DIFAMAÇÃO

Polêmica ação contra Sônia Guajajara

Conhecida como uma das lideranças de grande influência no Brasil, a maranhense foi intimada pela Polícia Federal a pedido da Funai sob acusação de propagar fake news.

Sônia é reconhecida internacionalmente, por causa das dezenas de denúncias que já fez a Organização das Nações Unidas. (Foto: Divulgação)

A líder indígena maranhense Sônia Guajajara, coordenadora executiva da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib), foi intimada pela Polícia Federal em um inquérito sobre difamação aberto a pedido da Fundação Nacional do Índio (Funai). 

O órgão acusa a ativista e a entidade de fazer acusações que difamaram o governo federal durante a série na web “Maracá-Emergência Indígena”, em 2020, pela defesa dos povos indígenas e contra violações de direitos cometidas contra esses povos durante a pandemia da Covid-19.

Entre os objetivos primordiais da websérie, está a arrecadação de doações para financiar as ações nos territórios indígenas, o que poderá ser feito virtualmente através de um QR code e pelo site da Abip. 

A lista de adesões da classe artística e de personalidades das mais diversas áreas em “Maracá-Emergência Indígena”, contempla centenas de nomes, como Maria Bethânia, Cacique Raoni, Ai WeiWei, Sonia Guajajara, Caetano Veloso, Joenia Wapichana, Dráuzio Varella, Tuyra Kayapó, Anitta, Kretã Kaingang, Criolo, Dinaman Tuxá, Jane Fonda, Nara Baré, Philip Glass, Cacique Babau, Wagner Moura, Kerexu Guarani, Camila Pitanga, Benki Ashaninka, Milton Nascimento, Djuena Tikuna, Thomas Lovejoy, Gean Pankararu, Margareth Menezes, Célia Xakriabá, Lenine, Shirley Krenak, Eliane Brum, Joziléia Kaingang, Chico Buarque, Eloy Terena, Alec Baldwin, Puyr Tembé, Mãe Nivia, Paulo Tupiniquim, Sebastião Salgado, Fidelis Baniwa, Zé Celso, Marivelton Baré, Nando Reis, Marcos Xucuru, Emicida, Elizeu Guarani, Djamila Ribeiro, Lindomar Terena, Teresa Cristina, Giovani Krenak, Gaby Amarantos e muitos outros.

A ativista que foi candidata a vice-presidente do Brasil pelo PSOL nas eleições de 2018, na chapa de Guilherme Boulos, usou seu perfil no Twitter para repudiar a ação do Governo Federal, que na sua visão tenta criminalizar o movimento indígena e intimidar a Apib, em um ato de perseguição política e racista. “Fui intimada pela Polícia Federal (PF), como representante da Apib, para depor em um inquérito por conta da websérie Maracá. A perseguição desse governo é inaceitável e absurda! Eles não nos calarão!”, disse a líder indígena, que acrescentou: “Muito obrigada a todas as pessoas pela solidariedade manifestada à nossa luta indígena nestes dias. Essa rede de apoio sempre fortaleceu a nossa luta histórica. Seguimos juntos!”, ressaltou Sônia Guajajara, da Terra Indígena Arariboia, no Maranhão.

A Apib ingressou na manhã desta segunda-feira (3) com um pedido de habeas corpus para trancar o inquérito contra a liderança Sônia Guajajara. 

No pedido de liminar assinado por três advogados indígenas e protocolado na Vara Federal Criminal do Distrito Federal, a Apib argumenta que a ação carece de “indícios mínimos capazes de deflagrar uma investigação penal” contra sua coordenadora executiva. 

Além de Sônia, a PF também intimou o líder indígena de Rondônia, Almir Suruí, a prestar depoimento em um inquérito aberto em razão de divulgações na internet que, de acordo com a Funai, propaga “mentiras” contra o governo.

Quem também manifestou indignação foi Comissão de Defesa dos Direitos Humanos Dom Paulo Evaristo Arns, que repudiou, por meio de nota, a ação de intimidação promovida pelo governo federal, contra Sônia Guajajara. “A Funai, em vez de cumprir a sua missão institucional de proteger os direitos constitucionais dos povos indígenas, denunciando violações a esses direitos no contexto da pandemia, assim como combatendo as invasões cada vez mais catastróficas das terras indígenas, vem se prestando ao constrangedor papel de silenciar denúncias e intimidar indígenas – neste caso, com o auxílio inexcusável da PF. Cumpre à sociedade brasileira repudiar essa afronta aos direitos de Sônia Guajajara e demais lideranças indígenas, bem como ao Ministério Público e à Câmara dos Deputados apurar, por meio de medidas claras e objetivas, as responsabilidades pela prática de mais um ato de arbítrio, por parte daqueles que não sabem e não querem conviver em um regime em que impere a liberdade e a democracia como corolário a oposição e contestação. A Comissão Arns deplora mais uma demonstração de desapreço e menos cabo pelos povos indígenas”, diz a nota.

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