Eleições 2022: apoio de artistas gera conflito em campanha presidencial
Buscas por apoio da classe artística, seguem pelo apelo ao forte engajamento da campanha nas redes sociais.
Os candidatos da polarização, nas eleições deste ano – Lula e Bolsonaro – seguem pela busca de engajamento nas campanhas nas redes sociais.
Desde a semana passada, quando Anitta decidiu declarar publicamente o a apoio a Lula e iniciar um diálogo direto com o ex-presidente, as interações nas redes do petista ganharam um boom, de forma orgânica.
De acordo com levantamento do Observatório das Eleições, da Vert.se Inteligência Digital, houve um crescimento de 66% no engajamento, com 4,85 milhões de interações no Twitter. Enquanto isso, a campanha de Bolsonaro se manteve em alta, com engajamento de 68%, segundo a mesma pesquisa.
Mas, diferentemente de Lula, a escolha de temas de Bolsonaro tem se fixado em notícias factuais, que fazem acenos às mulheres e jovens. Um ponto de diferença usado na campanha presidencial de 2018, quando o presidente levantava a bandeira do antipetismo e da anticorrupção.
Ainda que Jair Bolsonaro (PL) tenha o apoio de artistas de renome, principalmente no meio sertanejo, o chefe do Executivo não quer se alinhar a influenciadores ou artistas.
De acordo com interlocutores da sua campanha, até o momento a ordem é para manter assim, mesmo que o assunto tenha causado uma divisão de opiniões entre Bolsonaro e os dirigentes do PL.
O monitoramento mostrou que os temas de maior interação na semana passada, associados ao seu nome, foi a ligação de Bolsonaro para a família do petista assassinado em Foz do Iguaçu e a fala de que o médico que estuprou uma paciente deveria “apodrecer na cadeia”, com com 4,22 milhões e 1,8 milhões de interações, respectivamente.
Na própria campanha, cogita-se falar com a classe artística que apoia o presidente, mas nenhuma estratégia foi definida. De acordo com fontes dos bastidores, os contatos foram feitos de forma tímida com poucos nomes que não se posicionaram nem para um lado, nem para o outro da polarização. Porém, não seguiu.
O entrave para isso tem sido o próprio Bolsonaro, com um perfil que resiste a pedir apoio, sobretudo de forma remunerada. Para ele, a aproximação deve acontecer de forma totalmente orgânica.
No entanto, com o movimento agressivo de Anitta em defesa de Lula, o assunto tende a reascender nas conversas entre os dirigentes da campanha.
Cuidado na aproximação
A cautela com esse tipo de apoio também tem acontecido pelo lado petista. Alguns interlocutores consideraram a movimentação de Anitta estratégica para abertura de espaço em um ambiente que ainda é dominado por Bolsonaro, principalmente por ter se elegido, em 2018, com as redes sociais. Aliás, a falta de agilidade em responder a artista no primeiro momento gerou críticas dentro do partido.
A postura da campanha foi proposital, porque, de acordo com articuladores, qualquer atitude mais forte poderia configurar campanha antecipada. Segundo o partido, o momento é de “montar uma chapa para fazer uma campanha de massa com uma base forte”.
“A medida que põe a cara [Anitta], ela já disse que não é petist, onde ela vai já é algo dela. Não se pode ser acusado [o Lula] de campanha antecipada, mas a militância pode fazer na rede social. O importante é a gente na rua, fazendo campanha. Agora, estamos aproveitando a militância”, revelou um parlamentar petista.
“A mobilização de massa não é feita de modo individual. Já nas redes sociais, a pessoa faz de dentro do quarto dela. As redes sociais cumprem um papel importante de esclarecimento, vai ser um instrumento fundamental, mas vai ser adicionado, profissionalizado e vamos contar com a estrutura da militância para movimentar”, continuou.
Janaína Xavier, head de Inteligência da Vert.se, acredita que a campanha de Lula está entendendo as oportunidades que pode explorar no meio digital e com a aproximação de Anitta irá mudar a estratégia.
“Acho que o Lula está pegando as oportunidades agora. A equipe do digital poderia não estar alinhada com o pessoal dos diretórios, de planejamento de campanha, não esperavam por isso, não tinha um alinhamento estratégico com a campanha digital e, talvez, com medo de errar na estratégia, eles esperaram. Por mais que se tenha uma estratégia de campanha ela precisa estar alinhada com o digital”, explicou.