O IMPARCIAL

O Imparcial nos calcanhares do 1º século de informação

O que nos anima a marchar com serenidade e determinação é lutar por um futuro melhor para cada maranhense

Foto: Reprodução

Fazer jornal impresso nos dias de hoje é muito mais do que uma inspiração cotidiana para alimentar o espírito humano com informações. É, sobretudo, insistir numa aventura de quem escala o Monte Evereste sem saber se o oxigênio o manterá vivo até o topo. É com esse espírito de desbravar a cada dia um amanhã incerto, que a equipe produtora de O Imparcial tem encarado desde o longínquo 1926, o desafio de fazer jornalismo independente. Já se foi um somatório de 347.130 dias a nos separar daquele 1º de Maio, uma data mundialmente dedicada ao Trabalho, fator mais importante de produção.

O que nos anima a marchar com serenidade e determinação é lutar por um futuro melhor para cada maranhense. Afinal, daqui a cinco anos, O Imparcial estará chegando aos cem anos, um marco alcançado no Brasil por pouquíssimos jornais impressos. Uma história que não pode ser desvinculada, obviamente, dos 200 anos do primeiro jornal maranhense. Em abril de 1821, quando São Luís ainda portava o garboso epíteto de Athenas Brasileira, surgiu O Conciliador do Maranhão e se tornou marco do início da nossa atividade jornalística. Mostrava ser um veículo pujante e bastante diversificado, embora financiado pelo então governador da Província, Bernardo da Silveira Pinto da Fonseca.

A data dos 200 anos do Conciliador é tão relevante, que a Universidade Federal do Maranhão (UFMA) está organizando uma série de eventos em 2021. As ações estão sendo organizadas e efetivadas pela Diretoria de Comunicação. “Achamos que essa é uma data que não podia passar em branco. Afinal, não é todo dia que se fazem 200 anos de história”, justificou o vice-reitor e diretor de Comunicação da UFMA, Marcos Fábio Belo Matos. A programação vai ser desenvolvida, durante todo este ano, com a entrega de comendas a personalidades que fizeram ou se destacaram na imprensa do Maranhão nesses dois séculos.

Quanto a O Imparcial, a decisão de editá-lo foi tomada por pura inspiração de servir ao espírito público com informação. Um misto de aventura e de prestação de serviço pelo “meio” mais importante e influente da época: o jornal. O empresário João Pires Ferreira se jogou de corpo inteiro no projeto de lançar um matutino sem interferência política em sua linha editorial.

O Imparcial tornou-se uma instituição da Imprensa no Maranhão. Um projeto sem dúvida desafiador para quem pretendia quebrar paradigmas, fazendo jornalismo equilibrado no Estado de altíssimos índices de analfabetismo e de pobreza, além de situado numa região de rasa comunicação com o resto do Brasil.

O Maranhão de 1926

Em 1926, o Maranhão era um estado predominantemente rural, com uma população de 870 mil habitantes – no Brasil de 30,6 milhões. Só se ligava ao Nordeste pelo Piauí, conectado pela Estrada de Ferro São Luís-Teresina, responsável pela maior integração da capital com o interior rumo ao sertão. Foi a ferrovia que tornou desimportante o transporte de gente e de cargas pelos barcos e balsas a motor que faziam mover a economia das cidades banhadas pelo Rio Itapecuru. Na direção da Baixada Maranhense, o mar era a estrada que movia o desenvolvimento nos dois sentidos da capital e interior.

O ano de 1926 era mais do que desafiador para o lançamento de um jornal, sem outros meios eletrônicos de comunicação. O rádio só chegou ao Maranhão por volta de 1930, mesmo assim uma raridade ao alcance dos maranhenses.

João Pires Ferreira, no entanto, aceitou o desafio de tentar quebrar a dicotomia dos jornais de então. As linhas editoriais das publicações eram a voz impressa dos políticos.

Feitos em pequenas gráficas, em formatos meio berliner, sempre instrumentalizados para os embates políticos contra e a favor dos poderosos. O Imparcial, a partir do nome, chegou para usar o jornalismo como ferramenta de sustentação equilibrada da informação sem dono.

