LUTA CONTRA A ESCRAVIDÃO

Filme sobre maranhense, “Pureza”, estreia nesta quinta-feira (19)

O filme é inspirado na história real de Dona Pureza, uma mãe maranhense que, durante três anos, desafiou todos os perigos para encontrar seu filho.

Dona Pureza, nascida em Presidente Juscelino, é interpretada por Dira Paes. (Foto: Reprodução)

Vencedor de 28 prêmios nacionais e internacionais, o longa “Pureza”, protagonizado por Dira Paes, estreia em todo o Brasil no dia 19 de maio.

Dirigido por Renat Barbieri e produzido por Marcus Ligocki Jr, o filme é inspirado na história real de Dona Pureza, uma mãe maranhense que, durante três anos, desafiou todos os perigos para encontrar seu filho e se tornou um símbolo do combate ao trabalho escravo contemporâneo.

Sua trajetória de luta foi reconhecida internacionalmente e, assim, em 1997, recebeu em Londres o Prêmio Antiescravidão oferecido pela organização não governamental britânica Anti-Slavery International, a mais antiga organização abolicionista em atividade.

O filme “Pureza” emociona e chama atenção para uma das causas mais importantes no Brasil e no mundo: a erradicação do trabalho escravo contemporâneo. 

É um filme de impacto que pretende criar o ambiente propício para a sensibilização e conscientização da sociedade brasileira para essa realidade no País, conclamando a sociedade brasileira a engajarse pela definitiva erradicação do trabalho escravo contemporâneo e a promoção do trabalho digno no Brasil.

“Pureza tem carga de realidade suficiente para despertar a sociedade brasileira para a tragédia do trabalho escravo contemporâneo e ainda atuar de forma preventiva para essa situação. Quando um trabalhador comum assiste este filme, ele entende a mecânica do trabalho escravo, como acontece o aliciamento, por que seus documentos são confiscados. Estamos fazendo sessões em regiões vulneráveis para aumentar a consciência do país sobre esse gravíssimo problema que afeta a dignidade humana. É necessário abrir os olhos e o coração da sociedade brasileira para o trabalho escravo. Precisamos virar essa página dramática de nossa História”, diz Renato Barbieri, diretor do filme.

O longa-metragem é um filme ficcional com um processo inédito de engajamento social desde sua viabilização, que conta, até agora, com a participação de mais de 85 organizações atuantes na causa.

É uma produção de Gaya Filmes e Ligocki Entretenimento, com direção de Renato Barbieri, produção de Marcus Ligocki Jr., distribuição da DownTown e Paris Filmes e o protagonismo da grande atriz Dira Paes como Pureza.

So­bre Do­na Pu­re­za

 Pureza foi premiada em Londres pela Anti-Slavery International, que combate o trabalho escravo no mundo todo. (Foto: Reprodução)

Pureza Lopes Loyola nasceu em Presidente Juscelino, município a 85 km de São Luís, e se mudou para Bacabal, a 240 km da capital, onde o marido tinha parentes.

Com o fim do casamento, a sobrevivência passou a depender da olaria e da venda de tijolos na qual trabalhava ombro a ombro com seus cinco filhos. Evangélica, alfabetizou-se aos 40 anos com o objetivo de ler a Bíblia.

Em 1993, depois de meses sem notícias do filho caçula, Antônio Abel, que partira em busca da sorte no garimpo, Pureza decidiu seguir seu rastro.

Com a roupa do corpo e munida de uma bolsa, sua Bíblia e uma foto de Abel, Pureza estava decidida a encontrá-lo vivo ou morto. Sabia apenas que ele tinha ido ao Pará.

Em sua busca determinada por Abel, Pureza visita fazendas e descobre um perverso sistema de aliciamento e escravidão de trabalhadores “contratados” para derrubar grandes extensões de mata nativa a fim de converter a área em pastagem para o gado.

De fazenda em fazenda, Pureza conheceu de perto o drama dos peões, tornando-se amiga e confidente de muitos trabalhadores.

Conheceu por dentro o sistema pelo qual os empregadores confiscavam documentos de identidade dos empregados e tornavam-nos totalmente dependentes dos encarregados para obter roupa, comida e produtos básicos. Ouviu relatos dramáticos de trabalhadores que poderiam ser mortos se tentassem se rebelar ou fugir.

Com a ajuda da Comissão Pastoral da Terra – a CPT, Pureza entrou em contato com o Ministério do Trabalho e o Ministério Público do Trabalho no Maranhão, no Pará e em Brasília. Chegou a escrever cartas para três presidentes da República: Fernando Collor, Itamar Franco (o único que lhe respondeu) e Fernando Henrique Cardoso. Até hoje, ela guarda uma cópia de cada uma dessas cartas.

A batalha de Pureza para encontrar Abel deu impulso decisivo à criação, em 1995, do Grupo Especial Móvel de Fiscalização, que uniu auditores-fiscais do trabalho, policiais federais e procuradores do trabalho para viabilizar o cumprimento da lei e a observância de direitos trabalhistas em todo o território nacional.

Em 1997, Pureza recebeu em Londres o Prêmio Anti Escravidão da Anti-Slavery International, a mais antiga organização de combate ao trabalho escravo em atividade no mundo.

Hoje, Abel vive em Bacabal com Pureza e a família. Entre 1995 e 2021, o Grupo Móvel libertou mais de 57 mil trabalhadores em condições análogas à escravidão.

Em 2018, segundo estimativas da Walk Free Foundation, 369 mil pessoas foram submetidas à escravidão no Brasil.

No mesmo ano, segundo a OIT, 40,3 milhões de pessoas foram submetidas à escravidão no mundo. A política de combate ao trabalho escravo no Brasil se tornou referência mundial. Atualmente, o combate ao trabalho escravo enfrenta retrocesso no atual governo federal e no Congresso.

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