Microempreededorismo

A oportunidade que vem da crise

Muitos no setor empresarial tiveram impacto negativo e foram à falência, mas teve gente que soube fazer do limão uma limonada e conseguiu fazer da crise uma oportunidade de crescimento.

Foto: reprodução

A crise mundial causada pela pandemia da covid-19 afetou o mundo todo, em todos os setores. Muitos no setor empresarial tiveram impacto negativo e foram à falência, mas teve gente que soube fazer do limão uma limonada e conseguiu fazer da crise uma oportunidade de crescimento. Foi só assim com o pequeno empreendedor que além de conseguir ampliar a sua clientela, ainda gerou empregos.

Alguns setores da economia experimentaram crescimento desde o início da crise da covid-19.

Segundo um estudo elaborado pela Junta Comercial do Maranhão (Jucema), somente no primeiro semestre deste ano, as pequenas e microempresas foram responsáveis pela contratação formal de 17.737 trabalhadores no estado, ou seja, os pequenos negócios criaram 89% das vagas com carteira assinada. O número é quase sete vezes maior que o total de empregos gerados pelas empresas de médio e grande porte que, no mesmo período, abriram 2.745 vagas.

De acordo ainda com dados da Jucema, o ano de 2020 fechou com 27.421 novas empresas MEI (Microeemprendedor Individual). Aquela empresa aberta por um profissional autônomo que passa a CNPJ e facilidades como abertura de conta bancária, pedido de empréstimos, emissão de notas fiscais, além de ter obrigações e direitos de uma pessoa jurídica.

Este ano, até então, são 18.739 novas empresas no Maranhão, sendo 6.509 só em São Luís. Tomando como referência o mês de junho, no ano passado foram abertas 1.243 empresas, mesmo em meio à crise. No mês de junho deste ano, já foram 1.457.

Nos dados gerais de abertura de empresas ano a ano, segundo o DataSebrae. Em 2019 foram abertas 36.730, empresas. 2020 fechou com 42.717 aberturas. Um crescimento de  16% , em um ano de pandemia.

Para José Cursino, analista técnico do Sebrae (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas), a abertura de negócios, no geral, decorre de um de dois dos movimentos reativos dos agentes econômicos ante certas conjunturas.  Dependendo da natureza destas, um ou outro é o predominante como força impulsora para as pessoas buscarem ter seu próprio negócio.

“Estas são necessidades e oportunidades. As primeiras quase sempre estão ligadas a circunstâncias desfavoráveis como perda de emprego, encerramento de um negócio anterior, crises macroeconômicas etc. As pessoas então necessitando manter seu nível de renda anterior, podem enxergar no empreender o modo compensatório da perda recente ou até remota de renda e lançam-se ao mundo empresarial. Já as oportunidades, surgem em fases favoráveis do ciclo econômico ou mesmo da consolidação de novas tendências estruturais na economia, criando nichos de mercado, onde os empreendedores mais perspicazes iniciam novos negócios ou ampliam, os existentes. No caso da pandemia de COVID 19, a criação de muitos negócios foi sim uma estratégia alternativa de sobrevivência aos que estavam necessitados de fontes de renda e não acharam-na no universo empresarial existente”, disse Cursino.

O analista ainda avalia que negócios criados assim criados podem vir a ter maiores dificuldades no processo de competição de mercado. “Mas não necessariamente estarão inexoravelmente destinados ao insucesso. E aí entra o papel do Sebrae, com seus produtos e serviços voltados a reverter um prognóstico provável de insucesso”, enfatizou.

Expansão em meio à dificuldade

Além desse dado positivo, em meio a um cenário incerto, algumas empresas se expandiram. De acordo com o  Sebrae as áreas de negócios que mais se expandiram na pandemia foram as lojas virtuais, serviços relacionados ao setor farmacêutico, segmento da educação online, serviços de delivery e logística.

Empresas comerciais, por exemplo, que atuavam apenas com loja fixa, tiveram que se adequar ao momento em que, por conta da pandemia, os serviços essenciais tiveram que ser fechados ou tiveram restrição. Além disso, em São Luís houve lockdown, com autorização para funcionamento apenas de serviços essenciais à população.

Lembra do que o analista do Sebrae falou acima sobre “necessidades e oportunidades”? É aí que entra a nossa primeira personagem desta matéria: Rousiane Gomes Silva. Proprietária da loja Rose Lingerie, loja física e virtual, e em vias de abrir uma nova unidade física, 35 anos, Rose ainda era adolescente quando começou a se virar para ganhar o seu próprio dinheiro. Ainda na escola vendia para amigas, vizinhas, foi fazendo clientela. Ao sair do ensino médio, foi trabalhar em um supermercado mas não se adaptou. Voltou a trabalhar por conta própria e abriu a primeira loja física há 18 anos.

