Morre o jornalista e radialista Haroldo Silva
Haroldo era considerado um dos grandes nomes da crônica esportiva e política do Maranhão.
A comunicação social maranhense perdeu um dos seus maiores talentos das últimas décadas. Na manhã desta sexta-feira (17), morreu em São Luís o jornalista e radialista Haroldo Silva, de 85 anos.
Ele já vinha adoentado há mais de um ano, mas seu estado se agravou nos últimos meses após ser submetido a uma cirurgia para retirada de um coágulo na cabeça. Apoiado pela esposa Inês Morais Silva e o filho Júnior, Haroldo repetidas vezes foi levado à clínica e hospitais, quando as crises se agravavam e exigiam atendimento de emergência.
Desta última vez, porém, não resistiu.
O velório acontece na Pax União da Rua Grande e o sepultamento no cemitério Jardim da Paz, na estrada de Ribamar. Haroldo deixou 9 filhos e 12 netos.
“Meu pai sempre foi muito dedicado à nossa família, afetuoso e muito presente. Em resumo, um pai exemplar”, declarou o advogado e jornalista Haroldo Júnior.
Ludovicense, Haroldo Herbert Silva, nasceu no dia 16 de outubro de 1937. Era considerado um dos grandes nomes da crônica esportiva e política do Maranhão.
Filho do ex-jornalista Miguel Arcanjo, mais conhecido como Miguelzinho de Ouro, e de Maria das Neves Silva, Haroldo despertou a vocação para a comunicação social muito cedo, os 15 anos, quando iniciou a carreira na extinta Rádio Ribamar, que mais tarde passou a ser chamada de Rádio Capital.
Também trabalhou nas rádios Difusora e Timbira, Educadora e Gurupi. Na Timbira integrou a poderosa equipe de esportes comandada por Dejard Ramos Martins, que contava ainda com nomes como Canarinho, Rui Dourado, Carlos Lemos, Murilo Costa Ferreira e outros destacados cronistas maranhenses no início da década de 60.
Fora do estado do Maranhão, estagiou na Rádio Globo do Rio de Janeiro, passou pelas rádios Difusora de Duque de Caxias e Vera Cruz (RJ) e Clube de Teresina-Pi como comentarista, repórter e narrador esportivo. Ao lado do narrador Magno Figueiredo e do repórter Edivan Fonseca, cobriu vários amistosos da Seleção Brasileira na Europa.
Como profissional do rádio, fez cobertura da Copa do Mundo do México (ao vivo) em 1986 ao lado de Juracy Vieira (narrador). Também cobriu várias edições da Copa América. As últimas emissoras nas quais prestou seu trabalho foram Capital e Educadora de São Luís.
No jornal O Imparcial, Haroldo Silva atuou como repórter nas áreas de esporte, política, cidade e polícia durante 14 anos entre 1972 e 86. Trabalhou ainda no Diário do Povo, Jornal Pequeno, O Debate e Atos e Fatos. Mais tarde, passou a ser servidor público, trabalhando como Assessor Parlamentar e Assessor de Comunicação Social, Chefe de Gabinete da Presidência e Diretor Legislativo da Assembleia.
Raimundo Borges, Diretor de Redação do jornal O Imparcial, ao tomar conhecimento da morte de Haroldo afirmou:
“Ele era um profissional considerado como de sete instrumentos. Além de muito bom nas rádios em que trabalhou e fazia tudo, era criativo, um verdadeiro engenheiro do som. Como jornalista do impresso, teve papel fundamental no O Imparcial nos longos anos em que trabalhou. Tinha um texto formidável e como pessoa humana era realmente inigualável. Vai deixar um espaço que poucos conseguirão ocupar da forma como ele fez”.
Perseguição
O envolvimento de Haroldo Silva como líder sindical quando de sua estada no Rio de Janeiro o levou a uma perseguição política do poder público na época da ditadura. Ele e mais 12 companheiros foram presos durante 15 dias após o retorno de uma viagem aos países da Cortina de Ferro.
O processo tramitou no Ministério da Justiça onde ele foi inocentado. “Que todos os profissionais, independentemente do compromisso com a verdade, sejam gratos, porque nenhum sentimento humano pode ser mais condenável que a ingratidão”, declarou Haroldo ao ser homenageado entre os jornalistas que marcaram época, durante o I Congresso Estadual da Comunicação, em junho de 2004.