Boi de Santa Fé faz apresentações com grupos da baixada em Olinda Nova neste sábado (29)
Participam do projeto somente grupos de bumba-meu-boi da baixada, cujo sotaque é embalado por matracas, tambores-onça e pandeiros pequenos
Os integrantes do Boi de Santa Fé desembarcam. neste sábado (29), na cidade de Olinda Nova, Baixada Maranhense, para interação com os grupos daquela região. A programação, aberta ao público, começa às 19h, na Praça Viva Olinda, com as apresentações culturais dos bois de Santa Fé, União da Turma (Olinda Nova), Linda Joia de São João (Matinha), Boi da Malhada e Boi Desejo do Povo (Cajapió). A iniciativa faz parte da terceira edição do projeto “Raízes do bumba-meu-boi da Baixada”, desenvolvido pelo grupo Unidos de Santa Fé, do amo José de Jesus Figueiredo, o Zé Olhinho, que em 2023 completou 80 anos de idade e mais de 60 de cantoria.
O coordenador geral do projeto, Adriano Andrade, destaca que o objetivo é promover atividades culturais para a população e a interação com grupos locais, além de apresentar o trabalho artístico do boi de Santa Fé para comunidades da região da baixada. O evento tem o patrocínio da Equatorial Energia Maranhão, por meio da Lei Estadual de Incentivo à Cultura e Secretaria de Cultura do Estado do Maranhão e conta com o apoio cultural da Prefeitura e Secretaria de Cultura de Olinda Nova e da Rádio Planície FM.
As atividades do projeto “Raízes do bumba-meu-boi da Baixada: interações artísticas do bumba-meu-boi de Santa Fé nas comunidades da baixada maranhense” já ocorreram nas cidades de Viana e São Vicente Férrer (2018) e Cajapió (2022).
“Nesta terceira edição iremos presentear a cidade de Olinda Nova com um evento de grande expressividade, com uma programação artística diversificada e de valor cultural tanto para a região quanto para os grupos que virão de outros municípios para as apresentações e interações”, lembra Adriano Andrade.
Participam do projeto somente grupos de bumba-meu-boi da baixada, cujo sotaque é embalado por matracas, tambores-onça e pandeiros pequenos, sendo um dos destaques o cazumbá, personagem misterioso que é mistura de homem e animal, veste uma bata comprida, usa careta de madeira ou outro material e carrega um chocalho na mão, divertindo os brincantes e o público.
O Boi Unidos de Santa Fé, como a grande maioria de festas populares nacionais, desenvolve–se em forma de brincada de roda. Inicia o ritual com a entrada dos dois bois, Mãe Catirina, Pai Francisco e os cazumbás na função de “proteção de terreiro’’, seguidos dos índios, índias e baiantes a quem é dada a função de limitar as margens da brincadeira com seus grandes chapéus de penas e fitas, roupas de brilho, matracas e canto de refrões. Também é composto por cantadores e batuqueiros, membros da diretoria e um grupo de apoio.
Boi de Santa Fé – fundando em 1988 por Zé Olhinho, natural de São Vicente Férrer, e seus colegas da Baixada Maranhense, que se estabeleceram em São Luís na década de 50, trazendo para o Bairro de Fátima suas batidas, passos, instrumentos, indumentárias e personagens. Zé Olhinho, brincante de boi desde os 18 anos, idealizou e fundou o Boi de Pindaré II, que mudou de nome para Boi de Santa Fé posteriormente.
Desde o ano 2000, a Associação Cultural do Bumba Meu Boi e Tambor de Crioula Unidos de Santa Fé desenvolve oficinas de percussão, bordados, confecção de chapéus, caretas e batas. Participam basicamente adolescentes do Bairro de Fátima, e muitos atualmente compõem os cordões do bumba-boi e também auxiliam na confecção de vestimentas, instrumentos e outros adereços para as apresentações culturais do grupo.
O grupo, que mantém desde o início sua sede e barracão no Bairro de Fátima, possui oito CDs, um DVD, além de participação em outros discos gravados. Participa intensamente das festividades culturais do Maranhão, com destaque para as festas juninas, com apresentações em arraiais públicos e particulares. Seus brincantes levam a beleza de seu espetáculo, onde a batida das matracas e dos pandeirões são fortes e vibrantes, soando com altivez, harmoniosas toadas. Em agosto de 2022 fez participação especial na novela Travessia, da Rede Globo.
O mestre Zé Olhinho foi um dos vencedores do 1º e 2º festivais de Toadas do Maranhão (1986 e 1993), idealizados pelo jornalista José Raimundo Rodrigues; e do Festival de Toadas do Maranhão (2006), realizado pelo Sistema Mirante, como melhor toada e melhor intérprete. O amo do Boi de Santa Fé também recebeu o Prêmio de Cultura Popular Duda, do Ministério da Cultura (2007); e a homenagem no prêmio Papete, no Festival de Música do Maranhão (2019), e entre outros reconhecimentos da área cultural.