criadora de conteúdo

Lary Mourão: sucesso nas “redes” com as coisas do Nordeste

Desde os 7 anos de idade, ela compartilha nas redes sociais a rotina artística, curiosidades e gírias nordestinas.

Reprodução

Ela se identifica como atriz, cantora e criadora de conteúdo. Multifacetada, embora já tenha demonstrado que faz todas essas coisas bem, é como criadora de conteúdo que os olhos brilham quando começa a falar.

Conversei com Lary Mourão (@larymouraoof), maranhense de São Luís, 15 anos, mais de 90 mil seguidores no Instagram, milhares de visualizações em seus vídeos, e com um conteúdo que revela muita coisa do maranhense raiz, e do nordestino em geral, com muito bom humor. Seu slogan? Maranhense Raiz na Geração Z.

Talvez você já até a siga  nas redes, talvez já tenha ouvido falar… o que Lary faz é levar o maranhês e o nordestinês para o mundo digital. Desde os 7 anos de idade ela compartilha nas redes sociais a rotina artística, curiosidades e gírias nordestinas, em especial do Maranhão de forma criativa, com humor e orgânica.

Lary Mourão é extrovertida, falante, articulada. Talvez seja esse o segredo do seu sucesso nas redes. Embora diga que é tímida, quando começa a falar dos conteúdos que cria, quando põe as mãos no celular, a coisa muda de figura. Mas como começou tudo isso? Ela diz que foi algo bem natural na vida dela. Aos 5 anos, Lary começou a ter contato com o mundo da Internet.

(Foto: Reprodução/Redes Sociais)

A mãe, Jully Mourão gravava vídeos de Lary respondendo ou fazendo perguntas aleatórias, fazendo ou dizendo algo que, para a família, sendo uma criança de 5 anos,  era muito interessante.

Aos 8 anos, criou uma conta no aplicativo Snapchat e começou a gravar coisas do dia a dia, já exibindo, com muita propriedade, o típico linguajar do maranhense: o maranhês. Foi aí que ela foi notada por outra maranhense bem conhecida do público, a Thaynara OG. 

“A gentepassou a ter uma amizade sincera maravilhosa, ela me postava, eu ia aos ‘encontrinhos’ com ela, e aí foi onde eu cresci mais ainda na Internet, passei a ficar mais conhecida”, contou.

Na época Lary tinha 2 mil seguidores, o que para ela, já era muito. Mas a conta caiu (foi retirada do aplicativo), por ela ser menor de idade. Foi aí que ela migrou para o Instagram (com uma conta monitorada pela mãe) e passou a explorar os temas maranhenses, o linguajar, as comidas típicas, as expressões que só o maranhense conhece, e hoje, coleciona seguidores que chegam aos montes diariamente. Algo em torno de 1.200.

Mas o que a fez ganhar mesmo muito engajamento foi o vídeo que explicava como se fala ‘mermã’ no Maranhão. 

“O jeito de falar mermã foi um vídeo que deu muito engajamento. Eu sempre fui muito ligada nessas expressões maranhenses. Outro  vídeo, que eu falava sobre os horários de maranhense, deu mais de 1 milhão de visualizações. Muita gente comentou. De repente começou a chegar muita gente me seguindo e aí fui saber que ele tinha ido parar na categoria explorar do Instagram, nos tópicos Nordeste Maranhão”, conta.

O vídeo sobre a novela Travessia, da Rede Globo, em que ela fez um roteiro sobre como seria a novela, se Glória Perez fosse maranhense, também fez muito sucesso. Para fazer os conteúdos, Lary conta com a ajuda preciosa da mãe, que pesquisa, roteiriza, dirige, grava, edita.

Os seguidores também dão muita contribuição sobre qual tipo de assunto abordar, qual tema, como se usa tal expressão em tal lugar. E assim, ela expandiu os assuntos do Maranhão, para os assuntos do Nordeste: o nordestinês. E foi aí que Lary passou a experimentar o lado obscuro da vida na Internet: o cyberbullying.

