Reconhecimento

Mulheres que lutam por outras mulheres

O Imparcial conversou com três mulheres empoderadas que contaram como suas carreiras influenciam na luta pelos direitos das mulheres.

Batalhas foram travadas por direitos, igualdade, reconhecimento, muitas foram as conquistas, mas ainda não o suficiente para que a mulher tenha seus direitos assegurados. (Foto: Reprodução)

Geração que olha para a mulher

A Presidente da Comissão da Mulher e da Advogada da OAB Maranhão Nathusa Chaves (foto abaixo), nos conta que as mulheres já nascem e crescem defendendo o direito de ser e de existir, conquistando e alargando os espaços de atuação.

Há 15 anos como advogada, já atuou em várias áreas do direito, dedicando-se com mais afinco ao direito previdenciário e ao reconhecimento dos direitos das mulheres do campo e da pesca, segundo ela, ainda extremamente atrelados aos direitos do homem.

“É algo que faz parte da sua composição familiar, mesmo quando elas desempenham as mesmas funções e dedicação à atividade. Atualmente, na Comissão da Mulher e da Advogada, juntamente com outras grandes advogadas, tenho a oportunidade de ampliar esse olhar e voz para a efetivação dos direitos já conquistados e contribuir para o reconhecimento e regulamentação de outros ainda tão necessários para nós”, disse.

Nathusa Chaves diz que a luta pelos direitos da mulher sempre foi um processo. “Estamos no caminho, mas ainda precisamos nos tornar a geração que olha para uma mulher, entende e reconhece que ela merece respeito, que pode e deve ocupar qualquer espaço, que ela possui o direito de sonhar e força suficiente para conquistar, independentemente de qualquer outro, que geralmente é acrescentado na história apenas para restringir essa força que existe em nós”.

A luta contra o machismo enraizado

Todas mulheres que entrevistadas foram unânimes em citar o machismo e o patriarcado como o maior entrave no combate à violência doméstica.

Mas por que as mulheres precisam lutar tanto para serem reconhecidas, para terem direitos iguais, para terem o direito de viver? Todas as entrevistadas foram unânimes em citar o machismo e o patriarcado como o maior entrave no combate à violência doméstica, à igualdade de direitos e ao reconhecimento natural de sua capacidade.

Para Nathusa Chaves, “a história que é contada, geralmente, coloca os homens como os heróis, os conquistadores de espaço, poder e direitos, como os únicos seres pensantes, dotados de inteligência, grandes ideais e força de execução, excluindo as mulheres que fizeram parte dessas mesmas lutas e conquistas, como se não tivessem importância ou fossem meras coadjuvantes nesse processo. Chegamos ao poder, conquistamos espaços e direitos, mas isso tudo, geralmente, ainda é fruto de muito esforço, luta e dores, quando na verdade, já deveria ser nosso com naturalidade. A forma mais dolorosa de evidenciar isso é que nós, mulheres, ainda lutamos pelo direito de viver, pelo respeito aos nossos corpos e às nossas escolhas”.

A questão da superioridade masculina 

Susan Lucena diz que o machismo e o patriarcado estão entranhados na sociedade, e traz à tona a questão da superioridade masculina. 

“Parece até clichê porque é algo que a gente fala muito e fica parecendo que esse é o grande problema de tudo, mas no final das contas é. Ele traz várias naturalizações, ele traz desde a questão da rivalidade feminina, de posição da superioridade masculina, porque está vinculado a sua masculinidade, e não tem nada disso né? É o que inclusive a gente começa a chamar de masculinidade tóxica. A gente precisa lutar fortemente contra esse ambiente patriarcal, e quanto mais a gente tiver uma sociedade com equidade, menos violência a gente vai sofrer”. A delegada Wanda Moura reforça sobre a educação e o machismo. “Apesar de todo o trabalho que vem sendo realizado para prevenir e reprimir todos os tipos de violência contra a mulher, ainda há muito que ser feito, vez que a violência contra a mulher, infelizmente, ainda é banalizada e naturalizada na nossa sociedade. Acredito que a educação é a principal ferramenta que temos no combate à violência contra a mulher. Precisamos desconstruir essa cultura machista, que prega a desigualdade de poderes nas relações entre homens e mulheres, onde o homem pode mais que a mulher, e que os papéis desempenhados pelos homens são mais valorizados que os papéis desempenhados pelas mulheres. Tal cultura gera muita violência. É necessário que toda a sociedade se envolva nessa problemática, e que cada um de nós faça a sua parte na construção de uma sociedade onde, de fato, exista igualdade de direitos entre homens e mulheres. Só assim conseguiremos diminuir os casos de violência contra a mulher, e viver com harmonia e tranquilidade”.

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