O destino do “Pirata da Litorânea”
Após ser resgatado, “Pirata da Litorânea” foi encaminhado para a UPA do Araçagi, mas acabou fugindo.
Desidratado, nervoso e cansado. Assim estava Antônio Carlos da Silva, de 50 anos, conhecido como o “Pirata da Litorânea”, após ser resgatado pelo Corpo de Bombeiros do Maranhão (CBMMA), depois de 15h de negociação.
Antônio Carlos subiu em uma torre de transmissão no bairro do São Francisco, na manhã de quarta-feira, dia 30 de março. O CBMMA atendeu a ocorrência às 10h, e a operação contou com 17 militares, sob o comando do coronel Célio Roberto, Comandante-geral do CBMMA.
Polícia Militar e socorristas do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU) também estiveram presentes no apoio ao trabalho dos resgatistas. De acordo com major Lisboa, os bombeiros escalaram a torre da empresa, conversaram com Antônio Carlos e negociaram a descida em segurança.
Em seguida, ele recebeu os primeiros socorros e foi encaminhado para a UPA do Araçagi, com indicação para internação em uma clínica psiquiátrica. Porém, ao chegar no Hospital Nina Rodrigues (no Monte Castelo), segundo informações dos socorristas, ele conseguiu fugir da ambulância do Samu que o transportava.
Até o momento do fechamento desta matéria, ele ainda não havia sido encontrado. Para resgatar o Pirata da torre de transmissão, o Major Lisboa disse que foi preciso um trabalho de cautela para que tudo fosse feito em segurança.
“Foi uma operação bem complexa porque ele estava em uma altura bem elevada e estava nervoso, bastante chateado, reclamava. A estratégia é sempre manter contato para tentar conseguir a confiança dele. E assim foi feito. Foi um trabalho de conscientização e paciência”.
De Pirata a Stone Black
Você sabe quem é Antônio Carlos da Silva e por que ele se tornou Pirata da Litorânea? Em 2018, quando ele tinha 46 anos, a TV Impar fez uma matéria com ele publicada no jornal O Imparcial.
Na ocasião, ele contou sua história e de como iria passar de personagem da Litorânea a Stone Black, o ilusionista.
Em Catolé do Rocha, na Paraíba, Antônio Carlos da Silva, teve seu primeiro contato de amor com o Maranhão. Foi através de uma professora de artes plásticas, por quem se apaixonou aos 10 anos.
Em conversa com a reportagem, ele disse:
“Chegou um circo na minha cidade, e eles faziam os concursos de imitação de Michel Jackson, Luiz Caldas. Eu ganhava todos”, disse com orgulho.
O sucesso foi tanto que ele foi convidado a seguir com o circo no restante da turnê pelo Brasil. Antônio decidiu não seguir com o circo. Não podia deixá-las desamparadas.
Anos depois, em 2009, com as irmãs crescidas e um filho encaminhado, Antônio Carlos decidiu por em prática seu sonho de menino. Juntou dinheiro, comprou um Fusca 83, e decidiu viajar.
“Eu viajei toda a América Latina. Mas o melhor: as praias do Brasil, eu conheço todas elas”, disse.
A paixão pelo mar era tanta que durante a jornada decidiu mudar e virou Pirata: um personagem que desbravaria os quatro cantos do litoral.
“É difícil as pessoas entenderem que um cara vive um personagem. Elas acham que sou mendigo. Elas não entendem a arte”, disse à reportagem.
Quando chegou em São Luís há 12 anos, fez do calçadão da Litorânea, sua casa, até 2018. Ele vivia da renda das apresentações que fazia na Avenida Litorânea interpretando personagens. Para dormir, o artista retirava o banco do carro e dormia à beira mar.
A saga do Fusca
Em 2014, Pirata viveu dias difíceis, após documento do Ministério Público recomendar a retirada imediata do carro do ‘Pirata da Litorânea’ (o fusca ficava estacionado perto da praça de alimentação da avenida e servia como moradia para ele).
À época, o prefeito Edivaldo Holanda Júnior instaurou um comitê para apurar a situação do Pirata. Já na SMTT, Antônio Carlos deu entrada no pedido de liberação do automóvel Fusca que se encontrava no pátio da secretaria.
A Prefeitura de São Luís garantiu assistência a Antônio Carlos Silva e em acordo com ele, a Prefeitura providenciou a regularização de documentos pessoais para abertura de conta bancária e efetivação do benefício do aluguel social.
Também foi acordado com o proprietário do veículo que o governo municipal iria providenciar ateliê náutico, que ficaria como atrativo turístico, para que ele continuasse seus espetáculos de artes e música.