Diários Associados

Com poucos meses de circulação, O Imparcial já adotara a primeira mudança no formato. Saiu do tamanho berliner para o standart, com o volume maior de páginas e já adotando uma fase incipiente de ilustração fotográfica. Eram clichês de imagens de praças, monumentos históricos ou de raros eventos políticos. Depois de sua aquisição pelo
jornalista Assis Chateaubriand em 1944, quando incorporou O Imparcial à sua rede de jornais e rádio dos Diários Associados, houve uma reformulação no conteúdo editorial e no aspecto gráfico, ocasião em que já dominava o mercado publicitário.

O fotógrafo Dreyfus Azoubel passou a integrar a equipe de O Imparcial, tornando-se o primeiro repórter-fotográfico da imprensa maranhense, com o amazonense José Mendonça (Foto Mendonça) na função de clicherista, ocupada, posteriormente por Moacir Bueno, ex-jogador de futebol. O jornal já era referência como noticioso, com circulação estadual, principalmente nas cidades cortadas pela Estrada de Ferro São Luís-Teresina.

Na época os principais anunciantes de O Imparcial eram os cinemas Éden, Royal e Rox, para anunciar filmes de grandes plateias mundiais, como o Grande Motim, A Alegre Divorciada, Sob as Ondas, Anjos de Cara Suja, etc.

O impresso segue vivo

Mas tudo isso é passado quase romântico do jornalismo. O presente é a crise que se abateu sobre as mídias impressas e, com a pandemia, o impacto aprofundou o estrago no conjunto geral dos negócios. As empresas de comunicação não conseguem fechar o quadro de receita e despesa. As informações digitais pulverizaram tanto a notícia quanto tudo relacionado ao conhecimento humano. O velho modelo do negócio jornal impresso, empurrado pela publicidade e assinatura, trocou as bancas esquina pelo celular à mão e o notebook à mesa.

Apesar do quebra-quebra generalizado em uma década, a boa notícia é que o jornal impresso não está morto e não vai morrer. Está se reinventando para sobreviver à hecatombe, bem mais forte que outros impactos, como o da TV nas décadas de 50/60.

Fazer jornal no Brasil e no mundo nunca foi um mar de tranquilidade nem um garimpo a céu aberto. O que mais precisa hoje é o jornalismo impresso entender qual o seu papel em um mundo digitalizado ao extremo e que o leitor pretende encontrar em suas páginas. O que vale no jornal não é mais tanto o que está escrito. Mas provar para o leitor que vale a pena tê-lo com fonte de informação diferenciada. O valor mudou de nome e de lugar. Agora é a qualidade, o diferencial e a capacidade de surpreender. O leitor é mais exigente. Quer explicação, conteúdo, análise e profundidade.

Redação de O Imparcial

Toda essa trajetória única da imprensa do Maranhão só foi possível chegar até aqui graças ao fundador José Pires Ferreira, o jurista José Pires de Saboia, José Adirson de Vasconcelos, Arthur Almada Lima Filho, Raimundo Carvalho Melo, Pedro Batista Freire (que há 26 anos está na direção geral de O Imparcial) e uma enorme equipe que vem se revezando ao longo dos anos. Cada um, com sua dedicação profissional e amor à profissão – especialmente os jornalistas – é merecedor do respeito e da homenagem da Empresa Pacotilha S/A.

O Imparcial Online, principal portal de notícias do Maranhão

Agregado à marca quase secular, O Imparcial Online conseguiu se tornar o principal portal de notícias do Maranhão, chegando a superar seis milhões de acessos mensais. Mas o matutino que se tornou instituição do Maranhão segue se adaptando, atualizando processos, respeitando a notícia e praticando o jornalismo dedicado até ao gosto da geração tiktok.

Afinal, fazer jornalismo é tirar a venda dos olhos de quem não conhece a verdade. É Buscar a verdade mesmo diante do mundo em que a verdade é, infelizmente, devastada pela danosa praga das fake news. O bom jornalismo é um produto sem fibrose.

Neste Dia do Trabalho vale refleti e copiar Theodore Roosevelt: “De longe, o melhor prêmio que a vida oferece é a chance de trabalhar duro no trabalho que vale a pena”.

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