Idolatrado, xingado, aplaudido e vaiado, mas fazendo aquilo que sabe e gosta. É assim a vida de goleiro, seja no futebol amador ou profissional. Imaginem como seria o futebol se não houvesse aquele que, enquanto os demais usam os pés, ele faz das mãos sua grande arma, provocando grandes emoções nas praças esportivas de todo o mundo, evitando derrotas e garantindo vitórias do seu clube.

Apesar de tudo, reconhecido como peça de grande importância para o espetáculo, o goleiro também tem seu dia. Hoje, 26 de abril é o Dia do Goleiro. A data é uma homenagem ao nascimento de Haílton Corrêa de Arruda, o famoso Manga, hoje com 84 anos, que brilhou durante quase duas décadas com passagem por grandes clubes do Brasil (Botafogo, Sport, Internacional) e do exterior, e até vestiu a camisa 1 da Seleção Brasileira .

Nos meios esportivos, dizem que ser goleiro é opção daqueles que não levam jeito para jogar com os pés. Nos dias atuais, no entanto, o camisa 1 tem mais habilidade que no passado. Precisa saber usar bem os pés, sair jogando e fazer lançamentos precisos.

Os goleiros muitas vezes são um espetáculo à parte. Em outras ocasiões, chamam à atenção por falhas imperdoáveis e acabam sendo responsabilizados por derrotas inesquecíveis. Mas para Juca Baleia, que brilhou nos grandes clubes maranhenses nas décadas de 80 e 90, ser goleiro é ocupar uma posição que proporciona grande auto estima.

“Nem sempre o goleiro faz esta opção pela posição por não saber jogar. Eu, por exemplo, sou um dos muitos que atuavam no ataque. Na minha infância, era atacante e passei a ser goleiro depois da saída de um companheiro que jogava na frente. Me senti bem, pratiquei grandes defesas, passei a ser titular e daí pra frente me tornei profissional, graças a Deus, muito mais aplaudido do que vaiado, porque dei conta do recado em todos os cubes que defendi”, afirma Juca.

Ele (Juca) lembra que a posição de goleiro é muito difícil.

“Tão difícil que é o único que não tem outro companheiro para defendê-lo quando a bola passa por ele. Mas, sem dúvida, é prazeroso atuar na posição”, acrescenta.

Ex-goleiro Marcial revela jovens talentos

Aposentado do futebol e hoje com 74 anos, Marcial, goleiro que veio da Seleção de Viana para brilhar nos anos 70 e parte de 80 nos grandes clubes da capital maranhense, gostou tanto da posição que tão logo se aposentou decidiu criar uma escolinha especializada apenas na preparação de goleiros. No campo da antiga Aerc, no Turu, com apoio do filho Davi (orientador e administrador da escolinha), ele reúne dezenas de crianças, jovens e até veteranos (dos 6 aos 60 anos) para transmitir sua experiência e orientar as técnicas necessárias a quem decide optar por esta difícil posição em ambos os sexos.

“Aqui preparo goleiros que estão sendo exportados para outros estados.Tenho garotos no Ceará, Santa Catarina, Paraíba e Bahia. E até na Seleção Brasileira tenho uma atleta que foi preparada por nossa escolinha. Chama-se Camila, de 21 anos, considerada a melhor do ano no futebol paulista, atuando pelo Santos. Nosso trabalho é desenvolvido com muita dedicação, porque sabemos da importância do esporte para o futuro destes jovens talentos”, destaca Marcial.

Ele também lamenta que seu trabalho não tenha maior divulgação na mídia local.

“Talvez se eu fosse de outro estado, a divulgação seria muito grande, mas como nasci no Maranhão, quase nada é divulgado a respeito. Mesmo assim, sigo em frente, com muita disposição para preparar os goleiros do futuro, deixando um bom legado para esta geração”, desabafa.

Sobre o dia do goleiro, Marcial considera justa a homenagem, mas alerta aqueles que pretendem ocupar a posição e ser um grande profissional. Acima de tudo, é necessário ter muita dedicação e responsabilidade.

“Quando o goleiro tem boa atuação é aplaudido, mas quando falha é crucificado, vaiado pela torcida. Isso não deve ser motivo para desistências, pelo contrário, o goleiro deve saber que é se dedicando que vai se aperfeiçoar e chegar a seus objetivos, sendo valorizado e fazendo sucesso. É por isso que mesmo estando com esta idade e com saúde tenho muito prazer em estar à frente dessa escolinha, responsável pela formação de vários goleiros que já foram exportados para outros estados”, finaliza Marcial