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Pesquisa mostra que brasileiros acreditam viver em país racista

51% da população já presenciou atos racistas sendo praticado contra alguém. A cada dez pessoas, seis (60%) consideram que o Brasil é um país racista

(foto: Marcello Casal Jr/Agência Brasil)

Recente pesquisa mostra que nove em cada dez brasileiros acreditam que pessoas pretas são as que mais sofrem com o racismo. Os dados fazem parte da pesquisa “Percepções sobre o racismo no Brasil”, feita pelo Inteligência em Pesquisa e Consultoria Estratégica (Ipec), sob encomenda do Instituto de Referência Negra Peregum e do Projeto Seta (Sistema de Educação por uma Transformação Antirracista).

Para as pessoas entrevistadas, a população preta também sofre com outra mal: a criminalização. 88% delas vêem que essa faixa da sociedade é responsabilizada por crimes – independente do conhecimento da autoria do crime ou não. Os números mostram, também, que é alto o número de casos de racismo contra indígenas (57%) e os imigrantes africanos (38%).

O levantamento contabilizou, ainda, que 51% da população já presenciou atos racistas sendo praticado contra alguém. A cada dez pessoas, seis (60%) consideram que o Brasil é um país racista. Dentro desse aspecto, 44% dos brasileiros acreditam que as desigualdades acontecem por causa da cor, etnia ou raça da pessoa. 29% dos entrevistados acreditam que a classe social determina o grau de desigualdade social.

Detalhando o estudo é possível perceber contradições no que os brasileiros afirmam sobre a conviência com o racismo. Apenas 11% deles reconhecem cometer atos racistas e 10% afirmam trabalhar em instituições racistas. Também é baixo o número que afirma a existência de familiares que praticam racismo (12%), a que identifica pessoas de seu círculo (36%) e a que declara estudar em instituições de ensino em que o racismo está enraizado (13%). A maior proporção diz conviver com as vítimas do racismo (46%).

Segundo os participantes do estudo, o racismo surge, principalmente, por meio da violência verbal, como xingamentos e ofensas (66%). Outras manifestações são o tratamento desigual (42%) e a violência física, como agressões (39%). Pelo que vivenciam, pessoas pretas são as que mais denunciam sofrer racismo, considerando-se a variável raça/cor, o que, destacam os pesquisadores, demonstra que o racismo é mais compreendido a partir da dimensão interpessoal do que da dimensão estrutural.

O estudo tem abrangência nacional e compreendeu 127 municípios das cinco regiões do país. As entrevistas com os participantes foram feitas ao longo do mês de abril.

Polícia

De acordo com a pesquisa, o tratamento que agentes da polícia dispensam à população negra também é diferenciado. Das 2 mil pessoas ouvidas, 79% concordam que a abordagem policial é baseada na cor da pele, tipo de cabelo e tipo de vestimenta, sendo que 63% das pessoas ouvidas concordam totalmente com essa afirmação e 16% apenas parcialmente. Um total de 84% concorda que pessoas brancas e negras recebem tratamentos diferentes por parte da polícia, sendo que 71% concordam totalmente e 13% em parte.

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