Bife bovino está desaparecendo da refeição do brasileiro com alta de 23% do PF
O problema está nos combustíveis, que tiveram aumento de 33,33% nos últimos 12 meses.
Os reflexos decorrentes da inflação dos alimentos fizeram com que o preço médio do prato feito aumentasse 23% nos últimos 12 meses, mais do que o dobro do acumulado no Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA).
Com isso, o tão consumido bife bovino está desaparecendo da refeição do trabalhador brasileiro. Em alguns casos, o valor do PF chega a dobrar com a inclusão da carne de boi.
A economista Marcela Kawauti, da Prado Assessoria, utilizou como base para o levantamento do preço do prato feito no país os preços da carne bovina, arroz, feijão, salada de alface e tomate, batata frita, temperos e gás de cozinha vigentes em todo país.
Foram incluídos no cálculo também os temperos, como cebola, alho, sal, óleo de cozinha e azeite e o uso do gás de cozinha. Os dados representam a inflação acumulada em 12 meses, até março de 2022.
Os resultados da pesquisa mostram que, embora a inflação acumulada no IPCA seja de 11,30%, o número representa o quanto a cesta média de consumo do brasileiro cresceu entre março de 2021 e 2022. “Mas quando olhamos apenas o crescimento da refeição típica do brasileiro, o crescimento foi de até 34%, como em Porto Alegre”, explica a economista responsável pelo estudo.
O levantamento explicita que os preços dos bens essenciais ao brasileiro, como a comida diária, por exemplo, têm crescido bem acima da inflação. “A refeição típica avançou o dobro do IPCA. A isso se soma o fato de que o brasileiro não tem conseguido aumentar o valor do seu salário. Seria como dizer que, para comer um prato típico, o brasileiro gasta 23% a mais do que 12 meses atrás, sem ter um salário mais alto”, explica.
A pesquisa demonstra ainda que o preço do prato feito varia entre as capitais. “Por regiões, há algumas diferenças, mas em todos os casos a inflação da refeição típica está acima da média. Em Porto Alegre, foi registrado o maior avanço, de 34%; na outra ponta está Belém, Pará, com avanço de 15%. Em São Paulo, a alta foi de 23%”, avalia Marcela Kawauti.
O problema está na fonte de um dos maiores debates nacionais: os combustíveis, que tiveram aumento de 33,33% nos últimos 12 meses. De acordo com o IPCA, no mesmo período, a cenoura subiu 166,17%; o tomate, 27,22%; a cebola, 10,55%; e a alface, 8,87%.
A renda média do brasileiro ficou em R$ 2.489 no trimestre encerrado em janeiro de 2022, de acordo com dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD Contínua), divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A população desocupada está em 12 milhões de pessoas.