Poesia e História

Centenário de Almeida Galhardo

Saiba quem foi o poeta que morreu aos 26 anos em um trágico acidente de avião.

Almeida Galhardo será um dos homenageados na Feira do Livro de São Luís deste anos, a FeliS. (Foto: Reprodução)

Em 8 de agosto deste ano completará 74 anos do acidente de avião no então povoado da Forquilha, que vitimou dois pilotos: o poeta Almeida Galhardo e Alberto Fontoura Chaves, funcionário do Banco do Estado do Maranhão e piloto de avião.

Almeida Galhardo será um dos homenageados na Feira do Livro de São Luís deste anos, a FeliS. 

Mas porque falar de Almeida Galhardo? Quem era ele?

Neste ano de 2022, é o centenário dele que era poeta, piloto de avião e jornalista. Galhardo trabalhou nos Diários Associados, matutino que inclusive deu a cobertura do acidente que o levou à morte e que é considerado, segundo o historiador, professor e membro efetivo do IHGM, Euges Lima, o segundo acidente do gênero em São Luís.

No artigo “1948: O acidente aéreo que abalou São Luís”, Euges Lima discorre sobre as últimas horas do poeta. “6 de agosto de 1948… Almeida Galhardo estava no seu quarto, pensativo, na república onde morava, no Centro de São Luís, compondo mais um de seus sonetos. Seu plano, era em breve, assim que conseguisse recursos financeiros suficientes ou apoio, publicar seu primeiro livro de poemas, alguns já bem conhecidos, como Cruz de Ouro e Gaiovotas, publicados anteriormente em jornais da cidade. Quando de repente, chega uma carta vinda da sua cidade natal – a longínqua e paradisíaca Tutóia – informando que sua mãe, Dona Joaquina, não passava nada bem e teria ido com urgência para a cidade de Parnaíba, no Piauí, em busca de auxílio médico”.

Começava aí a saga para ver sua mãe com a maior urgência que pudesse haver. Naquela época, a maneira rápida pelo ar. Como Galhardo era aviador do estado do Maranhão, pediu emprestado ao deputado estadual Januário Figueiredo, seu avião monomotor “Aeronca” P.P. – R.Z.P. Camocim.

“8 de agosto… A aeronave não era nova e precisava de revisão, por isso, Galhardo, convida seu amigo e colega de Aeroclube, Betinho Chaves (Alberto Augusto Fontoura Chaves) para juntos revisarem o avião. Após o trabalho de revisão pelos pilotos, já durante à tarde, eles resolvem testá-lo e escolhem sobrevoar o então povoado da Forquilha (hoje, Bairro da Forquilha), área rural de São Luís, pois lá residiam algumas garotas conhecidas dos pilotos”.

Porém, uma pane no motor desestabiliza a aeronave e ela cai em meio a uma roça da região. A carcaça do avião ficou completamente danificada. “Almeida Galhardo, não resistiu e faleceu na hora com o impacto do avião no solo, no entanto, seu colega Betinho, ainda foi retirado dos destroços com vida, porém, não resistiu aos ferimentos e morreu ao dar entrada no pronto socorro”, conta Euges.

Almeida Galhardo tinha 26 anos, era jornalista, cronista esportivo – entusiasta do futebol maranhense -, poeta em ascensão e piloto de avião. Era bem conhecido no meio jornalístico e cultural da cidade, era membro do CCGC (Centro Cultural Gonçalves Dias), uma das mais importantes agremiações literárias da juventude ludovicense da época.

O velório dos dois amigos se deu na residência de Betinho, na Rua de Santana, n.º 478, próxima a uma fábrica de velas. De lá, saíram em cortejo fúnebre em direção ao Cemitério do Gavião, na Madre Deus, onde estão sepultados. Várias autoridades acompanharam o cortejo, inclusive, o então governador do estado, Sebastião Archer, além de um grande número de amigos e populares. Este ano, no dia dois de dezembro, será comemorado o centenário do poeta Almeida Galhardo, no dizer de Lago Burnett, “o poeta das gaivotas”.

“O poeta das gaivotas”

Embora muito jovem, deixou uma obra e uma história, que há muito esquecida, merece ser revivida e registrada. (Foto: Reprodução)

“’O poeta das Gaivotas’ , que tanto cantou a liberdade do vôo das gaivotas e o azul infinito do céu, que adorava voar, tragicamente e ironicamente, aos moldes dos poetas românticos, morreu jovem, em consequência de um acidente de avião no então povoado da Forquilha”, contou Euges.

Embora muito jovem e em início de carreira, deixou uma obra e uma história, que há muito esquecida, merece ser revivida e registrada. 

Segundo Nascimento Morais Filho (1948): “Almeida Galhardo é incontestavelmente, um dos autênticos representantes da nova geração maranhense e o astro mais arrojado e o mais audacioso que possuímos nos últimos tempos”.

A obra do poeta

Francisco das Chagas Almeida Soares – Conhecido pelo pseudônimo de Almeida Galhardo, nasceu no dia 2 de dezembro de 1922, em Tutoia, Maranhão, era filho de Pedro Soares e Dona Joaquina de Almeida Soares. Residia em São Luís desde os 14 anos, quando veio estudar no Seminário Santo Antônio. 

Em 1943, deixou o seminário e seguiu carreiro como jornalista, cronista esportivo, poeta (centrista), ligado ao CCGD e mais recentemente como aviador. Era solteiro, não deixou filhos.

Seu poema mais famoso, “Gaivota” foi publicado dois dias após a sua morte, no Diário de São Luís em 10 de agosto de 1948. Sua obra e sua história é contada no “Almeida Galhardo – o poeta das gaivotas”, de José Carlos Ramos, que fez uma pesquisa sobre a vida dele, para que ele deixasse de ser o poeta esquecido.

“Apesar dos jornais da capital terem noticiado a morte desse importante ícone da poesia tutoiense e o mesmo ter sido homenageado na sessão da Câmara de Vereadores de São Luís do dia 9 de agosto daquele ano, e ainda, por intelectuais da época como Lago Burnett, Fernando Lopes e outro, Almeida Galhardo ficou no anonimato por quase duas décadas após sua morte, inclusive em sua terra natal. Somente com a vinda do Padre Hélio Maranhão, em meados da década de 1960, que Tutóia ficou sabendo quem de fato teria sido Almeida Galhardo. Nos sites de pesquisas e nas bibliotecas pouco ou quase nada se encontra sobre o vate tutoiense”, escreveu o escritor, poeta, jornalista e professor de Língua Inglesa Antonio Gallas.

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