ESPECIAL - SEMANA DA CONCIÊNCIA NEGRA

Mulheres negras com força no mercado

De acordo com a Global Entrepreneurship Monitor, o Brasil ocupa o 7º lugar na lista de com mais empreendedores do mundo, sendo 51% mulheres e 47 % delas são pretas.

(Foto: Arquivo Pessoal)

O mês da consciência negra e do empreendedorismo feminino, traz importantes discussões sobre o assunto em todo Brasil. A pauta chama atenção e mostra que mulheres negras têm ganhando força no mercado, através de seus empreendimentos.

De acordo com a Global Entrepreneurship Monitor (GEM), o Brasil ocupa o 7º lugar na lista de com mais empreendedores do mundo, sendo 51% mulheres e 47 % delas são pretas.

Dados coletados em estudo “Empreendedorismo negro no Brasil”, realizado pela aceleradora de empresários negros PretaHub, da Feira Preta, afirmam que empreendedoras e empreendedores negros movimentam cerca de R$ 1,7 trilhão por ano no Brasil e mais da metade, cerca de 51% dos brasileiros que empreendem, são pretos ou pardos. Destes, 52% são mulheres.

O empreendedorismo negro e suas dificuldades


O empreendedorismo feminino negro tem crescido com resultados surpreendentes e marcam a nova era do mercado.

Entre os empreendimentos mais promissores estão indústrias e estabelecimentos especializados em produtos cosméticos e acessórios voltados para o segmento negro. A maioria são salões especializados nos cuidados com o cabelo e a pele negra, dentre outros.

Lika Guterres, que é formada em assistência social, viu no empreendedorismo, uma forma de garantir independência profissional e uma renda extra que, na verdade, acabou se tornando sua principal renda.

(Foto: Arquivo Pessoal)

A proprietária da Pedra Rara, que trabalha com roupas e também é um salão afro, avalia com positividade o seu trabalho, pois consegue se manter somente com o seu empreendimento.

“Sou formada em assistência social e minhas filhas são graduandas ainda. Tudo o que precisamos é mantido pela nossa loja salão. No começo era uma oportunidade de tirar minha renda extra, hoje é minha principal fonte de renda”, afirmou.

No começo era uma oportunidade de tirar minha renda extra, hoje é minha principal fonte de renda. Mas nem tudo foram flores na formação do processo de empreender. Lika enfrentou e ainda enfrenta preconceito ao longo dessa carreira.

“Eu passei por muitas coisas para chegar até aqui. Para nós se torna muito mais difícil, pois sofri muito preconceito por ser mulher preta, inclusive tenho processo rolando por causa disso até hoje”, disse.

Dificuldades para montar seu próprio negócio

(Foto: Arquivo Pessoal)

Assim como Lika, muitas mulheres negras enfrentam dificuldades para montar seu próprio negócio, como por exemplo, ao tentarem acesso ao crédito para investirem no crescimento de sua empresa, pois tudo se torna mais difícil quando a cor da pele é avaliada.

“No princípio foi bem ruim, pois estamos em um país veladamente racista e isso acaba tornando tudo mais difícil pra gente que vem de um segmento afro”, disse a empreendedora. 

Com base em dados, no caso das pessoas negras, a principal motivação é o empreendedorismo por necessidade, pois está ligado ao racismo. Apesar de perceber o crescimento de empresas fundadas por mulheres, por outro também podemos ver que ainda existe um abismo que se estende entre mulheres negras empreendedoras e as brancas, por conta da desigualdade e do preconceito.

Pandemia


A covid-19 evidenciou ainda mais as desigualdades sociais e econômicas. A situação de mulheres negras e periféricas, que historicamente sempre tiveram mais dificuldades às oportunidades de emprego, ficou ainda pior.

“A nossa principal dificuldade durante a pandemia, foi a falta de clientes no nosso espaço. A nossa saída foi fazer divulgações e atender à domicilio com todas as medidas de segurança. Mesmo assim, foi um período de muitas dificuldades’, afirmou Lika.

Volta por cima


O boom de novas tendências no mercado especializado para o segmento estético negro, tem levantado esse cenário. O setor de beleza é o que mais tem investido e ganhado força em produtos. Para a proprietária do salão e loja Pedra Rara, a reafirmação da identidade visual que as mulheres pretas estão alcançando nesse momento, deu um up no seu empreendimento e de muitas que atuam no setor. “Estou há 23 anos nesse mercado, mas hoje digo que estou na minha melhor fase, além disso, posso ajudar outras mulheres. O recomeço após a pandemia foi difícil, mas criei estratégias para melhorar os trabalhos e hoje posso afirmar que sou uma empreendedora negra de sucesso”. Lika inspira outras mulheres com o seu trabalho, através de cursos, feiras, oficinas, desfiles e palestras que promove todo ano. “Sou um exemplo de sobrevivência”, afirma.

Feira Ma Preta


A Feira Ma Preta, que aconteceu em São Luís nesse mês de novembro, é um dos maiores exemplos de valorização e divulgação do trabalho dos afroempreendedores no Maranhão. Foram mais de 70 stands e mais de 150 afroempreendedores.

“Na feira preta a gente se sente em casa, pois é o nosso povo que está ali vendendo e comprando, tendo oportunidades e acesso a produtos que não vemos muito no mercado. É uma forma de empoderamento do nosso povo e eu fico muito feliz em ter participado”, disse Iza Ferreira, uma das participantes da feira.

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