Dia Municipal do Regueiro

Live “Vibrações positivas” celebra o reggae na Ilha

Evento tradicional que faz parte das comemorações dos 409 anos de São Luís vai acontecer no dia 5, em live, com participação de vários grupos e artistas da cena local.

Foto: Divulgação/Comissão Integrada de Reggae e Turismo

São Luís tem peculiaridades que só quem vive aqui conhece. Nossos becos, ladeiras, telhados, sobrados, casarões; nossa vazante de maré, que é única; nossas manifestações culturais, bumba meu boi, blocos tradicionais e o jeito específico de dançar reggae: a dois e agarradinho. Tanta paixão pelo ritmo jamaicano, gerou um dos tantos títulos que a cidade tem, o de “Jamaica Brasileira”, e também um dia dedicado especialmente aos amantes do reggae: O Dia Municipal do Regueiro, 5 de setembro.

Há 14 anos a data é marcada tradicionalmente abrindo as comemorações do aniversário da cidade de São Luís (8 de setembro), com o show “Vibrações Positivas”, coordenado pela Comissão Integrada do Reggae e Turismo (CIRT) de São Luís. No ano passado, por causa da pandemia, o evento não ocorreu. Neste ano, ainda um período atípico, o show será em formato de live, no próprio dia 5, às 17h, com bandas, DJ, cantores, radiolas, grupos de dança e trancistas.

Estão confirmadas as atrações: Alex Müller & Nega Glícia (Apresentadores), DJ Junior Black (Zé Luis & Maria Antônia/Antônio & Nilda), DJ Netinho Jamaica, DJ Sandra Marley, Star Disco (Dj Biné Roots), Banda Guetos & Garotinhos Beleza, DJ Girleno (A Lenda Brother), Clube do Vinil (DJ Frank Wailler), Banda Capital Roots & Batan Passos, DJ Gustavo Roots, Vinil Woman (DJ Elizabeth Lago), Reggae Night (DJ Jorge Black), Banda Filhos de Jah & GDAM, Luís Guerreiro, Levi James, Célia Sampaio, Santacruz, Fauzy Beydoun, DJ Natty Nayfson, DJ Marcos Vinicius, Banda Raiz Tribal & Saint Louis.

O evento terá homenagens a pessoas que contribuem para cultura reggae da cidade, e também abrirá espaço para o artesanato, penteados afros. Para Fabinho de Jah, membro-fundador da Comissão, celebrar o reggae, ainda que nas condições em que o mundo está vivendo, é uma forma de marcar um movimento pelo qual o maranhense tem tanto carinho, além de fomentar a cena cultural. “O reggae além de nossa identidade cultural, respeitando as demais culturas como Bumba-meu-boi, Tambor de Crioula, Cacuriá, o reggae representa a força máxima do entretenimento em nosso estado, já que ele se mantém durante todo o ano movimentando a economia do Maranhão onde toda uma cadeia produtiva gera emprego e renda formal e informal, e, todos os dias, especificamente em nossa capital São Luís, em algum lugar tem um evento de reggae”, disse Fabinho.

Ritmo enraizado no Maranhão

No estado, desde os anos 1970 o reggae está incutido na cultura local. Marcado pelos “melôs” e pelo poderoso som das “radiolas”, o reggae no Maranhão tem ainda outra peculiaridade: o modo de dançar a dois, o “agarradinho”.

Característica marcante do ritmo no Maranhão, o estilo maranhense de dançar reggae pode agora virar Patrimônio Cultural Imaterial do Estado.

Várias teorias tentam explicar como o reggae chegou ao Maranhão. Algumas teorias apontam que a música jamaicana teria chegado via ondas de rádios caribenhas, sintonizáveis em solo maranhense. Outra é que marinheiros que chegavam ao porto de São Luís e de Cururupu deixavam discos trazidos da Jamaica nas zonas de prostituição para pagar pelos serviços.

“O reggae é parte viva do imenso caldeirão cultural do Maranhão. O ritmo jamaicano foi muito bem recebido em São Luís e se transformou na principal referência musical de nossa cidade para outros locais. Pesquisas na rede hoteleira constatam que os turistas procuram primeiramente o reggae e, só depois, as outras manifestações culturais. Surgido na Jamaica na segunda metade da década de 1960, o reggae chegou a São Luís no início da década seguinte. Duas características, entre várias, se destacam no reggae do Maranhão. Uma é o estilo de dançar, diferente do resto do mundo. Aqui o reggae é dançado com o casal de rosto e corpo coladinhos. Outra característica marcante são as ‘radiolas’, enormes equipamentos de som que privilegiam os timbres graves. Os “paredões” de caixas de som fazem tremer as roupas dos regueiros”, disse o produtor cultural e jornalista Ademar Danilo.

Um ano de perdas

Criada em 2006, a Comissão Integrada do Reggae e Turismo (CIRT) é a união de um grupo formado por membros eleitos representantes de vários segmentos da cadeia produtiva do reggae organizada envolvendo: bandas, cantores, DJs, grupos de dança, radiolas, equipes de vinil, bares, comunicadores, mídias alternativas, produtores, colecionadores, pesquisadores, artesanato, trancistas, moda reggae, gastronomia, dentre outros. Nas reuniões são debatidos diversos assuntos, que culminam em projetos culturais, sociais, educacionais, planejamentos e ações, tendo como foco o “Movimento Reggae”.

Como todo setor, também o período de pandemia foi (está sendo) desafiador e difícil. Segundo Fabinho de Jah, tem sido um tempo de dificuldades, perdas e danos irreparáveis. “Perdemos nossa eterna conselheira Rosângela Satiago (Arte Rosa), perdemos muitos amigos próximos vítimas da Covid-19, perdemos projetos, tivemos prejuízos de todas as formas, porém, a CIRT é um grande exemplo a ser seguido no sentido de resiliência, a adversidade vem, mas juntos, de mãos dadas, caímos mas levantamos, pensamos nos preocupando ainda com a situação dos menos favorecidos conseguimos levar algum tipo de ajuda, como a ideologia do reggae nos ensina. Eu como membro-fundador, sou suspeito para falar e tenho muito prazer em fazer parte desta família chamada Comissão Integrada do Reggae e Turismo de São Luís do Maranhão”, disse.

Saiba mais

O Dia Municipal do Regueiro foi instituído pela lei nº 4.102 de outubro de 2002, de projeto de lei do então vereador Pinto Itamaraty. A lei estadual 1.184/2004, de autoria do ex-deputado estadual Alberto Franco institui dentro do contexto cultural do Maranhão o movimento reggae. A lei Federal 12.630/2012, assinada pela então presidenta Dilma Rousseff instituiu o 11 de maio “Dia Nacional do Reggae”, e é uma homenagem a Bob Marley, considerado o grande difusor do ritmo pelo mundo, que faleceu em 11 de maio de 1981. A UNESCO incluiu o reggae na lista de tesouros culturais da humanidade que devem ser preservados.

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