Foto: reprodução

Mãe de 2 filhos, um de 6 e outro de 2, quando chegou a pandemia e o fechamento do comércio, o desespero também chegou.

“Eu disse, meu Deus o que eu vou fazer. Comecei a pedir ajuda das amigas para fazer fotos para postar no Instagram, fui pesquisar, e aí fui colocando as fotos das mercadorias, foram aparecendo clientes, aí ‘bombou’ minha loja. Todo mundo em casa, as pessoas comprando online, as pessoas divulgando, as vendas cresceram muito e eu precisava fazer entrega. Peguei meu irmão que já trabalhava como motoboy e ele passou a fazer entrega para mim. Para você ter ideia eu cheguei a receber 1.500 mensagens por dia no Instagram, whatsapp…”, contou.

Ainda sem saber como dar conta da demanda, chamou a cunhada para trabalhar com ela, a prima, a funcionária da cunhada. Era junho de 2020, dia dos namorados, e as funcionárias que eram 2 passaram para 6, e veio a ideia de fazer um site para vendas online. “Eu não tinha ideia de como seria, não tinha visão do negócio e as coisas foram acontecendo, fui aprendendo fazendo”, disse.

Em janeiro, as coisas deram tão certo que a empresa que não era formalizada foi legalizada. Agora ela era uma empresária MEI e tinha mais segurança para fazer as vendas. Àquela altura, ela já recebia pedidos de todo o Brasil, e precisava emitir notas fiscais, tudo direitinho. “Recebi toda orientação de como fazer, recebi cartilha, de vez em quando recebo visita de técnicos. E para mim foi um grande ganho. Sei que para milhares de pessoas a pandemia foi uma tragédia, infelizmente, mas para mim, nesse sentido, foi muito boa. Hoje eu vendo para todo o Brasil”, comemora.

Mas nem sempre foi assim. Quando estava de resguardo do primeiro filho, com 24 dias que deu à luz, o seu companheiro a deixou e ela teve que se virar sozinha. Vendeu o pouco que tinha da loja e da casa para ter algum dinheiro para o sustento. Voltou a morar com a mãe. Mas não parou. Recomeçou. E hoje se considera bem-sucedida.  

“A gente não pode parar nunca. A vida é luta e a gente tem que aprender a vencer diariamente”, disse.

“Agreguei valor ao meu trabalho”

Foto: reprodução

A Luanne Durans é uma Empreendedora da beleza. Com 32 anos, há 10 ela atua no mercado da beleza, sempre por conta própria. Há algum tempo ela se formalizou como MEI, mas foi na pandemia que teve que botar a criatividade para funcionar. O desafio era manter o estúdio de maquiagem mesmo em uma época sem festas, sem eventos e que muitas pessoas não tinham mais a maquiagem no seu cotidiano, pois estavam em casa. “Trabalhar na pandemia foi desafiador mas consegui manter meu Studio mesmo não tendo atendimentos no início. Depois fui criando estratégias e novos serviços para não ficar parada. Vi novas possibilidades e desafios a serem superados para que meu negócio não parasse”, disse Luanne.

A preocupação deu lugar às divulgações nas redes sociais e a busca de nova parcerias em trabalhos de ensaios fotográficos personalizados. A assessoria de beleza foi algo que preencheu a falta da clientela do cotidiano e o que fez seu serviço crescer sendo agregado ao fluxo normal do estúdio.  “Consegui agregar novos serviços como assessoria de beleza para ensaio fotográficos profissionais, fazendo a maquiagem, cabelo, transformação e acompanhando o ensaio. Então, enquanto muitos colegas pararam, outros até fecharam seus negócios, eu corri atrás. Tive gás para não desistir do meu sonho e nem de acreditar no potencial do meu negócio, porque aconteça o que acontecer, eu quero continuar fazendo o que amo. ”, disse a empreendedora.

Para auxiliar empreendedores assim como Luanne, o Sebrae informou que diversificou os canais de atendimento para orientar, capacitar e prestar consultorias para os pequenos negócios fazendo com que esses negócios pudessem se manter competitivos no mercado. “Parcerias como por exemplo com o Facebook para orientar os empreendedores no marketing digital, desenvolvimento de cursos pelo WhatsApp e telegram são destaques do Sebrae para manter os pequenos negócios competitivos durante a pandemia”, disse Hildene Maia, Gerente da unidade de Gestão de Atendimento e relacionamento com Clientes do Sebrae no Maranhão.

Foto: reprodução
VER COMENTÁRIOS
Polícia
Concursos e Emprego
Esportes
Entretenimento e Cultura
Saúde
Negócios
Mais Notícias