Unidades de hospitais filantrópicos podem fechar no Maranhão
As unidades farão em todo o país uma paralisação para alertar a sociedade sobre o subfinanciamento do SUS.
No dia 19 de abril, as Santas Casas, hospitais e entidades beneficentes, farão em todo o país uma paralisação para alertar a sociedade sobre o subfinanciamento do Sistema Único de Saúde.
O objetivo é conscientizar a todos sobre o insuficiente recurso de custeio alocado e o déficit financeiro que as instituições estão passando. A forma como será feito o movimento ainda está sendo avaliado.
Em todo o Brasil são 1.824 hospitais filantrópicos. No Maranhão, são 6. De acordo com a CBM, os hospitais filantrópicos dispõem de 169 mil leitos hospitalares e 26 mil leitos de UTI, sendo que em 824 municípios do Brasil, a Santa Casa ou Hospital Filantrópico é o único equipamento de acesso ao cuidado e à assistência em saúde, com uma representatividade ao SUS nacional de 70% do volume assistencial da alta Complexidade e 51% da média complexidade.
Dependem economicamente destas instituições mais de 3 milhões de pessoas, com vínculo direto e/ou indireto.
“Esta relação dos hospitais com o SUS, pública e notoriamente conhecida, é crescentemente deficitária já há mais de duas décadas, levando os hospitais a um alto endividamento, em mais de R$ 20 bilhões, sucateamento das suas estruturas físicas e tecnológicas, situação que foi agravada durante a pandemia da Covid-19 e persiste com cenário irreversível de caos, principalmente no abastecimento de materiais e medicamentos com preços elevadíssimos, além da inflação que persegue os custos dos nossos hospitais letalmente”, diz o documento.
Fundação passa por dificuldades financeiras
De acordo com Antonio Dino Tavares, vice-presidente da Fundação Antônio Dino, que mantém o Hospital Aldenora Bello, a instituição, há muitos anos, passa por sérias dificuldades financeiras, embora tenha o recurso das emendas parlamentares.
Antonio Dino, que representa os hospitais filantrópicos e as Santas Casas no estado, garante que o Maranhão vai aderir à paralisação nacional. A defasagem da tabela do SUS é um dos principais problemas enfrentados pelos hospitais filantrópicos e a situação do Hospital Aldenora Belo, não é diferente de nenhuma outra entidade filantrópica.
“A gente trabalha pela tabela SUS e no nosso caso, não temos reajuste desde 2009. Para se ter ideia, uma consulta médica pela tabela SUS é R$ 11,60, como não consigo achar médico para trabalhar por esse preço, a gente tem que pagar a diferença. Temos u prejuízo mensal que chega a quase R$1,5 milhão, e aí, por conta disso, nos últimos 6 anos já fecharam mais de 300 filantrópicos no Brasil, incluindo um do Maranhão que foi a São Camilo de Grajaú”, disse Dino.
Ele ainda destaca que todos os hospitais estão endividados, porque precisam para empréstimos para poder cobrir o déficit.
De acordo com ele, a verba do Governo Federal para a Fundação de R$5.86 milhões. Mas se ela produz acima disso, ela tem que arcar com os custos. A manutenção das atividades do hospital e demais ações promovidas pela Fundação Antonio Dino torna-se possível através da complementação do seu custeio, por meio de empréstimos, emendas parlamentares e doações.
“A gente produz bem acima disso mensalmente, porque se chega um paciente fazendo quimioterapia eu não posso dizer para ele que o ciclo dele encerra em 15 dias, mas eu preciso parar o tratamento porque o SUS só me paga até hoje”, exemplifica.
Dino conta que precisa fazer empréstimos anuais para bancar os custos da Fundação, e que mesmo pagando a juros menores determinados pelo governo, ainda é algo injusto, pois as instituições acabam pagando uma conta que é do governo para o próprio governo.
“Todas as filantrópicas estão passando por isso, só que chega uma hora que a situação fica insustentável. Depois da pandemia os custos aumentaram demais. Em 2009 a tabela já não era boa, hoje está impraticável. Essa é uma questão muito séria. A gente tem que debater isso. Não está certo as filantrópicas pagarem uma conta que não é delas”, disse Dino.
O Hospital do Câncer Aldenora Bello é a principal unidade mantida pela Fundação Antonio Dino, cujo foco é o tratamento do câncer. Foi fundado em 1958 e oferece assistência multidisciplinar aos seus pacientes e familiares. Os atendimentos aos pacientes são realizados através de convênio com o Sistema Único de Saúde (SUS) em mais de 80% dos casos.