Aniversário

Após 71 anos, estádio Nhozinho Santos pode ser privatizado

Uma das preocupações do poder público é com os gastos para manutenção da praça esportiva, estimados em R$ 200 mil por mês, ou seja, R$ 2,4 milhão por ano.

Estádio Nhozinho Santos completa 71 anos nesta sexta-feira (1º). (Foto: Divulgação)

Palco de grandes espetáculos de futebol desde 1º de outubro de 1950, quando foi inaugurado, o Estádio Nhozinho Santos, apesar de passar por ampla reforma e reaberto ao público em setembro do ano passado, ainda tem alguns problemas, entre os quais, a falta de iluminação pública. Uma das preocupações do poder público, no entanto, é com os gastos para manutenção da praça esportiva, estimados em R$ 200 mil por mês, ou seja, R$ 2,4 milhão por ano. Foi o que revelou a O Imparcial o titular da Secretaria Municipal de Desportos e Lazer (Semdel), Ricardo Diniz.

Nesta entrevista, o secretário aponta, pessoalmente, quais as medidas necessárias a serem tomadas visando a viabilidade da preservação daquele espaço, sugerindo uma concessão pública, ou uma PPP (Parceria Público-Privada) que, segundo ele,  daria à empresa a possibilidade de realizar shows, eventos e  transformar aquele local em um “ambiente-negócio”.

Ricardo Diniz também fala do problema da iluminação do estádio, que durou pouco tempo de funcionamento após a reinauguração e tem sido a causa principal dos jogos do Moto na Série D do Brasileiro serem disputados no período da tarde. Por fim, destacou o Nhozinho Santos pela sua história, mas adiantou que há planos para viabilidade de outros estádios na Cohab, Cidade Operária e Anjo da Guarda, que poderão ser aproveitados para sediar jogos do Campeonato Maranhense de Futebol.

O Imparcial– Secretário, o Nhozinho Santos completa neste dia 1º de outubro 71 anos de fundação. Como o senhor analisa, historicamente, esta data?

Ricardo Diniz – Comemorar um aniversário significa que no decorrer dos últimos anos você adquiriu experiência, maturidade e o Nhozinho Santos, como é chamado “o Gigante da Vila Passos” é fundamental para que o esporte, principalmente o futebol, seja praticado da melhor forma possível. Ali é uma arena, que, infelizmente, na sua reforma não foi concluída, mas sua história precisa ser contada, reverberada, principalmente para os mais jovens. É claro que precisamos inovar e verificar como esse estádio pode ter muito mais benefício, e  sempre um bom funcionamento para a sociedade como um todo.

Qual a importância desta praça esportiva para o desenvolvimento do futebol profissional e amador de São Luís?

Muito importante. Queríamos ter vários outros espaços, inclusive estamos vendo como no Fecurão, na Cidade Operária, ou no Anjo da Guarda, a gente possa ter condições necessárias para sediar jogos do Campeonato Maranhense. Entendo que é fundamental descentralizar esses jogos e uma forma de fomentar também cada vez mais torcedores, ou seja, fomentar o esporte como um todo, tanto profissional como o amador.

O Nhozinho Santos está 100% apto à prática do futebol e ao conforto dos seus frequentadores, ou ainda falta alguma coisa para atingir esse índice de satisfação a atletas e torcedores e condições de trabalho da imprensa esportiva?

O estádio está 90% apto à prática do futebol. Hoje, tem cadeiras, todas as entradas estão bem feitas, a questão da segurança… o que falta, tanto para os torcedores como atletas, é verificar a questão elétrica. Temos alguns problemas, porém, estamos resolvendo o que é de curto e médio prazo. Agora precisamos resolver outros pontos, Quanto à imprensa, a Aclem nos fez um parecer no início do ano e a gente fez as adequações necessárias para que se tenha a possibilidade do melhor trabalho possível, mas é claro que estamos abertos para ouvir outros questionamentos e encontrar uma resolutividade

Há uma previsão de quando poderão ser disputadas competições no período noturno no Nhozinho Santos?

As partidas noturnas, elas poderiam ser realizadas, porque a gente consegue ligar a iluminação, que está funcionando. O problema é que não existe nenhum plano de trabalho para os profissionais, que garanta a segurança deles. Para que se tenha uma ideia, existem equipamentos que nem se fabricam mais hoje. Então, não se pode dar a garantia que aquele equipamento, caso chegue a queimar, ou tenha outro tipo de problema, não tenha como repor. Então, precisa ser refeito como um todo. Para isso, já chamamos empresas especializadas, agora é custo e a gente está pretendendo resolver o mais breve possível. O prefeito Eduardo Braide tem o maior interesse em resolver essa questão.

Quanto custa para os cofres do município a manutenção do Nhozinho? O senhor é favorável à privatização do estádio?

