INICIATIVA

Campanhas de combate à violência contra mulher ocupam os arraiais de São Luís

Neste ano já foram praticados 29 feminicídios no Maranhão.

Finalidade é alertar a população contra as formas de violência e informar os canais de denúncia. (Foto: Reprodução)

Além dos grupos folclóricos, comida típica e toda a áurea que envolve os festejos juninos, o público que for aos arraiais de São Luís também receberão a visita de uma comitiva para divulgar a campanha “Catirina que só quer viver… com respeito, com dignidade”, o trabalho de prevenção à violência de gênero nos arraiais de São Luís é uma iniciativa promovida pela Secretaria de Segurança com apoio da Casa da Mulher Brasileira.

A primeira parada foi na Vila Palmeira, onde a equipe realizou a distribuição de materiais informativos e promoveu o diálogo com a população.

A referência com o personagem do auto do bumba meu boi, é para entrar no clima do período junino, e claro, para chamar a atenção da população que a mulher merece viver. Neste ano, até então, segundo informações do Departamento de Femicídio, já foram cometidos 29 feminicídios no estado.

O feminicídio é o ápice da violência contra a mulher, quando a vida lhe é tirada.

A ideia de ter esse diálogo com a população dentro do festejo junino, é que segundo a rede de proteção e combate à violência, nesse período aumenta o número de casos de violência contra a mulher. 

“Durante esse período junino, como há muitas festividades, há muito consumo de álcool, às vezes também de drogas. É uma série de problemas com relação especialmente aos relacionamentos afetivos e amorosos que podem acontecer. Então a gente vem com a expectativa de que talvez haja um incremento no número de violências praticadas contra a mulher, especialmente no contexto doméstico e familiar, e também no que se refere ao assédio sexual que pode ser promovido nesses espaços públicos”, disse a Delegada Kazumi Tanaka, Coordenadora das Delegacias da Mulher,

A campanha vai rodar os arraiais dando o recado a todas as mulheres para que elas sintam em segurança e brinquem o São João com tranquilidade. 

“A gente já foi nesse da Vila Palmeiras, mas também nós vamos ainda no Arraial do Ipem, no da praça Maria Aragão que já estão inicialmente programados. E a gente vai dar continuidade também a outros arraiais utilizando também da fala nesses espaços para poder alcançar o maior número de pessoas. A gente também está ajudando outras campanhas que estão sendo feitas, como a campanha da Secretaria da Mulher que foi lançada agora”, disse Kazumi,

Nos arraiais, segundo a delegada, a Polícia Civil está preparada para prestar atendimento em casos de violência. No arraial da Vila Palmeira, uma equipe fixa da Polícia Civil à disposição da mulher, inclusive para registrar boletim de ocorrência.

Para a delegada Wanda Moura, Chefe do Departamento de Feminicídio, é importante usar o espaço para falar da violência contra a mulher e dos canais disponíveis para denúncia. 

“O feminicídio não acontece da noite para o dia. A maioria dessas mulheres são assassinadas pelos próprios maridos, ou ex-maridos, no momento em que elas decidem romper com o relacionamento abusivo que durou anos. No decorrer desse relacionamento ela sofreu várias formas de violência, por isso que qualquer tipo de violência precisa ser combatido, porque se não for, infelizmente a gente pode chegar a um feminicídio”, alertou.

“Em caso de denúncia, pode ligar para o 181, para o disque denúncia, no caso de flagrante ligue para o 190”, completou a delegada.

A Diretora da Casa da Mulher Brasileira, Susan Lucena, usou o espaço para falar também sobre as medidas protetivas de urgência, um recurso que já tem salvado as vidas de muitas mulheres.

