Utilizando a música de protesto como forma de levar informação e críticas sobre um dos maiores problemas sociais do país, a Basttardz lançou o videoclipe de “Chupacabra” (assista abaixo), faixa que pertence ao EP “2021: Uma Odisseia no Inferno”, para falar do trabalho escravo e exploração da classe trabalhadora por meio de uma letra inspirada em uma das lendas urbanas mais populares.

Retratando patrões escravistas como monstros que se alimentam da força de trabalho do funcionário tal como a criatura chupacabra se alimenta do sangue de suas vítimas, o novo clipe da banda maranhense de hardcore Basttardz traz recortes de reportagens e dados sobre esse tema logo nos primeiros segundos do vídeo. De acordo com o Ministério Público do Trabalho (MPT), o Maranhão continua sendo o maior fornecedor de mão de obra escrava do Brasil e ainda aponta que dos 22% dos trabalhadores encontrados em situação análoga à escravidão no Brasil são maranhenses.

O analfabetismo e racismo também são pontos abordados no protesto musical da banda. De 2003 até 2018, foram resgatados 8.119 trabalhadores nascidos no Maranhão, sendo que, 49% dessas vítimas se declararam pretas ou pardas. Sobre a falta de acesso à educação vale destacar que, dos maranhenses resgatados, 39% eram analfabetos.

Do it Yourself

O videoclipe da música “Chupacabra” foi fabricado na política DIY (“do it yourself”, ou “faça você mesmo”), inspirado no modelo clássico de trabalho do punk rock, que gira em torno de produções feitas pelos próprios artistas e sem depender de grandes empresas ou corporações, ou seja, gerar conteúdo de maneira indie (independente).

O novo clipe da Basttardz foi produzido inteiramente pelos próprios integrantes da banda e amigos envolvidos no projeto independente. Além dos músicos do quarteto, o projeto audiovisual contou com a participação de Rogério Sousa (imagens) e Bruno Lima (sonoplastia). A direção e produção do material é assinada pelo vocalista Andre Nadler.

Sobre a Basttardz

A Basttardz é uma banda de Hardcore/Crossover fundada na ilha de São Luís, no Maranhão, em 2020, e com influências musicais de bandas como Ratos de Porão, D.F.C, Municipal Waste e Suicidal Tendencies.

Formada por Andrezão (vocais), Inaldo (guitarra), Texugo (contrabaixo) e Gabs (bateria), a sonoridade do grupo une os riffs pesados do Thrash Metal com as letras de protesto inspiradas pelas raízes do Punk/Hardcore do Brasil. Com músicas em português que traduzem o caos vivido no cotidiano do povo brasileiro e utilizando a arte como instrumento de manifesto contra o sistema, a Basttardz mostra por meio do seu nome uma adaptação do termo “bastards” (bastardos, em inglês)  para satirizar  o sonho das bandas de garagem do Brasil que se “americanizam” com nomes e letras em inglês na busca de espaço midiático no segmento musical. O grupo  também carrega o termo “bastardos” como forma de criticar o olhar mercadológico sobre a música pesada, sempre apontada como uma arte posicionada à margem da sociedade.

O álbum de estreia da banda, “Brasil com Z” (2020), conta com oito faixas que trazem assuntos que são problemas atemporais do país. Além do hardcore/crossover que marca a estilo musical do quarteto, é possível encontrar influências que vão além dos ritmos fundamentais que compõem a sonoridade da Basttardz. Do hip hop até o reggae, é possível encontrar inspirações de ritmos variados nas composições da banda. Em 2021, a banda também lançou uma extensão do álbum “Brasil com Z” intitulada de “2021: Uma Odisseia no Inferno”, material que contém duas músicas inéditas que não foram inclusas no álbum de estreia do quarteto.

Em novembro, o grupo será a primeira banda nordestina a participar do quadro “Ao Vivo”, do Canal Scena (SP), tocando o primeiro álbum do grupo na íntegra. A participação, gravada em agosto de deste ano no estúdio Family Mob, entra na lista de apresentações do projeto ao lado de grandes nomes do rock nacional como Dead Fish, Ratos de Porão, Krisiun e Molho Negro.

Além disso, a banda também vai comemorar seu segundo ano de trabalho se apresentando ao vivo no evento Manifesto Rock, no Ceprama, no dia 13 de novembro, na capital maranhense.