Cigarro eletrônico: muito além do status social
O uso de cigarros eletrônicos virou febre no mundo, e no Brasil não poderia ser diferente.
Parece um charme, uma forma de status social, uma distração, uma modernidade, uma “aparente substituição” ao cigarro convencional. O uso de cigarros eletrônicos virou febre no mundo, e no Brasil não poderia ser diferente.
Mas após a euforia, relatos de usuários sobre as consequências ruins do uso desses cigarros eletrônicos, popularmente conhecidos como “Vapes”, e-cigarette, Vape, juul, smok, ecigar, tabaco não aquecido, pods, tem se tornado cada vez mais frequentes.
A rapper e cantora norte-americana Doja Cat cancelou sua agenda de shows após precisar realizar uma cirurgia nas amígdalas por causa de uso excessivo de cigarro eletrônico.
“O doutor teve que cortar minha amígdala esquerda. Eu tinha um abcesso nela. Então talvez eu tenha algumas más notícias para vocês em breve” relatou a cantora. No comunicado a cantora afirmou que a inflamação foi potencializada pelo uso excessivo de cigarro eletrônico que, segundo ela, é um vício.
Mais recentemente, o modelo e influenciador Lucas Viana, 31, precisou ser socorrido às pressas por uma ambulância após sentir falta de ar, causada pelo uso do dispositivo. Após ser internado ele relatou o ocorrido enquanto estava em festa, e alertou para as consequências.
Outros famosos também usaram as redes sociais para falar sobre o vape, como a cantora Solange Almeida, o cantor sertanejo Zé Neto, dentre outros.
Os cigarros eletrônicos, popularmente conhecidos como “Vapes” possuem uma série de substâncias em sua composição que provocam danos à saúde. Segundo o Instituto Nacional do Câncer (INCA), as substâncias podem provocar efizema pulmonar, além de câncer e problemas do coração.
Em reunião no último dia 6, a Diretoria Colegiada da Anvisa, o Relatório de Análise de Impacto Regulatório (AIR) sobre os Dispositivos Eletrônicos para Fumar (DEF).
O relatório técnico aprovado indica a necessidade de se manter a proibição dos dispositivos eletrônicos para fumar, o que inclui todos os tipos cigarros eletrônicos, e a adoção de medidas adicionais para coibir o comércio irregular destes produtos, tais como o aumento das ações de fiscalização e a realização de campanhas educativas.
Ao portal Brasil 61, a diretora da Anvisa, Cristiane Rose, informou que estudos científicos apontam que o uso do cigarro eletrônico entre os jovens pode potencializar a dependência e aumentar os riscos à saúde em várias esferas, além de causar sequelas neurológicas.
“Seria colocar em risco a saúde de dezenas de milhares de brasileiros e brasileiras. O uso está relacionado a diversos riscos, aumento do risco na inicialização de jovens ao tabagismo, alto poder de dependência, toxicidade, danos à saúde pulmonar, vascular, neurológico, entre outros.”
Desde 2009, todos os tipos de dispositivos eletrônicos para fumar são proibidos pela Anvisa, conforme resolução RDC nº 46, de 28 de agosto de 2009. A proibição inclui a comercialização, a importação e a propaganda de quaisquer dispositivos eletrônicos para fumar.
No Maranhão, a Lei nº11.253/2020, que dispõe sobre a Proibição da Comercialização e Publicidade de Cigarros Eletrônicos no Estado do Maranhão, determina em seu artigo primeiro, que: “São vedadas, no Estado do Maranhão, a comercialização e publicidade de quaisquer dispositivos eletrônicos fumígenos como cigarros eletrônicos, e-cigarretes, e-ciggy, e-cigar e todos aqueles dispositivos utilizados no hábito de fumar em substituição aos fumígenos tradicionais”.
Ambos contêm nicotina
Não é difícil encontrar jovens por aí com um objeto semelhante a um pen drive soltando distraídas baforadas. Há quem ache que usando um cigarro eletrônico está sendo menos prejudicado do que se usar o convencional. Outros apenas estão aderindo à modinha.
“O pior de tudo é que vicia tanto quanto o cigarro comum. Quando você se espanta, passa o dia todo usando”, disse o estudante Fábio da Silva, que a O Imparcial disse que começou a usar no passado quando estava em uma festa, mas que aos poucos está deixando de usar. “Sei dos malefícios, mas vou parar, sei que vou”, completou.
Outra estudante, a Fabiana Costa, diz que na roda entre amigos é modinha o uso. “Ah, a gente se sente mais à vontade, mais livre, mais solta. É muito bom”, diz. Pergunto onde ela adquire o produto. Ela desconversa e diz que um amigo compra para ela.
Mas não é difícil encontrar. Variedade de venda pode ser encontrada facilmente na Internet em preços a partir de 50 reais, o modelo mais simples e apenas o vaporizador, mas alguns modelos com kit completo chegam a custar 600 reais. O vape é um tipo de cigarro eletrônico.
Ele funciona aquecendo um líquido constituído por aromatizantes e nicotina, que então é inalado e exalado pelo seu usuário. Seu uso foi popularizado como uma alternativa para o cigarro convencional.
Embora o cigarro eletrônico seja visto como “melhor”, ele também não faz bem. O cigarro convencional entrega a nicotina ao organismo queimando tabaco, o vape faz o mesmo esquentando um líquido.
De acordo com o médico pneumologista do Sistema Hapvida, Walter Netto, já foram identificadas diversas substâncias, diversos componentes tóxicos e cancerígenos na composição destes dispositivos. “Sem mencionar que muitos deles também contêm nicotina, que é o principal elemento causador de dependência no tabagismo”.
E para quem pensa que substituindo o cigarro convencional pelo vape, vai deixar de fumar, o médico alerta: “A pessoa continua fumando, fumando outro dispositivo, então, como o hábito não cessa, a chance de ele ter uma recaída para o cigarro convencional é muito grande. Com certeza absoluta, o cigarro eletrônico não está entre as abordagens indicadas para parar de fumar”.
O que são os DEFs?
Os dispositivos eletrônicos para fumar (DEF) envolvem diferente equipamentos e tecnologias, constituídos, em sua maioria, por um equipamento com bateria recarregável e refis para utilização, sendo conhecidos por diferentes nomes como: cigarros eletrônicos, e-cigarette, Vape, juul, smok, ecigar, tabaco não aquecido, pods, dentre outros. Além da nicotina, o líquido possui produtos solventes como água, propilenoglicol, glicerina e aromatizantes para dar sabor.
Desde 2003, quando surgiram os primeiros DEFs, os produtos passaram por diferentes mudanças que incluem produtos descartáveis, produtos de uso único, produtos recarregáveis, refis abertos ou fechados, entre outras variações.
Desde 2009, todos os tipos de dispositivos eletrônicos para fumar são proibidos pela Anvisa, conforme resolução RDC nº 46, de 28 de agosto de 2009. A proibição inclui a comercialização, a importação e a propaganda de quaisquer dispositivos eletrônicos para fumar.
A proibição se deve à falta de dados científicos que comprovem a eficiência, eficácia e segurança dos cigarros eletrônicos. Seu uso tem sido desaconselhado por vários especialistas na área, entre os quais a Associação Médica Brasileira.