máfia do futebol

Ex-atleta do Sampaio é investigado pelo MP

Esquema de manipulação de resultados na Série B do Brasileiro de 2022 rendia lucro dos apostadores que variavam de R$ 500 mil a R$ 2 milhões.

Matheusinho teria participado do esquema no jogo da última rodada, contra o Londrina-PR. (Foto: Divulgação)

Aquilo que milhões de torcedores já vinham desconfiando há algum tempo e que até já foi alvo de investigações, mas sem nenhuma publicação do que foi apurado e quem foi punido criminalmente, volta a ganhar destaque no noticiário esportivo nacional.

O Ministério Público do estado de Goiás divulgou que está investigando, por meio da operação “Penalidade Máxima”, a manipulação de resultados em jogos do Campeonato Brasilero da Série B de 2022.

Nesta quarta-feira (15), em prosseguimento da apuração do caso, o Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) informou que os criminosos teriam fraudado três jogos da última rodada da 2ª divisão: Vila Nova 0 x 0 Sport, Criciúma 2 x 0 Tombense e Sampaio Corrêa 2 x 1 Londrina.

O promotor de Justiça Fernando Martins Cesconetto adiantou que o esquema contou com a participação de jogadores, que deveriam cometer pênaltis no primeiro tempo das partidas.

Informações complementares publicadas na imprensa goiana indicam que entre os investigados está o lateral-direito Matheusinho, que defendeu o Sampaio Corrêa e foi um dos destaques da competição, tendo sido transferido em 2023 para o Cuiabá, clube da Série A.

Outros atletas envolvidos são Romário (ex-Vila Nova), Joseph (Tombense) e Gabriel Domingos (Vila Nova). O Gaeco apurou que eles receberam R$ 10 mil de adiantamento para a prática ilícita.

Caso o combinado fosse cumprido, teriam mais R$ 140 mil. Já o lucro esperado para os apostadores variava de R$ 500 mil a R$ 2 milhões.

Em São Luís, ao tomar conhecimento da situação, o presidente do Sampaio informou oficialmente ter o maior interesse no esclarecimento e colaborar com as investigações.

Matheusinho teria participado do esquema no jogo da última rodada, contra o Londrina-PR, quando cometeu uma penalidade máxima no início do jogo em favor do clube paranaense.

O goleiro Luiz Daniel defendeu. Antes, na sequência o atacante Poveda fez o gol, que acabou sendo anulado pelo VAR, que denunciou a infração. Procurado ontem, no entanto, ele não respondeu aos contatos feitos pela imprensa para apresentar sua versão.
Jogador afastado

“Imediatamente após confirmar a existência da investigação policial, o Tombense afastou o atleta de todas as suas atividades regulares e se colocou à disposição das autoridades para auxiliar com o que for necessário. O Clube destaca a sua total repugnância a este tipo de conduta, com a qual jamais compactuará, e espera que todos os envolvidos sejam punidos com o rigor da lei”, diz trecho do comunicado do clube.

Empresário é Preso Temporariamente

Até o momento, apenas um empresário foi preso temporariamente, no estado de São Paulo, uma vez que as investigações deixaram indícios de sua participação ao intermediar os contatos com os atletas.

O trabalho prosseguiu com o cumprimento de nove mandados de busca e apreensão em, São João del-Rei (MG), Cuiabá (MT), São Paulo (SP), São Bernardo do Campo (SP) e Porciúncula (RJ) e Goiânia (GO).

O coordenador do Gaec, Rodney da Silva, destacou que os envolvidos que forem considerados culpados serão enquadrados na prática de associação criminosa, lavagem de dinheiro e corrupção em âmbito esportivo.

Como as investigações, por enquanto, estão concentradas em pessoas físicas, nenhum dos clubes correm risco da perda de pontos, multas ou rebaixamento, a não ser que a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) resolva participar como parte interessada no processo.

Detalhes

A investigação adiantou que, no caso da partida do Vila Nova, apesar da tentativa de manipulação e do pagamento antecipado ao jogador, o pênalti não foi cometido. Nas outras duas, entretanto, as penalidades foram assinaladas.

