Defendida sua criação no plenário da Assembleia Legislativa do Maranhão (Alema) pelo deputado Yglésio Moyses, no último dia 11 de maio, a CPI do Futebol, com objetivo de apurar favorecimento pessoal de apostadores e instituições ligadas a esse esporte, por meio de fraudes nos resultados de jogos em nosso estado, depois de aprovada, ainda caminha a passos bastante lentos.

A Comissão Parlamentar de Inquérito tem prazo de 120 dias para conclusão dos trabalhos, mas sequer foi divulgada, até o fechamento desta edição, a lista completa dos deputados indicados pelos blocos partidários.

O próprio autor da proposta, que também é presidente do Moto Club, admite a lentidão: “Eles (os blocos) estão numa velocidade de tartaruga. É diferente de mim, o padrão”, resumiu numa rápida conversa ontem pela manhã com a reportagem de O Imparcial.

Pela seriedade que o assunto está sendo tratado, inclusive em nível nacional, e devido a gravidade das denúncias feitas por Yglesio, há uma grande expectativa sobre a apuração dos fatos, que teriam ocorrido nas disputas de competições regionais.

Ele citou na ocasião o resultado do jogo MAC e São José, cujo placar foi de 7 a 0 em favor do MAC, bem como no jogo de Pinheiro e São José, com resultado de 10 a 2 para o Pinheiro, acrescentando que alguns jogadores, ligados ao Sampaio Corrêa na temporada 2022, estão sendo investigados por envolvimento nessas práticas delituosas.

Também denunciou “indícios de que agentes ligados à arbitragem estariam envolvidos no esquema de venda de resultados”, citando o presidente da Comissão Estadual de Arbitragem, Marcelo Bispo Nunes Filho.

O presidente da FMF,  Antônio Américo, em entrevista a O Imparcial, disse que  todas as denúncias que chegaram ao conhecimento da entidade foram encaminhadas à Polícia, ao mesmo tempo em que  demonstrou  total apoio ao presidente da CEAF.

Ex-Sampaio é suspenso e multado em R$ 100 mil

Os efeitos das investigações conduzidas pelo Ministério Público de Goiás continuam evoluindo. Jarro Pedroso, ex-atleta do Sampaio Corrêa em 2021, jogador do Inter de Santa Maria-RS, foi punido na tarde da última terça-feira (30) com uma suspensão de 720 dias (dois anos) e uma multa de R$ 100 mil pelo Tribunal de Justiça Desportiva do Rio Grande do Sul (TJD-RS), devido à participação em um esquema de manipulação de resultados durante o Campeonato Gaúcho de 2023.

O jogador, segundo ficou apurado pelos investigadores, fez um acordo com apostadores para cometer um pênalti no primeiro tempo de uma partida de clubes daquele estado.

Jarro cumpriu tudo o que havia combinado e cometeu uma falta dentro da área aos 15 minutos da etapa inicial do jogo, que terminou com a vitória do Caxias por 3 a 1. Jarro não enfrentou processo criminal porque admitiu a irregularidade.

Entretanto, no âmbito esportivo, ainda restava a possibilidade de punição. Inicialmente, o julgamento do atacante estava programado para ocorrer na semana passada, em conjunto com o do lateral Nikolas Farias, que foi punido com uma multa de R$ 80 mil e uma suspensão de 720 dias por participar de um esquema similar, envolvendo um pênalti contra o Esportivo no Campeonato Gaúcho de 2023, enquanto defendia o Novo Hamburgo.

No entanto, a defesa de Jarro solicitou mais tempo para elaborar uma estratégia de defesa mais adequada, o que resultou no adiamento do julgamento.

Coincidência

Jarro Pedroso tornou-se conhecido da torcida do Sampaio Corrêa muito mais por uma atitude bizarra do que alguma jogada que tenha proporcionado alegria durante sua curta passagem pelo clube.

Naquele ano, Jarro estava no banco de reservas quando o Tricolor vencia o Vasco da Gama por 1 a 0, no Castelão, dia 9 de outubro de 2021. Pouco tempo depois, aos 53 minutos do segundo tempo, ele abandonou o ataque e deslocou-se para a defesa boliviana, cometendo um pênalti que por muito pouco não estragou a festa tricolor. O meia Nenê cobrou, mas Luiz Daniel defendeu.

Naquele ano já havia desconfiança de manipulação de resultados no futebol, mas as investigações só ocorrem agora. Por isso, Jarro não foi incomodado.  O seu caso não consta das investigações atuais.

Denúncia antiga

Um vídeo de 2021, do ex-jogador do Internacional Rafael Sóbis, voltou a ser compartilhado nas redes sociais. Isto aconteceu porque na época, em entrevista ao canal da jornalista Rica Perrone, ele afirmou que sabia do envolvimento de jogadores em manipulação de resultados, durante a conversa, ao ser questionado sobre a existência de uma relação de apostadores e jogadores, o atleta foi direto na resposta, afirmando que “Acredito. No meu time, não [vi], mas sei que tem”. Na mesma entrevista, o ex-jogador Sóbis afirmou que quem comete tal ato, “tomará que parem na cadeia. Se for atrás, pega um monte de gente”, declarou.

Na época, ele informou que já estava acontecendo este movimento e que inclusive alguns companheiros atualizam páginas de jogos para ver se determinada situação aconteceu e de que, em antes de algumas partidas, jogadores teriam comentado que estava tudo tranquilo e que era só cair na área.

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