 “A gente não queria mais falar de violência contra a mulher, mas por que que a gente fala? Porque acontece demais. São mais de 25 casos de feminicídios só no Maranhão. A gente não tem mulheres com medidas que estão sendo vítimas de feminicídio. Medidas protetivas salvam vidas. A Casa da Mulher Brasileira funciona 24h, então para mulher evitar o feminicídio, ela pode ir pedir uma medida protetiva. Se a gente for conversar com mulheres e perguntar se foram vítimas de assédio, eu não conheci uma que não tenho sido. E os assédios acontecem dentro do ônibus, acontecem nesses espaços, e infelizmente no período de São João aumenta o número de violência contra a mulher. E é por isso que a gente está com essa campanha”, disse.

Polícia Civil estará com unidade móvel nos arraiais

Durante as festividades juninas, a Polícia Civil vai fazer atendimentos em sua Unidade Móvel em vários arraiais da região metropolitana de São Luís nos dias de maior frequência de público.

Registro de boletins de ocorrência, perda de documentos e de objetos, e na emissão de guias de corpo delito de casos ocorridos no evento. Além disso, policiais civis estarão divulgando ações específicas como o trabalho de prevenção a violência de gênero, bem como uma atuação ostensiva de segurança e de prevenção de crimes. O projeto deve se estender até o dia 3 de julho.

“Nossa Toada é o Respeito: Não é Não”

Também ontem (17) foi lançada a campanha da Secretaria de Estado da Mulher (SEMU), “Nossa Toada é o Respeito: Não é Não”, no 2º Encontro de Gestoras Municipais de Políticas Públicas para as Mulheres.  A campanha visa a prevenção e o combate a crimes de assédio e outras violências contra as mulheres, durante as festividades juninas, com a entrega de materiais impressos aos municípios.

Segundo o órgão, a ideia é promover a troca de experiências sobre as demandas específicas de cada município, para articular e mobilizar agendas coletivas, fortalecendo a defesa, a valorização e o protagonismo feminino em todo o estado, dando continuidade às ações voltadas para a erradicação de todas as formas de violência no Maranhão.

Na oportunidade, foram lançados o “Selo Amigo da Mulher”, edição 2022, e a II Fase do Edital Mulheres Guardiãs-Indígenas e Quilombolas, além da apresentação do Programa Mulher Ativa.

29 casos de feminicídio

Um dos mais recentes casos de violência contra a mulher se deu no início deste mês, e vitimou Tatiane Corrêa Garcez dos Santos, de 33 anos, morta pelo ex companheiro a tijoladas, em Paço do Lumiar, cidade na Região Metropolitana de São Luís.

Tatiane foi encontrada morta no dia seguinte ao crime, próximo a um lava a jato, despida e com marcas de agressão no rosto. De acordo com Wanda Moura, chefe do Departamento de Feminicídio da Superintendência de Homicídio e Proteção a Pessoas (SHPP), o suspeito prestou depoimento e acabou em contradição. A Polícia Civil informou ainda que Tatiane e o suspeito se conheceram há dez anos, e tinham três de relacionamento.

A vítima, eu estava morando em São Paulo, retornou ao Maranhão no início do ano e voltou a namorar com o suspeito. O homem foi levado para o Sistema Penitenciário do Maranhão, onde vai permanecer à disposição da justiça.

No dia 25 de maio, a Polícia Civil, conseguiu prender um homem acusado de assassinar a esposa, Euziane Conceição da Silva, de 25 anos, com mais de dez golpes de facão na frente do filho de 2 anos. O crime ocorreu no dia 22 de maio, em Vargem Grande. O motivo do crime seria ciúmes, pois Marcelo teria viajado e desconfiava que Euziane estaria o traindo. Após o assassinato, Marcelo fugiu para uma área de matagal.

Antes de prendê-lo, a polícia passou três dias fazendo a busca onde o suspeito, Marcelo dos Santos, de 30 anos, estava escondido, e que possivelmente estava sendo ajudado por familiares com água e comida. No Maranhão, de janeiro até abril foram registrados 19 crimes de feminicídios. Em maio e junho, mais 10, totalizando 29 casos no estado, segundo o Departamento de Feminicídio.

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