Causas do incêndio no shopping Rio Anil ainda precisam ser esclarecidas
Corpo de Bombeiros fez nova vistoria no Rio Anil Shopping e analisa a viabilidade de reabertura do estabelecimento para o público.
Quinze dias após o incêndio que deixou duas vítimas, órgãos e autoridades continuam em busca de esclarecimentos sobre o que causou a tragédia nas dependências do Rio Anil Shopping, sobretudo nas salas de cinema do estabelecimento.
Uma comitiva de deputados fez uma visita ao local para cobrar respostas e saber sobre o andamento das investigações da tragédia ocorrida no último dia 7, deixando, além das mortes, várias pessoas feridas.
Fizeram a visita, os deputados Cláudio Cunha (PL), Wellington do Curso (PSD), Ricardo Arruda (MDB) e Zé Inácio (PT), membros das Comissões de Defesa dos Direitos Humanos e de Obras e Serviços Públicos da Assembleia Legislativa.
Na ocasião, a perita geral do Estado, Anne Kelly Veiga, informou que todos os procedimentos já foram tomados para a elaboração de um laudo pericial do ocorrido, porém acrescentou não ter previsão de quando a perícia será concluída. “Esse é um trabalho meticuloso que exige muita prudência e cautela”, ressaltou.
O deputado Cláudio Cunha, presidente da Comissão de Obras, disse que a visita foi importante para que a Assembleia Legislativa tomasse conhecimento das providências já adotadas em relação à tragédia do Shopping Rio Anil, sobretudo, relativas à assistência às famílias vitimadas, assim como também sobre o trabalho feito pela perícia para apurar as causas.
“Viemos aqui para buscar respostas. É de extrema importância que a sociedade seja informada do que aconteceu aqui. Solicitamos tanto ao Corpo de Bombeiros quanto ao Instituto de Criminalística que encaminhem os relatórios técnicos das investigações para as Comissões da Assembleia Legislativa. Assim, vamos poder analisá-los e nos posicionar”, ressaltou Cláudio Cunha.
Familiares das vítimas já foram ouvidos
Na semana que passou, familiares das vítimas de incêndio e representantes do shopping e cinema se reuniram no Ministério Público do Maranhão para estabelecer o contato entre as partes e possibilitar aos familiares tirarem dúvidas sobre procedimentos de investigação com as autoridades responsáveis.
Na reunião, realizada de forma híbrida, participaram familiares das vítimas, advogados das empresas envolvidas, representantes da Assembleia Legislativa, Defensoria Pública Estadual e Secretaria de Estado de Direitos Humanos e Participação Popular (Sedihpop).
Os familiares das vítimas foram ouvidos e em seus relatos, a cobrança por justiça aos responsáveis pela tragédia.
O advogado Marco Antônio Silva Costa, pai de Marco Antônio Silva Costa Júnior, que foi vítima de queimaduras e ainda está internado, cobrou empenho das autoridades para evitar que o caso termine sem a punição dos responsáveis.
“No caso da boate Kiss, no Rio Grande do Sul, nem todas as pessoas foram responsabilizadas. Nós não queremos que isso aconteça no Maranhão. Não foi um acidente e sim uma tragédia anunciada. Queremos a criminalização dos responsáveis e somente a prática exemplar de punição pode evitar outras tragédias e mortes”, afirmou o pai da vítima.
Marco Antônio Silva Costa ainda completou: “Queremos apuração da responsabilidade criminal e civil. As luzes de emergência não funcionaram, não tinha alternativa de saída de emergência, o sistema de segurança não funcionou. O tempo entre o incêndio e o socorro às vítimas foi extenso. Esperamos que a gente não incorra no erro de permitir que o shopping volte a funcionar como se nada tivesse acontecido, pois isso pode comprometer a segurança da sociedade e temos o dever primordial de zelar pela vida”, cobrou Marco Antônio Costa.
Brenno Campos, irmão da vítima Yasmim Gomes Campos, que perdeu a vida no incêndio, também afirmou que, ao contrário do que foi divulgado pela imprensa, não houve nenhuma assistência das empresas à família. “Houve uma inversão da obrigação. O shopping tem a obrigação de procurar as vítimas e não o contrário. Não houve auxílio ou amparo”.
O procurador-geral de justiça, Eduardo Nicolau, colocou a instituição à disposição das outras instituições e das famílias das vítimas, e disse que “trata-se de uma tragédia e o único sentido é minorar a dor das famílias neste momento, considerando os trágicos desdobramentos do incêndio”.
O inquérito policial está sendo acompanhado por uma comissão formada pelos delegados George Marques, Clarismar Campos e Jeffrey Furtado, da Superintendência de Homicídios e Proteção à Pessoa (SHPP).
Cuidado com as vítimas da tragédia do dia 7 de março
O Rio Anil Shopping informou que assumiu integralmente o cuidado com as vítimas do incêndio no Cinesystem e suas famílias.
“Desde o primeiro momento, estamos empenhados em oferecer toda a assistência: providenciamos a transferência de pacientes para hospitais de referência em São Luís; – Viabilizamos o telefone 0800 300 4591 às vítimas e suas famílias, para oferecer atendimento médico e arcar com as despesas necessárias; – Disponibilizamos uma equipe de profissionais especializados para atendimento das vítimas, insistindo no contato telefônico com cada um dos feridos hospitalizados, com os que já receberam alta, além dos parentes das duas jovens que faleceram”, disse em nota, a assessoria do estabelecimento.
A nota continua informado que o Shopping reafirma sua prioridade absoluta em cuidar das pessoas, colaborando com as investigações, em respeito às vítimas e pela transparência com a população de São Luís.
Corpo de Bombeiros fez nova vistoria
O Corpo de Bombeiros informou que a corporação fez uma nova vistoria em toda a área do shopping, na manhã de ontem (21) para verificar questões do ponto de vista estrutural e documental e observar se o estabelecimento já pode voltar a funcionar, garantindo a segurança necessária para clientela, funcionários, prestadores de serviço, população em geral.
De acordo com o Major Lisboa, da Comunicação da corporação, a análise será feita meticulosamente, e se estrutura, documentação e sistema de segurança atenderem a todas as exigências técnicas, haverá a liberação. “Há uma comissão que vai analisar tudo. Não temos uma data certa do resultado dessa análise, mas estando tudo correto, faremos a liberação sim”, informou.
Procedimento coletivo
A Defensoria Pública do Estado, por meio do Núcleo de Defesa do Consumidor, instaurou um procedimento coletivo em relação ao caso do incêndio.
De acordo com o órgão, foi encaminhado ofício para o Corpo de Bombeiros do Estado do Maranhão solicitando vistorias em cinemas, teatros e casas de festas da capital; e foram enviadas recomendações para a administração de todos os shoppings da cidade de São Luís pedindo que façam vistorias técnicas em seus estabelecimentos, em especial nos cinemas locais.
“Paralelamente, os representantes participaram de reuniões com os familiares das vítimas e representantes do Ministério Público estadual e da Secretaria de Estado de Direitos Humanos e Participação Popular. Igualmente, o Nudecon e o Núcleo Psicossocial da Defensoria continuam à disposição das vítimas para prestar apoio psicossocial e assistência jurídica”, informou a DPE.
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