Dia Mundial do Veganismo: o estilo de vida que ganha espaço e adeptos
A data é comemorada nesta terça-feira (01), e apesar da grande visibilidade e adeptos, há dúvidas sobre a diferença do vegano para o vegetariano.
O Dia Mundial do Veganismo é comemorado nesta terça-feira (01), o estilo de vida livre de consumo animal, que está ganhando mais visibilidade e adeptos.
A viés de dúvida, o que exatamente é o veganismo e qual a diferença do vegano para o vegetariano?
Os adeptos do vegetarianismo se restringem apenas no quesito alimentação, e não consomem animais, como peixes, carnes e aves.
Segundo a nutricionista Ceyla Silva, especialista em nutrição clínica, esportiva, e funcional, “os veganos evitam contato com qualquer produto de origem animal, não consomem peixes, carnes, aves, ovos, queijos, presuntos e nem produtos relacionados ao animal como produtos de limpeza, bolsas, cintos, roupas e etc”, afirma.
O veganismo foi criado para combater a exploração animal nas indústrias, por isso seu ponto inicial parte do não consumo e não utilização de qualquer produto feito a partir de origem animal.
Seus princípios básicos são defendidos em quatro tópicos: a ética, o meio ambiente, a saúde e a sociedade.
O termo “Veganismo” foi criado em 1944 no Reno Unido, e significa “filosofia e estilo de vida que busca excluir, na medida do possível e praticável, todas as formas de exploração e crueldade contra animais na alimentação, vestuário e qualquer outra finalidade”, em tradução livre.
O grupo “The Vegan Society”, percursores do termo, buscavam também alternativas livres de origem animal que trouxessem benefícios para os seres humano, para os animais e para o meio ambiente.
Gaheris Marletti de Andrade, de 25 anos, é adepto do veganismo há cinco anos, seu primeiro contato com essa filosofia foi aos 19 anos, por influência de sua amiga que já era adepta do estilo há mais tempo mas Gaheris só “tomou a decisão aos 20 anos”, segundo relata.
Após uma situação específica em seu lar, que o fez refletir sobre suas escolhas.
“Uma gota d’água que me fez mudar radicalmente, não foi só a presença da minha amiga vegana que me ajudou a fazer perguntas pra mim mesmo e pensar mais a respeito em como as coisas são, mas a morte da minha cachorrinha Marry, que basicamente cresceu junto comigo”
No relato, Gaheris conta que seu pai cremou a cachorra Marry para guardar as cinzas, e na cerimônia, quando o fogo chegou nela, ele sentiu um forte cheiro de carne, “como se fosse churrasco”, conta, com tristeza.
Após o fato, o estudante diz que sentiu nojo e desgosto e logo começou a pensar a respeito da vida, e como não estava satisfeito, sentiu que havia algo errado principalmente depois do sentimento na cerimônia.
“Ela (Marry) foi um dos seres que mais amei em toda minha vida, e agora meu cérebro a tratou como um pedaço de carne, isso realmente mexeu muito comigo e aí eu posso dizer que esse foi assim um estopim gota d’água que realmente me fez pensar: não, agora não dá mais!”, narrou o vegano.
Como substituir a carne animal?
A Dieta tradicional do brasileiro conta com um diário consumo de carne animal, que é de extrema importância para equilibrar o bom funcionamento do corpo.
A recomendação desse consumo diário de carne animal por nutricionista, tem em vista o abastecimento de proteínas necessárias para estruturar a função e regulação das células dos tecidos do corpo humano.
A profissional Ceyla Silva reforça esta ideia “as proteínas possuem funções e são componentes essenciais dos músculos da pele, dos ossos e do corpo como um todo, e proteína completa é de origem animal porque possui e fornece ao ser humano todos os aminoácidos principais e essenciais”, afirma.
Gaheris conta que estudou bastante sobre como funciona o processo nutricional do corpo humano e que após a decisão de tornar-se vegano demorou um mês para fazer a transição alimentar completa e “deu tudo certo” conta o estudante, ele ainda conta que por muito tempo não teve acompanhamento nutricional, por não achar profissionais que concordassem com a nova dieta 100% vegana.
“Fui catando as informações na internet, fui vendo artigos, vendo estudos, baixei alguns livros de nutrição e de nutricionistas, médicos e tudo mais. Eu nunca achei um profissional que respeitasse isso (veganismo), porque às vezes quando eu tentava fazer uma consulta ouvia ‘não pode fazer isso, a gente não vive sem carne’ era revoltante, porque os estudos indicam que sim, e eles diziam que não, que absurdo”, relembra Marletti.
Ainda convicto de sua escolha, Marletti continuou com suas bases de estudos e continua, até hoje, cinco anos depois, com o veganismo enraizado em sua vida.
Ele relata que recentemente, em uma consulta para realizar uma bateria de exames, teve um feedback positivo de profissionais da saúde que analisaram seus exames e confirmaram a ótima reação de seu corpo com a dieta sem conteúdo de origem animal que vem sendo submetido.
Gaheris ainda brinca com o feedback, contando que ouviu que “poderia comer um pouco menos de Ferro, e um pouco menos de proteína, porque parece que eu exagerei um pouquinho, nada demais”, contou.
A nutricionista Ceyla confirma que apesar de recomendado a carne, é realmente possível substitui-la, e dá dicas a quem pretende iniciar a mudança alimentar, retirando do prato todo e qualquer produto de origem animal “os alimentos ricos em proteína que podem substituir a carne, são os cereais, como a aveia, quinoa, milho, amaranto, arroz, centeio, feijão, soja, amêndoas, trigo, também são alimentos que substituem as carnes de forma eficiente pois são boas fontes de proteínas e vitaminas do complexo B”, concluí.
De 2012 até o ano de 2021, 8% da população se declarou vegetariana, para o número de veganos não há pesquisa com a estimativa real.
Uma coisa é certa, o número de adeptos vem crescendo a cada dia, boa parte dessa mudança é graças ao avanço e facilidade tecnológica, atribuída às redes de informações que esclarecem e apresentam o estilo de vida ao internauta.
É importante lembrar que a adesão ao estilo vegano provém de interesses individuais e fundamentos morais.
Com o aumento dos consumidores, o número de produtos veganos também cresce e chega com mais opções, qualidade e garantia de produção sem o uso animal nas prateleiras dos supermercados.
Os produtos principais do prato vegano são produtos naturais como frutas, legumes, verduras e grãos encontrados em feiras e são comuns para consumo diário de todas as preferências alimentícias.
Mas há também produtos específicos que são encontrados a partir de produção industrial.
O estudante Gaheris Marletti que atualmente mora no Canadá e vem ao Brasil em visitas frequentes, partilha de duas perspectivas sobre o mercado vegano, e afirma que apesar do Canadá ter mais variedade dos produtos veganos, encontrou no Brasil uma qualidade melhor.
No Brasil, há um site oficial para veganos que indica receitas, produtos e fornece todo um aparato informativo relacionado ao veganismo, para conhecer acesse o link.