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“No Ritmo do Coração” faz relato comovente sobre a relação entre música e comunicação

Filme promove um debate sobre o espaço que os atores surdos não costumam encontrar.

Drama representa a música como algo que transcende a audição. (Foto: Mark Hill / Nordisk Film Distribusjon)

Este é um filme que faz um bom uso do apelo dramático da sua trama para explorar a questão da comunicabilidade e como as tradições familiares influenciam os rumos de cada indivíduo. A partir disso, a trama explora a conciliação entre mundos diversos para contornar as barreiras que foram impostas.

Em “No Ritmo do Coração”, Ruby (Emilia Jones) é uma adolescente de 17 anos que é a única pessoa que ouve em uma família de surdos. Após um problema familiar, ela precisa decidir entre ajudar a sua família perante suas dificuldades e o seu amor pela música.

Ruby (Emilia Jones). (Foto: Divulgação)

Trata-se de um filme no melhor estilo “Sessão da Tarde”, bem leve e com temas edificantes. A protagonista busca encontrar uma forma de seguir a sua carreira musical, mas sem conflitar diretamente com a sua família.

O filme não foge da cartilha habitual para as histórias de amadurecimento (Coming of Age) e aborda questões como: problemas na escola, discordâncias com a família na adolescência e as primeiras descobertas amorosas. O que pode ser apontado como uma história já banalizada, em “No Ritmo do Coração” ganha um novo fôlego pela forma com a trama é apresentada.

Filme promove um debate sobre o espaço que os atores surdos não costumam encontrar. (Foto: Divulgação)

Ainda que seja um remake do filme francês “A Família Béllier” (2014), este filme se diferencia do original ao propor uma discussão em torno da comunicabilidade que agrega também questões bem específicas da comunidade representada, com a questão da pescaria, o empreendedorismo e caráter reacionário que está presente nos personagens.

Outra diferença é que o elenco escalado para viver a família da protagonista, personagens surdos, realmente possuem essa condição e não apela para figuras já aclamadas e reconhecidas na indústria cinematográfica para agregar um prestígio artificial para a trama. Algo que ainda promove um debate sobre o espaço que os atores surdos não costumam encontrar. E nesse sentido, destaque para os pais Jackie (Marlee Matlin) e Frank (Troy Kotsur), que dão muita naturalidade para os personagens.

O ponto de maior destaque do filme está em como a diretora Sian Heder consegue proporcionar uma experiência leve e que encontra em momentos sutis uma grande força dramática, como na cena em que o pai pede que a filha cante para que ele possa experimentar a música ao tocar em seu pescoço e sentir as suas vibrações vocais. Destacam-se ainda as duas apresentações em que Ruby canta e sua família está na plateia, pois a música é representada como algo que transcende a audição e pode ser sentida a partir das reações das pessoas.

Em “CODA”, a música é representada como algo que transcende a audição. (Foto: Divulgação)

Por fim, vale destacar que o nome original do filme é “CODA”, pois refere-se a sigla para “Child of Deaf Adults” (Filho de Adultos Surdos), mas esta expressão também pode ser entendida como o desfecho de uma composição musical, o que conversa com a trama e a forma como a música pôde ser utilizada como conciliadora e demarcadora para o amadurecimento da protagonista.

Filme disponível no Amazon Prime Video.

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