Trio formado por Marisa Monte, Carlinhos Brown e Arnaldo Antunes lançam EP
Novo álbum não surgiu repentinamente; o processo criativo e de construção do projeto levou cinco anos.
Tribalistas, o trio musical nascido em 2001, com mais de 3,7 milhões de cópias vendidas de seus únicos dois discos, foi formado quando Marisa gravou uma participação no disco de Arnaldo, que estava sendo produzido por Brown.
Eles ficaram juntos por uma semana, gravaram algumas músicas juntos, e, eventualmente, formaram o trio.
Em 17 de junho, o trio, acompanhado pelo DJ e produtor, Deeplick, um dos maiores nomes da música eletrônica brasileira, lançou um EP, intitulado ‘EletroTribalistas’, a fim de reforçar a versatilidade dos Tribalistas, trazendo seis versões eletrônicas de grande sucessos do grupo, como Baião do mundo, Passe em casa, Carnavália, Velha infância, Tribalivre e Diáspora, com elementos da música orgânica e ressaltando a percussão.
O EP traz uma música inédita, que conta com a participação especial do Future OHM, um duo de música eletrônica formada por Deeplick, a banda Banda Mais Bonita da Cidade e o engenheiro de som e produtor musical, aCH. Em entrevista ao Correio, Deeplick conta que a escolha das músicas foi feita em conjunto com os integrantes dos Tribalistas.
Assim como a formação do grupo, o novo álbum não surgiu repentinamente; o processo criativo e de construção do projeto levou cinco anos.
“Era um projeto que já antecedia o álbum dois do Tribalistas, e assim nós fizemos, porque gostamos de fazer com muita calma. Nós estivemos em Salvador, estivemos em São Paulo, íamos e voltávamos, eu falava ‘ah, não é assim? Então vamos gravar novas percussões, gravar vozes novas, aproveitar vozes que nem sequer foram aproveitadas no último álbum’, e isso foi maravilhoso”, lembra Carlinhos Brown.
Deeplick trabalhou individualmente com todos os integrantes dos Tribalistas, e sua parceria com Carlinhos vem de outras datas. Agora, ele estava ansioso para atuar com o trio.
“Ao mesmo tempo que estava tenso, eu estava seguro, porque o tempo todo o Brown foi compartilhando e falando ‘olha, tem tipo de coisa que nem adianta a gente tentar, a Marisa não gosta disso, o Arnaldo não gosta daquilo’. Então, existe o frio na barriga, mas existe também a segurança de ter experiência.”
Brown enaltece a parceria com o DJ e produtor, com quem já colabora há anos:
“Trabalhar com o Deep é sempre inusitado, porque o que nós mais queríamos é que o tempo amadurecesse isso. É um trabalho Tribalistas, mesmo que sob minha responsabilidade, onde nós estamos trazendo esse formato com nosso olhar e com o olhar temporal, para que, verdadeiramente, isso ganhe força. E o DJ Deeplick foi o escolhido para executar esse trabalho”, completa o baiano.
Além dos Tribalistas, Deeplick fez parceria com grandes nomes como Shakira, Anitta, Gabriel, O Pensador, e Lan Lan. No entanto, a preferência é por trabalhar com artistas da MPB, para que a música remixada chegue onde, talvez, a original não chegaria.
“Você pega DJ tocando a nova versão em festa, pega rádio que, normalmente, só toca música pop, e, às vezes, a original não encaixa. Então, isso ajuda a expandir”, observa o DJ.
Em decorrência da expansão da música brasileira, principalmente do gênero funk, bossa nova e trap – o que pode ser observado a partir da proporção que a influência da cantora Anitta, por exemplo – Deeplick acredita que o novo projeto tem grande potencial de se irradiar para fora do Brasil.
“Claro que a divulgação fica aqui, e aí a gente vai tentando levar pra fora. Mas, acho que é um trabalho que tem potencial para expandir, porque, para alguns lugares, isso nem é considerado música eletrônica. É considerado, sei lá, música moderna”, conta.
Seria essa, então, uma tentativa de renovar a música popular brasileira e expandir o público? Para Carlinhos Brown, não. “Nós fazemos música e arte, o público é que traz essa curiosidade. Também não considero um público ‘maior ou jovem’; jovem mesmo é a música, e aqueles que estão atentos. E, a música, o ouvir não tem idade, e, sim, a curiosidade e a ousadia que fazem o novo.”
Talvez seja uma sonoridade diferente do habitual, mas que as músicas originais continuam ali, defende Brown.
“É necessário ter esse olhar e levar a música como a mesma coisa. O melhor de tudo é que a gente não precisou samplear nada, porque, aí, sim, a gente estaria envolvido no passado, e a gente está trazendo novidades. Nós temos uma mensagem clara, despretensiosa, e uma rítmica que tem muita espiritualidade, que é o que não queríamos perder. Muita gente que ouve acha que é até experimental, mas, não, é brasileiro”, finaliza Brown.