Tragédia

Incêndio na boate Kiss completa 10 anos

Plataformas de streaming lançam séries sobre tragédia que deixou 242 mortos.

Precisamente 10 anos do caso, ninguém foi responsabilidade. (Foto: Reprodução)

Na madrugada do dia 27 de janeiro de 2013, um domingo, Santa Maria, cidade universitária e do interior do Rio Grande do Sul, estava em foco. Há exatos 10 anos um incêndio atingiu a boate Kiss, no centro da cidade, deixando 242 mortos e 636 sobreviventes. 

O caso com tantas vítimas segue sem solução e a investigação policial e o processo judicial se desenrolaram na última década, mas o júri dos quatro réus foi anulado.

O Caso

Durante um show da banda Gurizada Fandangueira naquela noite, um artefato pirotécnico provocou um incêndio, iniciado na espuma do teto. O local contava com apenas uma saída de emergência.

Entre as vítimas que tiveram o corpo queimado, foram pisoteados e morreram por asfixia no local, a maioria eram jovens universitários, na faixa de 18 a 25 anos.

Naquela noite a Kiss recebia a festa Agromerados, organizada por alunos do curso de Agronomia da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM).

Cerca de 2h30 daquela madrugada, as fagulhas do show pirotécnico atingiram a espuma acústica que revestia o teto da boate. A fumaça se espalhou pela casa noturna. Segundo relatos de sobreviventes, diversas pessoas correram para o banheiro da balada achando que era briga a movimentação, essas pessoas morreram no incêndio.

Assim que os jovens perceberam que se tratava de um incêndio, centenas de pessoas ficaram desesperadas e começaram a correr em busca de uma saída. Testemunhas afirmaram, na época, que seguranças da boate tentaram impedir a saída dos clientes, mas que logo perceberam a fumaça e liberaram a passagem.

Testemunhas também disseram que o ambiente era bastante escuro e que a falta de sinalização fez com que as vítimas não conseguissem visualizar onde era a saída.

O corpo de bombeiros atendeu ao pedido de socorro em 3 a 5 minutos, após o primeiro chamado. Segundo os relatos de combatentes, telefones dos jovens já mortos não paravam de tocar, pois os pais já estavam sendo acordados com a notícia sobre os filhos. Ao menos seis hospitais e casas de saúde da região receberam vítimas do incêndio.

O domingo foi marcado pelo reconhecimento de corpos por parte de familiares das vítimas. Do lado de fora do Centro Desportivo Municipal, de Santa Maria, familiares e amigos faziam filas gigantes para reconhecer os corpos dos filhos.

O município decretou luto oficial de 30 dias, enquanto o governo federal estabeleceu luto de três dias em todo o país. Na época, a presidente Dilma Rousseff cancelou os compromissos de domingo e esteve em Santa Maria, em apoio aos familiares das vítimas.

O júri popular, que havia condenado os sócios da Kiss, Elissandro Spohr e Mauro Hoffmann, e os integrantes da banda Gurizada Fandangueira, Marcelo de Jesus e Luciano Bonilha, em dezembro de 2021, foi anulado em agosto de 2022. Até o momento não há data para novo julgamento.

Séries

A série Todo Dia a Mesma Noite, da Netflix está no primeiro lugar do Top 10 de séries mais assistidas do Brasil. A produção tomou conta da web e impactou internautas com o retrato da tragédia da Boate Kiss.

A equipe da minissérie se inspirou na história de todos os personagens mencionados no livro da jornalista Daniela Arbex para representar todas as 242 vítimas do incêndio e não ter apenas um pequeno grupo como protagonista.

A ficção roteirizada por Gustavo Lipsztein e dirigida por Júlia Rezende busca resgatar a memória de tantas vidas interrompidas, enquanto torce para que o caso não saia com impunidade.

O Globoplay também estreou uma série sobre o caso. Boate Kiss — A tragédia de Santa Maria é um documentário em cinco episódios conduzidos pelo jornalista Marcelo Canellas.

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