Nem tudo são flores no mundo virtual

A mãe dela comenta no meio da entrevista: “as pessoas só jogam pedra em árvore que dá fruto”. Lary já sofreu e sofre hate (pessoas que destilam ódio nas redes sociais), e tem sido vítima de xenofobia.  “Mas como assim, Lary, por quê?”, pergunto.

Ela diz que muitas pessoas escrevem ou nos vídeos postados no feed (linha do tempo dela), ou mandam mensagens privadas (direct messenger) dizendo coisas que no início machucavam, e que quase a fizeram desistir, mas que, segundo ela, agora leva na boa.

“Principalmente no vídeo dos horários de maranhense, eu recebi hate, de gente que falava ‘ah, eu não falo assim, só se for no teu Maranhão’, e coisas do tipo.  Hoje falo de coisas do  Nordeste, e muitas  pessoas falam que eu não tenho cara de nordestina, que eu não tenho sotaque “Principalmente no vídeo dos horários de maranhense, eu recebi hate, de gente que falava ‘ah, eu não falo assim, só se for no teu Maranhão’, e coisas do tipo.  Hoje falo de coisas do  Nordeste, e muitas  pessoas falam que eu não tenho cara de nordestina, que eu não tenho sotaque de nordestina. Uma menina disse assim: ‘ah, antes de tu falar da nossa cultura, seja da nossa cultura’. E eu, gente como assim? Eu sou maranhense. Diziam pra eu tomar vergonha na cara. Ah, falam que eu não sei falar direito, que eu estou mostrando o que é errado, que eu nem sou nordestina, que eu devia aprender direito, entre outras coisas”, disse ela.

Nessas horas, mais do que nunca, a mãe/leoa entra em ação monitorando as mensagens e respondendo as que considera pesadas demais, “Cada um tem seu jeito, são 9 estados. O Nordeste é imenso e é isso que o faz ser bonito. E é triste ver um nordestino querendo formar um padrão de nordestino. O conteúdo dela é do nordestino raiz. Dizem que ela tá acabando com a língua portuguesa, essas coisas”, contou Jully Mourão.

Mas engana-se quem acha que os ataques ocorrem só no mundo virtual. Colegas de Lary já desejaram que Lary morresse em uma queda de avião. Foi quando elas souberam que Lary estava voltando de viagem de São Paulo, em visita aos estúdios do SBT. Ela já teve os cabelos puxados, já sofreu bullying e outras coisas mais.

Em função disso, hoje em dia ela dá palestras e participa de bate-papos sobre  bullying e cyberbullying (prática da intimidação, humilhação, exposição vexatória, perseguição, calúnia e difamação por meio de ambientes virtuais, como redes sociais, e-mail e aplicativos de mensagens).

“Digo para ela que se ela quiser desistir, tudo bem, mas que ela saiba que em qualquer profissão que ela queira na vida, as pessoas vão criticar, vão intimidar, e aí, ela vai sair de todas as coisas que ela tentar? Se ela for atrás e acreditar em tudo que as pessoas falam dela…”. Outra preocupação é com o assédio na Internet. De olho nas mensagens que Lary recebe, ela conta que assédio e ódio gratuito são frequentes. “Quando eu vejo que tá muito pesado eu respondo. E ela já recebeu até nudes, por isso tenho muito cuidado e ela é muito bem orientada quanto a isso”, conta Jully.

Cantar e continuar atuando estão entre os planos de Lary. Ela já fez algumas participações nos filmes da franquia maranhense Muleque Té Doido, mas de imediato, seu foco é na Internet e  ela quer crescer ainda mais com seus conteúdos de maranhense raiz.

Seu sonho é chegar a 1 milhão de seguidores. Para isso, estuda, pesquisa novos conteúdos e conta com a superajuda da mãe, que roteiriza, produz, empresaria, cuida da imagem, enfim… cerca sua filha de cuidados dentro e fora do ambiente virtual.

Lary, mermã, O Imparcial e eu desejamos que tu chegues muito mais longe, porque inteligência, carisma e maranhensidade tu tens sim, e isso ninguém pode negar.

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