Cerol

Linhas chilenas: o perigo que vem do céu

A linha chilena é feita industrialmente e seu poder de corte é elevado.

Linhas usadas para cortar outros papagaios durante a prática de empinar a pipa, como linha chilena, linha da indonésia, entre outras, são comercializadas livremente e podem ser rapidamente achadas por preços que variam entre 28 e 240. (Foto: Reprodução)

Após o acidente com o empresário e piloto de paramotor, Sandro Antonio Schons, de 52 anos, que morreu após cair na praia do Calhau, no último domingo, se reacendeu a preocupação com o tipo de linha que está sendo usada para soltar pipas.

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(Foto: Reprodução)

O piloto, de acordo com o Batalhão de Bombeiros Marítimo, caiu de uma altura de 10 metros, aproximadamente. Segundo testemunhas, o piloto estava praticando o esporte aéreo quando, de repente, perdeu altitude e caiu direto na areia.

As causas do acidente ainda serão investigadas, mas os bombeiros suspeitam de pane no motor, ou ainda que uma linha de pipa com cerol teria danificado o equipamento de segurança.

A O Imparcial, o instrutor e piloto Leônidas Oliveira, proprietário da Escola de Paramotor Spartavôo disse que estava no momento do acidente e ter visto pipas no local. Segundo ele, o acidente não foi em razão dos equipamentos, já que estes haviam sido revisados há pouco tempo, e é categórico em afirmar que o acidente foi causado por uma linha de pipa. 

“O material que foi cortado, que forma as linhas do parapente é usado pela Nasa e até em coletes balísticos.  Em toda a minha trajetória de piloto e instrutor, que já vai fazer 12 anos, eu nunca vi uma linha dessa quebrar. E eu pude observar depois do ocorrido, depois de prestar socorro e de ter recolhido o equipamento que era dele, que tinha todo um conjunto de linhas do conjunto direito cortado. O equipamento está no bar dele, agora tem que ver como a família vai proceder”, disse o piloto.

Sobre o perigo de outros acidentes como esse, Leônidas disse que haverá um movimento para impedir que outras tragédias como essa ocorram.  “Aqui na Escola temos uma equipe para monitorar essas pipas. Inclusive, a gente está se juntando para procurar o poder público para ver o que pode ser feito. Temos que ver se há um instrumento legal que proíbe pipas cortantes ao  público, no caso a linha chinela que foi  o caso de ontem (domingo) e como ela pode ser aplicada”, disse.

Uso de material é crime previsto em lei

A causas do acidente ainda serão investigadas, mas não custa lembrar sobre os perigos que o uso da linha chilena podem causar. Este período do ano na capital favorece a prática de empinar pipas, papagaios… por causa dos ventos fortes.

Para muitos, a diversão está em derrubar o papagaio dos adversários, com linhas cada vez mais cortantes. Linhas usadas para cortar outros papagaios durante a prática de empinar a pipa, como linha chilena, linha da indonésia, entre outras, são comercializadas livremente e podem ser rapidamente achadas por preços que variam entre 28 e 240 a dúzia de carretilha com 1.000 metros, por exemplo.

Comercializar e usar a linha chinela é crime previsto no código penal, artigo  278, com pena de  detenção, de um a três anos, e multa. No Maranhão a Lei 11.344/2020 proíbe a fabricação comercial e a venda de cerol, substância constituída de vidro moído e cola, muito utilizado na prática de soltar pipas.

A lei também proíbe a fabricação e a comercialização da linha chilena, que é um fio encerado com quartzo moído, algodão e óxido de alumínio, ou quaisquer outros produtos que possuam elementos cortantes utilizados na linha de pipas.

A linha chilena é feita industrialmente e seu poder de corte é elevado, pois à linha original são adicionados pó de quartzo e óxido de alumínio. Com isso, ela  tem o poder de corte quatro vezes maior que o cerol. 

Exatamente por isso é que muitos jovens a utilizam, para poder partir a linha do adversário. Muitos usuários reconhecem o risco e chegam a cobrir os dedos com esparadrapos para não ferir as mãos. A linha chilena pode cortar até metal e cabos de energia.

O cerol, por sua vez é mais fabricado de forma caseira por seus usuários, com uma mistura que pode ser feita com cola e pó de vidro ou cola e pó de ferro.

De acordo com a Lei, o Instituto de Promoção e Defesa do Cidadão e Consumidor do Maranhão (Procon/MA) é o órgão responsável pela fiscalização da comercialização da venda de cerol, cujas sanções também estão previstas no Código de Defesa do Consumidor, com base na Lei nº 8.078, de 11 de setembro de 1990.

A linha chilena é feita industrialmente e seu poder de corte é elevado.
(Foto: Reprodução)

Brincadeira perigosa

O Corpo de Bombeiros Militar do Maranhão (CBMMA) adverte que o uso de linhas com fio de cobre ou cerol é perigoso e pode causar acidentes que levam à sérias hemorragias e até morte. Além de jamais utilizar estes materiais na brincadeira, o CBMMA alerta sobre outros cuidados necessários durante a brincadeira de soltar pipas:

  • Preste atenção a motocicletas e bicicletas, pois a linha, mesmo sem cerol, é perigosa para os condutores;
  • Não solte pipas perto de fios ou antenas para evitar choques elétricos;
  • Não solte pipas em dias de chuva ou relâmpagos;
  • Não retire pipas presas em fios de transmissão de eletricidade ou árvores, nem faça pipas com papel laminado, pois o risco de choque e acidente é ainda maior;
  • Procure locais abertos como, parques, praças ou campos de futebol;
  • Não solte pipa em lajes ou telhados, para evitar quedas;
  • Olhe bem onde pisa, especialmente quando andar para trás, para não cair;
  • Caso a linha quebre, não corra atrás da pipa sem observar se o caminho é seguro, como atravessar ruas e passar por buracos, para evitar acidentes.

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