Homenagem

Erasmo Carlos: O nome da jovem guarda

Cantor e compositor brasileiro, Erasmo morreu nessa terça-feira (22), aos 81 anos.

Erasmo era pioneiro do rock no Brasil e símbolo da Jovem Guarda. (Foto: Reprodução)

Morreu Erasmo. Para mim, “O” nome da Jovem Guarda. Transitou pelo rock, a MPB e atravessou o coração do brasileiro que conhece e sente a cutucada da paixão e da arte. Erasmo, que conheci, deixa em cada um, aquela luz do Tremendão. Vai para o infinito e deixa sua imensidão!

Desde o bar o Divino, no Rio, onde conheceu Carlos Imperial e Roberto Carlos, o Tremendão manteve um pé na música e o outro na qualidade do seu trabalho.

O Rock, sua primeira paixão, permeou toda sua carreira. Basta notar em canções aparente adocicadas como “Mais um na Multidão” ou ” Dois animais na selva suja” tocam o rock como a māo de Mudas.

Erasmo foi grande e maior. Vale perceber que “Sentado à beira do caminho” é um marco na MPB, uma vez que agrega qualidade, bom gosto, arranjo e canção à uma letra popular, digerível que vai do pé de chão dos botequins brasileiros aos ouvidos aveludados dos ouvintes da Bia música.

O amigo do Roberto não teve vida fácil. Teve que engolir ele mesmo nas suas imperfeições, amargou a perda de um filho, comeu o pão que a sogra do diabo amassou.

Nem por isso, viveu menos, abdicou do seu trabalho, fez atalhos nos caminhos das suas oportunidades. Erasmo engoliu a vida como quem ingere a própria sorte.Fez da sua obra algo para ser digerido por nós. E digo nós, todos que gostam de sentir a arte circulando nas veias da criação.

O poeta chileno, Pablo Neruda, dizia que “amantes não têm fim nem morte, morrem tantas vezes enquanto vivem, são eternos como é a natureza”. Erasmo foi isso! Uma beira de caminho e o centro do vigor da vida.

Erasmo parte como aquele pai, do livro ” A Terceira Margem do Rio” do Guimarães Rosa. ” Nosso pai entrou na canoa e desamarrou, pelo remar. E a canoa saiu se indo, a sombra dela por igual, feita um jacaré, comprida e longa”.

Essa partícula de texto do Rosa, é o resumo de uma vida inteira do Erasmo. Enceta para quem sabe que ” É preciso saber viver” para Fernando Pessoa, quando escreve que “navegar é preciso”.

Do jovem ao velho Erasmo, aconteceu de tudo, do melhor ao pior. Só não teve a babaquice, burrice e esgoto que parte do Brasil se esbalda nos dias de hoje.

Das posições políticas aos tecidos e tramas das suas percepções sociais, do
anti-ídolo ao generoso ser humano, do cantor ao artista competente, Erasmo, por meio de tudo que criou, contribui para sermos melhores e dá a esse vasto Brasil, um resto de esperança.

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