O estádio chama-se Lusail, mas, sim, você pode rebatizá-lo de Luzebras. Depois da Arábia Saudita derrotar a Argentina no palco da final da Copa, Camarões entra para a história como a primeira seleção africana a derrotar o Brasil na história dos mundiais em uma noite de vexame dos comandos de Tite.

O técnico poupou titulares, apostou nos reservas e encerrou a partida com um time totalmente desfigurado, confuso e impotente na derrota por 1 x 0.

Tite trouxe nove atacantes para a Copa do Mundo, usou todos eles na fase de grupos, mas apenas um teve capacidade para colocar a bola na rede em 270 minutos: Richarlison. Substituído por Gabriel Jesus na vitória contra a Suíça e poupado diante de Camarões, o Pombo viu, do banco, um festival de incompetência protagonizado diante de 85.986 torcedores.

A campanha pálida, marcada por muitas contusões, improvisos emergenciais e o fim da invencibilidade contra africanos confirmou o primeiro lugar no Grupo G, porém, não passa a mínima confiança para o mata-mata.

O primeiro deles contra Coreia do Sul, na segunda-feira, às 16h, no Estádio 974. Tite acumula problemas. O ataque não é confiável. O departamento médico não para de encher. Enquanto Neymar, Danilo e Alex Sandro correm contra o tempo para receber alta, Alex Telles deu entrada no plantão médico.

Sem ele, o Adenor precisou colocar Marquinhos na lateral esquerda. Versátil, o beque do PSG se saiu bem.

Longe de ser empolgante, o Brasil não consegue encerrar a fase de grupos com 100% de aproveitamento pela terceira Copa do Mundo consecutiva. A última vez que a Seleção ganhou os três jogos faz tempo, em 2006, na Alemanha. Em 2010, 2014 e 2018 alcançou sete pontos. O desempenho é pior nesta temporada. A Seleção fecha com seis pontos.

A melhor opção ofensiva do Brasil no primeiro tempo foi Antony. Liso, leve e solto, o atacante partiu para cima da defesa de Camarões. A primeira chance de gol começou na direita em uma trama de Daniel Alves e Fred.

O volante cruzou em diagonal e achou Gabriel Martinelli de frente para o gol. O ponta do Arsenal finalizou de cabeça e o goleiro Epassy mandou para escanteio. Rodrygo cobrou na medida para Gabriel Jesus, porém o centroavante finalizou por cima do gol.

Em retaliação, Camarões passou a investir nas ações ofensivas nas costas de Daniel Alves. Em uma delas, o goleiro Ederson teve se esticar todo para evitar uma finalização que tinha o endereço das redes.

O Brasil respondeu com duas cobranças de falta desperdiçadas na entrada da grande área. Rodrygo não superou a barreira. Na outra, faltou pontaria a Daniel Alves.

Sem penetração, o Brasil passou a viver das finalizações dos pontas. Antony e Gabriel Martinelli tentaram, mas o goleiro Epassy estava sempre atento. Ederson também do outro lado.

O reserva de Alisson protagonizou uma intervenção cinematográfica depois da cabeçada de Mbeumo. Ele testou forte em direção ao gol e viu o goleiro do Manchester City espalmar a bola para fora.

O Brasil encerrou a fase de grupos sem balançar a rede no primeiro tempo. Após decidir as partidas contra Sérvia e Suíça na etapa final, voltou do intervalo tomando sufoco de Camarões. Aboubakar assustou em um chute cruzado.

Gabriel Jesus respondeu com um chute abafado por Epassy. Em meio ao toma-lá-dá-cá, o Brasil voltou a viver um drama nas laterais.

Como se não bastasse ter perdido os titulares Danilo e Alex Sandro na primeira fase, o reserva Alex Telles caiu de mau jeito em uma cobrança de escanteio e deixou o campo chorando. Sem opções no banco, Tite colocou o zagueiro Marquinhos para tomar conta do setor e mexeu por atacado no time em busca do gol.

Aproveitou, ainda para trocar Rodrygo por Everton Ribeiro e sacou Fred para a entrada de Bruno Guimarães. Insatisfeito, tirou Jesus para entrada de Pedro.