A importância do combate à LGBTfobia
Em 13 de junho de 2019, o Supremo Tribunal Federal determinou que a discriminação por orientação sexual e identidade de gênero passasse a ser considerada um crime.
Nesta segunda-feira (17), é comemorado o Dia Internacional Contra a Homofobia, Transfobia e Bifobia. Em 1990, nesta data, a homossexualidade foi excluída da classificação de doenças da Organização Mundial da Saúde (OMS).
A data visa conscientizar a população em geral sobre a luta contra discriminações de homossexuais, transexuais e transgêneros. No Brasil, a data está incluída no calendário oficial do país desde 2010, de acordo com o Decreto de 4 de junho do mesmo ano.
Objetivo desta data é debater os mais variados tipos de preconceitos contra as diferentes orientações sexuais e identidades de gênero, além de gerar o desenvolvimento de uma conscientização civil sobre a importância da criminalização da homofobia.
No dia 13 de junho de 2019, o Supremo Tribunal Federal (STF) determinou que a discriminação por orientação sexual e identidade de gênero passasse a ser considerada um crime.
Antes lembrada apenas como o Dia Internacional Contra a Homofobia, a data passou a abranger toda a comunidade LGBTQIA+. Segundo um relatório, divulgado pelo Grupo Gay da Bahia (GGB), o país se mantém no ranking dos que mais contabiliza mortes de LGBTs.
O Brasil ainda é o país que mais mata LGBTs do mundo. De acordo com o grupo que atua a mais de 100 anos em defesa dos direitos humanos dos homossexuais no Brasil, em 2019, foram registrados no país 329 mortes violentas, sendo 297 homicídios e 32 suicídios. Em 2018, foram registrados 420 casos e em 2017, 445 mortes.
Lugar de fala: por que comemorar a data?
O Imparcial reuniu declarações de LGBTs maranhenses sobre a data, que é comemorada nesta segunda. Em entrevista, cada pessoa respondeu a mesma pergunta sobre o tema.
“Eu comemoro o amor e amar. O amor genuíno entre duas pessoas e o amar quem eu sou, independentemente, de quem diz o contrário. O poder de amar são as asas que dão voo a nossa liberdade”, expressou Gabriela Dias Ribeiro.
“A criminalização da LGBTfobia é muito recente, vamos completar apenas dois anos. Ainda estamos conquistando nossos direitos, de viver e sermos quem somos. É importante celebrar o combate à LGBTfobia porque infelizmente ainda é preciso levar conhecimento à uma população que não tem educação básica. Como mulher trans, ainda sinto a necessidade constante de mostrar minha voz para quê até mesmo dentro da comunidade LGBT possamos ser respeitadas. O Brasil ainda é o país que mais mata transexuais no mundo”, afirmou Wanessa Lobato
“Esta é uma data para lembrar todos os dias os que se foram de forma trágica, em decorrência das atrocidades da LGBTFobia. É um símbolo para lembrar que todo amor vale a pena, que é normal sim. Que devemos ter todos os direitos para nossa segurança, como todas as outras pessoas. Além de ser uma forma de nos dar voz, pois temos a necessidade de mostrar o que realmente vem ocorrendo no Brasil e no mundo”, afirmou Maria Catarina.
“É um dia que me faz lembrar que a minha existência e a minha sexualidade importam, assim como a de milhões de pessoas no mundo todo que tem sua sexualidade questionada, humilhada e violentada. É um dia para celebrar e afirmar que ocupamos espaços e lembrar que mesmo conquistando muito hoje, como casamento igualitário e poder formar uma família, ainda tenhamos muitos direitos esquecidos e continuamos lutando. Por nós e pelos que virão”, afirmou Leandra Silva.
“Numa época em que a maioria vive sem grandes expectativas de um futuro, o dia de hoje torna-se mais um de resistência. De pé, pra continuar lutando pelo mínimo que merecemos que é amor, liberdade e respeito. Não é apenas um único dia de luta ou uma simples data, é pra lembrar que a gente tá aqui correndo atrás de mostrar que a nossa luta é importante”, expressou Leandro Vidal.
O significado de cada letra da sigla LGBTQIA+
O movimento político e social LGBTQIA+ defende a diversidade e busca mais representatividade e direitos para a comunidade. Além de demonstrar luta por mais igualdade e respeito à diversidade.
O movimento, que nasceu com a sigla GLS (Gays, Lésbica e Simpatizantes), passou por transformações e incluiu mais pessoas não cisgênero. Por conta disso, novas letras foram incluídas em sua sigla e surgiram dúvidas quanto ao seu significado.
Para alguns, LGBTQIA+ são apenas letras, mas o intuito é que cada vez mais pessoas se sintam representadas pelo movimento e as suas pautas defendidas na sociedade. Cada letra representa um grupo de pessoas que sofrem diferentes tipos de violência simplesmente pelo fato de não se adequarem ao que foi normatizado pela sociedade.
Entenda o significado de cada letra da sigla LGBTQIA+:
L = Lésbicas
São mulheres que sentem atração afetiva/sexual pelo mesmo gênero, ou seja, outras mulheres.
G = Gays
São homens que sentem atração afetiva/sexual pelo mesmo gênero, ou seja, outros homens.
B = Bissexuais
Diz respeito aos homens e mulheres que sentem atração afetivo/sexual pelos gêneros masculino e feminino.
T = Transsexuais
A transexualidade não se relaciona com a orientação sexual, mas se refere à identidade de gênero. Dessa forma, corresponde às pessoas que não se identificam com o gênero atribuído em seu nascimento. As travestis também são incluídas neste grupo. Porém, apesar de se identificarem com a identidade feminina constituem um terceiro gênero.
Q = Queer
Pessoas com o gênero Queer são aquelas que transitam entre as noções de gênero, como é o caso das drag queens. A teoria Queer defende que a orientação sexual e identidade de gênero não são resultado da funcionalidade biológica, mas de uma construção social.
I = Intersexo
A pessoa intersexo está entre o feminino e o masculino. As suas combinações biológicas e desenvolvimento corporal – cromossomos, genitais, hormônios, etc – não se enquadram na norma binária (masculino ou feminino).
A = Assexual
Assexuais não sentem atração sexual por outras pessoas, independente do gênero. Existem diferentes níveis de assexualidade e é comum que estas pessoas não veem as relações sexuais humanas como prioridade.
+
O + é utilizado para incluir outros grupos e variações de sexualidade e gênero. Aqui são incluídos os pansexuais, por exemplo, que sentem atração por outras pessoas, independente do gênero.