Em razão do não cumprimento do “combinado”, o jogador do time goiano passou a ser pressionado e cobrado intensamente para ressarcimento do prejuízo. O caso veio à tona em novembro do ano passado, com uma denúncia do próprio presidente do Vila Nova, Hugo Jorge Bravo.

A estas alturas, há desconfianças de que as manipulações podem ter acontecido, também, nos jogos da Série A do Brasileiro e pode até mesmo em jogos dos campeonatos estaduais.

No entendimento do Ministério Público de Goiás, a prática da associação pode ter acontecido em jogos dos Estaduais e até mesmo na Série A do Brasileirão.

CBF apoia investigação

Ao tomar conhecimento das investigações, a Confederação Brasileira de Futebol manifestou interesse em ver os fatos esclarecidos e encaminhou nota à imprensa com o seguinte teor:

“A CBF apoia o trabalho do Ministério Público de Goiás e está à disposição das autoridades para contribuir com as investigações. A entidade trabalha diariamente para combater a manipulação de resultados no futebol.

A CBF informa que tem contrato com a empresa Sportradar, líder mundial em prevenção, detecção e inteligência na preservação da integridade dos jogos, para monitorar e garantir proteção em relação às fraudes esportivas!”, diz a nota.

Como Funciona o Esquema?

Um apostador de fora de Goiás, por meio de sua empresa, cooptava atletas para que, mediante pagamento, alterassem o resultado do jogo. Esses jogadores tinham que realizar uma ação específica no jogo: cometer um pênalti ainda no primeiro tempo da partida.

O esquema envolvia o resultado de mais de um jogo, no caso investigado, dos três jogos da última rodada da Série B de 2022. Conversas de WhatsApp de um celular apreendido com suspeito em São Paulo comprovam o esquema de manipulação.

Como surgiu a investigação?

A investigação teve início em novembro de 2022 a partir de uma denúncia feita pelos dirigentes do Vila Nova, de Goiás, sobre um esquema de apostas, envolvendo a manipulação de resultados em jogos da Série B.

Quanto recebiam os jogadores?

Os jogadores envolvidos recebiam R$ 150 mil, caso o resultado fosse o acordado, sendo que R$ 10 mil recebiam antes da partida e o restante ao fim do jogo.

Quais foram os jogos?

Os três jogos que deram origem à investigação são da última rodada da Série B: Vila Nova 0 X 0 Sport, Criciúma 2 X 0 Tombense e Sampaio Corrêa 2 X 1 Londrina. Na partida do Vila Nova, o jogador Romário teria recebido o adiantamento de R$ 10 mil, mas não cometeu o pênalti na partida, que ficou 0 a 0, e passou a ser cobrado pelo ressarcimento do prejuízo.

Qual era o retorno com essas apostas?

O MP de Goiás não identificou todos os sites nos quais são feitas as apostas, apenas dois que estão hospedados fora do país. Os investigadores calculam que o lucro com a manipulação do resultado dos três jogos da última rodada da Série B seria de R$ 2 milhões.

Quais os jogadores envolvidos?

Gabriel Domingos de Moura – Vila Nova
Marcos Vinícius Alves Barreira (Romário) – teve o contrato rescindido com o Vila Nova em novembro do ano passado
Joseph Maurício de Oliveira Figueiredo – Tombense
Mateus da Silva Duarte – ex-Sampaio Corrêa e hoje no Cuiabá

Quais os próximos passos?

Com base no material apreendido na operação Penalidade Máxima, o MP de Goiás vai investigar indícios de que o esquema se estendeu para este ano e não só envolvendo pênaltis, mas apostas sobre resultado parcial no primeiro tempo, número de escanteios e de cartões amarelos e vermelhos.

Há indícios de manipulação em pelo menos um jogo realizado em Goiás e em outros jogos de Estaduais. Os promotores não descartam a possibilidade de manipulação de resultado em jogos da Série A.

Crimes Apurados

Associação criminosa, lavagem de dinheiro e dois crimes previstos no Estatuto do Torcedor, que envolvem a corrupção em âmbito esportivo, com pena prevista de 2 a 6 anos de prisão.


(Com informações de:noticiasaominuto.com.br)

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