diego Janatã
16h – Oficina Cantos Kaiowá com grupo Okaragwyje Taperendy (MS) e lançamento do Dicionário Kaiowá-Português
19h – Apresentação Mulheres Krikati (MA)
20h – Estreia Documentário WYTY: Os Cantos de Resistência Gavião Pykopjê, direção Djuena Tikuna, Diego Janatã e Vinicius Berger
21h – Apresentação Okaragwyje Taperendy – Guarani Kaiowá (MS)
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