Dia do Nordestino

A contribuição de um povo para o Brasil

Confira o especial de O Imparcial para este dia tão importante e emblemático para a cultura nordestina.

O nordestem detém uma das culturas mas diversas e influentes do país. (Foto: Divulgação)

“As pessoas, cheias de ódio, começam a nos xingar, chamando-nos burros, de miseráveis, mas eles se esquecem que precisam da mão de obra do nordestino, que quando querem curtir as férias, viajam para o Nordeste, aproveitam a culinária daqui. E sem contar, que no último ENEM, o Nordeste teve 7 das 10 notas mais altas de todo o país”.

O desabafo é da estudante Adriadna Vilaça, maranhense de Santa Rita, que afirma já ter se incomodado com comentários menosprezando o povo da região pelas redes sociais.

Adriadna Vilaça, estudante. (Foto: Arquivo pessoal)

Mas apesar das ofensas, estudante ressalta que as pessoas daqui tem como principal característica a generosidade.

“O povo nordestino, tem a humildade de olhar para o próximo e estender as mãos aos que mais necessitam, até mesmo quando ele não tem muito pra ofertar”, pontua.

E a insatisfação de Adriadna não é a única. Nesta semana, o Nordeste foi um dos assuntos mais comentados na redes sociais, em função da votação do último pleito. Com o Brasil dividido, sobrou mais uma vez para o Nordeste.

Um dos comentários que mais repercutiu foi da advogada Flávia Aparecida Moraes, em que ela dizia que “não vai alimentar quem vive de migalhas”. A OAB de Uberlândia, Minas Gerais, a exonerou do cargo que ocupava, e ainda a Defensoria Pública do Estado de Minas entrou com uma ação de danos morais em que pede indenização de R$ 100 mil.

Uma imagem que também circulou bastante desde do último fim de semana, foi a que se referia a região como “Cuba do sul”, pelo fato do ex-presidente Lula ter vencido a disputa do primeiro turno da eleição em todos os estados do Nordeste.

Em meio a essa polêmica, temos neste sábado, 8, a comemoração do Dia do Nordestino. Em 2009, instituto oficialmente, a data tem uma nobre causa: homenagear o povo e a rica cultura de todos os noves estados da região, e ainda em razão do centenário de Antônio Gonçalves da Silva, também conhecido como Patativa do Assaré ou porta-voz do sertão.

O Nordeste foi a primeira região a ser colonizada pelos portugueses, tendo sua população e cultura além de influência europeia, grande contribuição indígena e africana.

A primeira capital do país, por exemplo, foi Salvador, na Bahia, entre 1549 a 1763, mas a contribuição do povo do Nordeste ao país passa por várias áreas, como a música, a dança, a política, a literatura e a culinária.

Para se ter uma ideia, somente na literatura a colaboração é imensurável, daqui saíram nomes como Rachel de Queiroz, José de Alencar, Aluísio de Azevedo, Ferreira Gullar, Nelson Rodrigues, Jorge Amado, Manuel Bandeira, Gonçalves Dias, Ariano Suassuna, Dias Gomes e Clarice Lispector.

O alcance desses escritores ultrapassa gerações e orgulha o Brasil, quem nunca riu com as aventuras da dupla Chicó e João Grilo do famoso livro O Auto da Compadecida, de Suassuana, ou se encantou com as famosas crônicas, que depois acabaram virando série de TV, em A Vida Como Ela É, de Nelson Rodrigues, que abordava situações do cotidiano, passando pelos textos de Clarice Lispector, as famosas obras de Jorge Amado como Gabriela, Dona Flor e Seus Dois Maridos, e Tieta, e ainda pela mais emblemática telenovela brasileira, Roque Santeiro, escrita por Dias Gomes.

(Foto: Reprodução/internet)

Na música, artistas nordestinos expandiram seu talento mundo a fora levando originalidade, como Zé Ramalho, Dominguinhos, Alcione, Zeca Baleiro, João do Vale, Elba Ramalho, Raul Seixas, Alceu Valença, Luiz Caldas, Ivete Sangalo, Caetano Veloso, Djavan, Gal Costa, Maria Bethania, Pepeu Gomes, Dorival Caymmi, João Gilberto e Luiz Gonzaga. Ao longo de décadas esses artistas e outros levaram suas raízes por meio de vários ritmos como forró, baião, axé, frevo e xaxado.

Luis Gonzaga. (Foto: Reprodução/Internet)

Nas festas populares, o mês de junho é uma época imperdível para passar nos estados da região, pois as festas juninas iluminam os céus do Nordeste com ainda mais cor e cultura. Já no carnaval, os famosos blocos de Olinda e Recife, como o Galo da Madruga, levanta multidões nos dias de folia, assim como os trios elétricos em Salvador.

Região é ponto alto do turismo nacional

Além da festança, o carnaval também contribui com as economias locais gerando emprego e aumentando o turismo nessa época do ano.

E por falar em turismo as belezas naturais também atraem pessoas de diversas partes do Brasil e do mundo que buscam dias de sol e belas paisagens a serem apreciadas, como é o caso dos Lençóis Maranhenses, que segundo a Secretaria de Turismo de Santo Amaro, espera que 160 mil visitantes passem pela cidade até o fim do ano de 2022.

Outros lugares badalados são Porto de Galinhas, em Pernambuco, Canoa Quebrada e Jericoacoara, no Ceará, Praia da Pipa, no Rio Grande do Norte, Maragogi, em Alagoas, Chapada Diamantina e Trancoso, na Bahia

Nas artes cênicas, o Brasil se acostumou e reverenciou a competência de nomes como Arlete Sales, Lázaro Ramos, Wagner Moura, Renato Aragão, Tom Cavalcanti e Fabiana Karla.

Na culinária, o povo nordestino também mostra sua criatividade em pratos famosos como cuscuz, baião de dois, acarajé, o beiju (ou tapioca), vatapá e o arroz de cuxá.

Mesmo com variação de sotaques, pratos típicos, música e belas paisagens, ainda hoje é possível observar alguns estigmas que acompanham a região como sempre ser associada a pobreza e a seca.

Geralmente, quando há eleições nacionais é possível observar de forma mais contundente comentários xenofóbicos de outras partes do país em relação aos nordestinos.

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