Ato marca o 18 de maio na Cidade Operária
Meninas líderes realizam ato em alusão ao combate do abuso e exploração sexual de crianças e adolescentes no Brasil.
Quando você ouve a expressão menina líder, o que vem à cabeça? A expressão é autoexplicativa: menina que toma a frente de alguma situação. Neste caso, na matéria de hoje, trata-se de meninas que lutam para terem seus direitos reconhecidos e aplicados.
Meninas da macrorregião da Cidade Operária/Cidade Olímpica realizam nesta quarta-feira, 18, às 16h, um ato em alusão ao dia 18 de maio, Dia Nacional de Combate ao Abuso e à Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes. Elas fazem parte do Coletivo Menina Cidadã.
“Eu estou desde o início, quando ainda era só um projeto até se tornar coletivo. E fui motivada pelo projeto Elas por Elas que falavam sobre protagonismo feminino, liderança e isso despertou em mim um outro olhar pra dentro da minha comunidade, de saber que a gente precisa estar atento ao sistema de políticas públicas de um modo geral, e isso em 2019. Quando o projeto iniciou em 2021, eu entendi que eu precisava estar engajada nessa causa. Tem uma série de direitos que nos são negados todos os dias. Quem melhor do que nós para falar sobre esses direitos?”, questiona Bianka Melo, moradora da Cidade Operária e Menina Líder.
O ato público cultural de intervenção no Viva Cidade Operária com a participação de artistas, pessoas da comunidade, artistas de rua e pessoas que lidam com os direitos das crianças e adolescentes, é em parceria com o Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) e Fundação Justiça e Paz se Abraçarão (FJPA).
Vai haver muita arte, revoada de pipas, oficinas de amarração de cabelo, música autoral, dentre outras atividades.
“O dia 18 de maio é um marco na proteção contra as violências contra crianças e adolescentes no Brasil. É importante que toda a sociedade brasileira aprenda quais são os sinais dos diferentes tipos de violência, incluindo a violência sexual. Ao mesmo tempo, é fundamental que os serviços públicos se preparem para atender os casos e prestar a assistência adequada às crianças e adolescentes vítimas e testemunhas de violência. A lei 13.431, ou Lei da Escuta Protegida, veio confirmar para os governos municipais e estaduais como deve ser feita essa preparação dos serviços de forma integrada, evitando a re-vitimização, que ocorre quando a criança ou adolescente tem que contar e recontar inúmeras vezes a situação, em diferentes órgãos, sem que esses órgãos tomem as medidas devidas para proteger sua integridade física e psicológica, e sem proteger sua privacidade. O Coletivo Menina Cidadão, em São Luís, é um parceiro exemplar nessa jornada de mudança dos serviços e na cultura da sociedade para fortalecer a responsabilidade de todos e de cada um em proteger meninos e meninas,” comemora a chefe do escritório do UNICEF em São Luís, Ofélia Silva.
Combate à violência e luta pelos direitos
Para Júlia Nabate, menina líder do Coletivo, o dia pretende ser uma oportunidade de lutar pelos direitos de meninos e meninas e assegurar que todos sejam ouvidos.
“Esse dia ressalta uma pauta que a gente luta diariamente e sabemos que crianças e adolescentes são expostos a diversas formas de violência. Elas, muitas das vezes, relatam o que aconteceu e não são levadas a sério”, reforça.
Durante o ato, as meninas líderes vão realizar panfletagem com mensagens de alerta sobre como prevenir e combater as violências e preconceitos, publicadas em panfletos marcados com as cores fortes da luta das meninas, produzida pelo próprio Coletivo. A distribuição será também acompanhada de rodas de conversa sobre empoderamento feminino, dignidade menstrual, violência com base no gênero e racismo.
“O projeto Menina Cidadão está na sua segunda etapa, em uma parceria com a fundação JPA e UNICEF, envolvendo parceiros da macrorregião da Cidade Operária, especialmente, Cras, Creas, Conselho Tutelar, escolas públicas ligadas às Secretarias Municipais e Estaduais de Educação, o projeto visa atender meninas em idade fértil trazendo temas como saúde menstrual, competências para a vida, violência de gênero e combate ao racismo. Esta é uma oportunidade de fazer com que as meninas do nosso território encontrem o seu lugar dentro da sua comunidade para protagonizar a vida, defendê-la e resgatar valores ancestrais”, lembra o diretor presidente da Fundação Justiça e Paz se Abraçarão, Paulo Sérgio Filho.
Bianka reforça que meninos e meninas precisam ser ouvidos e esses projetos permitem que eles tenham oportunidade de serem escutados. “Nossos meninos e meninas tem privação de direitos todos os dias e eles tem um potencial gigante que precisam ser mostrados”, disse.
O Coletivo Menina Cidadã é formado por meninas afrodescendentes vindas da macrorregião da cidade operária/Cidade Olímpica que debatem suas realidades e buscam assegurar direitos para suas comunidades.
Cerca de 250 meninas já participaram do Coletivo e hoje conta com 30 meninas líderes que se dividem entre oficinas, distribuição de absorventes e rodas de conversa sobre saúde menstrual, violência de gênero, racismo e empoderamento feminino.