Hoje, o Estádio Nhozinho Santos custa uns R$ 200 mil, então, a gente fica questionando, isso representa R$ 2,4 milhões por ano. A pergunta que a gente quer fazer é uma reflexão, à sociedade como um todo: as pessoas querem esses recursos empregados num estádio de futebol ou a gente pega esses valores e investe em material esportivo, espaços em outros locais, eventos para as modalidades esportivas? Acho que isso deve ser levantado, para que a população dê sua opinião. É claro que o prefeito Eduardo Braide tem o maior interesse em ouvir e encontrar a melhor solução possível, para que tenhamos um estádio inclusivo, sustentável e algo que permaneça sendo uma referência para a classe esportiva. Eu, Ricardo Diniz, a pessoa, não o secretário, sou a favor de uma concessão pública, ou uma PPP, uma privatização, porque a empresa vai poder levar shows, eventos, para transformar aquele espaço em ambiente-negócio. Se a gente pudesse, a Semdel, a gente faria isso também.

Um gramado sintético seria uma boa solução para redução das despesas?

A gente tem que observar os custos com o gramado. São viáveis? Hoje, eu sou a favor de um gramado sintético. Se a gente consegue hoje a grama sintética, reduz as despesas em 70%. Assim, teria um espaço para funcionar o ano inteiro, dependendo de ter chuva, ou não,  é um espaço que pode ser usado de manhã, de tarde e de noite, o que hoje não pode hoje devido à questão do gramado, que tem todo um trabalho técnico pra isso, corte, limpeza, adubação, e tem que haver um descanso. Então, eu acredito que para São Luís seria muito interessante. E a gente precisa inovar, claro, encontrar novas alternativas, enfim, encontrar um melhor custo-benefício, onde o dinheiro público possa ser empregado da melhor forma. Então, quando a gente faz o cálculo matemático, eu não vejo outra saída. E aqui sugiro, que a imprensa levanta um debate, claro que não é uma decisão formada, é uma ideia.

A energia solar é uma alternativa para redução de despesas?

Queremos levar energia solar para os nossos espaços, a gente entende que a concessão é fundamental para manutenção dos espaços, que tenha um projeto de sustentabilidade e os recursos mínimos sejam investidos, a iniciativa privada possa gerar empregos, receitas e claro, um espaço que possa servir de referência até para outros estados do Brasil.

Ficha informal

  • Nome do Estádio: Nhozinho Santos
  • Endereço: Rua 21 de Abril s/snº – Vila Passos
  • Propriedade: Prefeitura Municipal de São Luís
  • Data Inauguração: 1º de outubro de 1950
  • 1º jogo: Sampaio 2 x 1 Paysandu-PA
  • Primeiro gol: Hélio (Paysandu-PA) aos 25 minutos do 1º tempo
  • Recorde Público: 24.865 torcedores, no jogo MAC 0 x 0 Vasco da Gama (RJ) em 26/03/90
  • Menor Público: 1 pagante (Adolfo Queiroga) no jogo Tupan 0 x 0 Vitória do Mar em 20/08/88 pelo Campeonato Maranhense
  • Dimensão do Campo: 110 x 75m
  • Infraestrutura: 6 cabines de rádio. 2 cabine de TV – 10 banheiros – 1 ambulatório
  • Inauguração Iluminação: 07/01/59 – No jogo Sampaio 2 x 0 Moto
  • Maior Goleada: Sampaio 12 x 0 São José
  • Homenagem: Joaquim Moreira Alves dos Santos (Nhozinho Santos)

Detalhes históricos

Em abril de 1948, a Câmara Municipal aprovou a desapropriação de 2.453 metros quadrados, correspondente aos lotes de 9 a 17, para ampliação do Estádio General Eurico Gaspar Dutra. 

O projeto foi de autoria do Dr. Antônio Pires Ferreira. Finalmente, no dia 1º de outubro de 1950, com o nome de Estádio Municipal Nhozinho Santos, o nosso setentão, foi inaugurado. 

Jogaram Sampaio e Paysandu-PA. O time maranhense venceu pelo placar de 2 a 1. Hélio (Paysandu) marcou o primeiro gol, aos 25 minutos da etapa inicial. O gol da virada tricolor foi marcado por Arrupiado, jogador pertencente ao Fortaleza, que se encontrava em São Luís e jogou pelo Sampaio.

Nhozinho Santos

Pelo Projeto Lei 53 de autoria do vereador Walter Pereira Bessa, e Decreto Lei do prefeito Antônio Euzébio Costa Rodrigues o estádio passou a ser chamado de Municipal Nhozinho Santos, uma homenagem a Joaquim Moreira Alves dos Santos. Ele era filho de Crispim Alves dos Santos, grande industrial maranhense que muito contribuiu para o desenvolvimento de nossa cidade. Nhozinho Santos foi o responsável pela introdução do futebol no estado do Maranhão.

Iluminação elétrica

No dia 7 de janeiro de 1959, em jogo válido pelo Campeonato Maranhense de Futebol Profissional, Sampaio e Moto estiveram frente a frente, com a vitória do Tricolor por 2 a 0. O jogo marcou a primeira inauguração do sistema elétrico do Nhozinho Santos. (Com informações de Manoel Martins)

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