Sobre Lord Cochrane e a independência do Brasil
Uma edição comemorativa aos 200 anos da Independência do Brasil traz à tona a conturbada questão de Lord Cochrane com a Coroa brasileira.
Uma edição comemorativa aos 200 anos da Independência do Brasil traz à tona a conturbada questão de Lord Cochrane com a Coroa brasileira. Em “Narrativa de Serviços no Libertar-Se o Brasil da Dominação Portuguesa”, de Thomas Cochrane, apresentado e organizado pelo professor doutor Natalino Salgado Filho, o leitor vai ter acesso a relatos sobre as consequências políticas e militares do grito de Pedro I, às margens do riacho Ipiranga.
Para o professor Marcos Fábio Belo Matos, que assina a contracapa do livro, “seu valor histórico é inegável, pois escrita pelo maior responsável por derrotar as resistências militares portuguesas, assim como aplicar medidas para controlar grupos lusitanos insatisfeitos com a Independência nas províncias do Nordeste e do Norte do país”.
Na orelha do livro, o professor Felipe Camarão diz tratar-se de um documento há muito inscrito nos anais de nossa história como peça indispensável para compreensão da série de situações relacionadas aos eventos militares marítimos em províncias do Nordeste e do Norte, então dominadas por grupos portugueses descontentes com a Proclamação da Independência, e subsequentes medidas de contenção político administrativas tocadas por representantes da Coroa brasileira.
“Embora seja esta memória um documento elaborado para fins de cobrança por serviços prestados ao País, é um relato vivo de um tempo de nossa história, escrita por um dos maiores responsáveis pela resistência aos avanços dos interesses portugueses, que tentaram impedir a Independência do Brasil e ameaçaram a estabilidade do Império”.
Thomas Cochrane foi um almirante escocês, um dos comandantes estrangeiros que se destacaram nos episódios militares e políticos após o Grito do Ipiranga. Segundo Natalino Salgado, a passagem do Thomas Cochrane pelos arraiais de nossa história despertou, e continua a despertar, sentimentos conflitantes.
Contratado às pressas por Pedro I, em 1823, para comandar a recém-criada Marinha Imperial brasileira, enfrentou a resistência armada dos portugueses à Independência, nas províncias do Nordeste e do Norte. Suas ações foram tanto militares quanto políticas.
Agiu sob as ordens do Imperador, com poderes totais para manter a ordem e a paz, a fim de garantir a soberania nacional e a unidade do Império tropical.
“Mesmo tendo prestado serviços da mais alta relevância ao Império brasileiro, Thomas Cochrane entrou para história nacional como personagem das mais controvertidas”, disse Natalino, em recente artigo publicado em O Imparcial. Ao todo, serão 7 matérias que serão publicadas nas próximas edições de O Imparcial, sobre a vida, feitos e conquistas do Almirante Thomas Cochrane.
A obra
Composto por 368 páginas, o livro é dividido em 14 capítulos e contém várias ilustrações, tópicos biográficos de Thomas Cochrane, notícias adicionais sobre personalidades, instituições, embarcações e artefatos náuticos, além de um guia de nomes.
A “Narrativa de serviços do libertar-se o Brasil da dominação portuguesa, prestados pelo Almirante Conde de Dundonald, de Thomas Cochrane”, veio a público primeiro em inglês, em 1859, e, no mesmo ano, foi editada a versão em língua portuguesa, traduzida pelo diplomata lusitano Antônio Ribeiro Saraiva, ambas saídas das prensas da T. Brettell, em Londres. Em 2003, as Edições do Senado Federal incluíram-na em seu catálogo.
Esta é a terceira edição, em português, desse documento, e a primeira produzida em terras maranhenses.