PENITÊNCIAS

Jejum da carne durante a Semana Santa

Nesse dia, a Igreja pede o sacrifício do jejum e da abstinência de carne.

A Semana Santa é o grande retiro espiritual das comunidades eclesiais, convidando os cristãos à conversão e renovação de vida. (Foto: Reprodução)

Depois de dois anos com celebrações internas a Semana Santa está sendo realizada com a presença de fiéis católicos em missas, vias sacras, procissões, enfim, o rito completo nas comunidades.

A Semana Santa é o grande retiro espiritual das comunidades eclesiais, convidando os cristãos à conversão e renovação de vida.

Ela se inicia com o Domingo de Ramos e se estende até o Domingo da Páscoa. É a semana mais importante do ano litúrgico, quando se celebram, de modo especial, os mistérios da paixão, morte e ressurreição de Jesus Cristo.

O ponto alto da Semana Santa e da liturgia da Igreja é o Tríduo Pascal (ou Tríduo Sacro), que inicia com a missa vespertina da Quinta-Feira Santa e conclui com as Vésperas do Domingo. Os três dias formam uma só celebração, que resume todo o mistério pascal.

Significado

Para uns, época de comer chocolate; para outros, semana de feriado (viajar, descansar, aproveitar); para outros ainda, época de faturar no comércio. Porém, mesmo em uma época de entre o que se vive na atualidade, de apelo comercial e tribulações, muita gente segue os ritos católicos, as tradições, vive o período religioso e faz questão de passar isso adiante.

Na Sexta-feira Santa, a Igreja contempla o mistério do grande amor de Deus pelos homens. Nesse dia, a Igreja pede o sacrifício do jejum e da abstinência de carne, como ato de homenagem e gratidão a Cristo. A Igreja incentiva e convida os fiéis à prática dos exercícios quaresmais, da oração, caridade (esmola), penitência (jejum), para melhor viver a celebração da Páscoa.

Dentre as penitências escolhidas pela comerciante Francisca Alves, 63 anos, está o jejum de carne. Ela diz que não é tão religiosa como “deveria ser”, mas admite que segue os ritos católicos, aprendizado que vem desde a infância com os pais, e repassa para a sua família os valores cristãos. Na Semana Santa acompanha a programação da igreja e faz seu jejum de carne, desde a Terça-feira Santa. 

“Eu não tenho nem jeito de comer carne, especialmente na Sexta-feira Santa. Não dá, não consigo. É de mim, tradição religiosa que aprendi com meus pais e sigo até hoje. São dois dias que não como carne: na sexta-feira Santa e na quarta-feira de Cinzas. Eu sei que se a gente comer não vai acontecer nada de mal, mas eu acho que nesse dia não se deve comer. Muita gente muda porque não tem aquela base religiosa”, contou.

Mãe de dois filhos (um casal) e com duas netas ela tenta repassar o que aprendeu enquanto cristã. “A Sexta-feira Santa é um dia de parar para meditar, um dia muito importante onde você recorda a Paixão de Cristo, é um dia muito sério. Tão sério que eu não abro o meu comércio, pois é um lucro que não é lucro. É um dinheiro ilusório. A Sexta-feira Santa é um dia do Senhor”, confirma.

Sacrifício que mais se aproxima do sofrimento de Jesus

Em artigo, o arcebispo Dom Eurico dos Santos Veloso diz que o jejum “é uma antiga prática penitencial, isto é, demonstra uma disposição interior de arrependimento dos pecados e desejo de conversão e está tão ligado ao tempo da Quaresma que esta começa justamente com a celebração da quarta-feira de cinzas, dia jejum e abstinência de carne. Todas as sextas-feiras da Quaresma são, igualmente, dia de jejum e de abstinência de carne”.

O padre Valdenir Cunha explica que o jejum de carne é uma escolha do fiel, dentre tantos outros sacrifícios que ele pode fazer para se aproximar mais do sofrimento de Cristo.

“A escolha do jejum é do próprio fiel, como uma das penitências que ele vai fazer para unir o seu sentimento humano com o de Cristo. Isso pode ser convertido em forma de caridade, pois o que ele gastaria consumindo o alimento, no caso a carne, ele reverte em algo bom para os mais necessitados, ou até mesmo fazer uma obra”, disse.

Ele ainda explica que se a pessoa consumir carne no dia que a Igreja recomenda o jejum. 

“Deus não vai castigar, ou punir. A prática penitencial é uma escolha do fiel, de se privar de algo por bem maior. Existem outras práticas que podem ser feitas, como deixar de fumar, ou outras coisas”, disse Padre Valdenir.

A professora Vania Pereira, fiel católica, costuma se afastar das redes sociais nesse período e explica que é seu sacrifício pessoal. “Na semana Santa eu deixo as redes sociais de lado. É a minha penitência. Jesus sofreu por nós, então para nós cristãos, é uma forma de se solidarizar com o sofrimento dele”, disse.

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