CONSERVAÇÃO

Arte de restauro pelas mãos de Ângela Ferreira

Artista plástica de São Luís restaura imagens sacras danificadas ou pela ação do homem ou do tempo, resgatando as características originais das obras

Reprodução

É por meio de gestos delicados e precisos em um pequeno ateliê de restauro do bairro da Liberdade, em São Luís, que imagens sacras danificadas ou que sofreram lesões por conta da ação do tempo ou de algum acidente ganham seus traços originais. O trabalho meticuloso e cheio de detalhes é feito desde 1997 pela artista plástica e restauradora de esculturas, Ângela Ferreira, que faz a recuperação de obras esculpidas em gesso, cerâmica e madeira.

A restauradora revelou que começou a fazer restauração por uma questão de sobrevivência no meio da arte para poder se manter.

“Nem todo dia a gente consegue vender uma obra de arte. Então eu busquei na restauração esse sustento. Assim que eu comecei com as artes plásticas, logo em seguida enveredei na arte da restauração. Foi até engraçado porque não foi uma coisa pensada. Eu estava aqui no meu ateliê quando a mulher de Seu Diquinho que faz a Festa do Divino aqui na Liberdade me trouxe um São Pedro. Quando vi a peça pensei comigo: ‘Essa roupa está muito sem vida e taquei cor’. Quando ela viu me disse: ‘Minha filha o Santo não pode ter essas cores que você pintou. Tem que ser as cores originais’. Pintei as cores di jeitinho que estava e pedi desculpas a ela. E foi a partir daí que comecei a pesquisar e estudar a história de cada Santo que chegava às minhas mãos para que eu restaurasse a roupa dessas imagens mantendo as cores originais de cada peça”, contou Ângela Ferreira.

A artista plástica explicou que a conservação e restauro de obras de arte é uma atividade que tem por objeto a reparação ou atuação preventiva de qualquer obra que, devido a sua antiguidade ou estado de conservação, seja necessária uma intervenção para preservar sua integridade física, assim como seu valor artístico, respeitando ao máximo a essência original da obra.

“Quando as peças chegam até a mim muito danificadas eu faço é gostar. Porque quanto mais danificada, mais eu me sinto desafiada em restaura-la. Coloca-la de volta em pé com suas formas e cores originais bonitinhas, isso me satisfaz”, ressaltou Ângela Ferreira.

Da observação em livro para os salões de arte

Uma das peças que deu mais trabalho para a artista plástica foi uma Nossa Senhora da Conceição que chegou com várias partes quebradas. “Quando ela chegou aqui fiquei analisando, analisando, mais eu consegui restaura-la como era antes e está prontinha para ser entregue”, disse ela relembrando este desafio.

Ângela Ferreira fez questão de ressaltar que nas áreas da escultura e da pintura, tem evoluído desde uma primeira perspectiva de tentar recuperar a legibilidade da imagem, acrescentando se fosse necessário partes perdidas da obra, a respeitar a integridade tanto física como estética da obra de arte, fazendo as intervenções necessárias para suas conservação sem que se produza uma transformação radical da obra.

A artista plástica que contou que a sua paixão pela arte começou por meio da observação. “Eu comecei olhar as peças e eu dizia para mim mesma: ‘Se eu quiser eu faço. Mas eu não tinha noção do que queria. Eu só sentia que tinha aquele encantamento. Quando morei um tempo em São Paulo, eu comecei frequentar a bibliotecas para pesquisar livros sobre arte em geral e passei a entender os materiais que poderia usar. Meu primeiro salário quando recebi em 1990 comprei argila e comecei a esculpir as minhas primeiras peças. Em 1996 eu retornei para São Luís e no ano seguinte já participei a minha primeira exposição coletiva e de lá para cá nunca mais parei”, lembrou Ângela Ferreira que buscou aperfeiçoamento no Centro de Criatividade Odylo Costa Filho, no Centro Histórico.

Um dos mestres com quem Ângela Ferreira apendeu a esculpir foi o artista plástico e professor Luís Carlos e com a artista plástica Romana Maria, duas referências em cerâmica em São Luís. “Passados mais de quase três décadas para mim é uma honra ter escolhido a arte como uma missão de vida. Participei de vários concursos e salões de arte, entre eles, o “Salão Artístico e Literário Cidade de São Luís”. Ganhei todos os prêmios na categoria escultura que o concurso poderia oferecer como 1º, 2º e 3º lugar e Menção Honrosa. E continuo fazendo arte e sempre participando de exposições e fazendo meu trabalho como restauradora aqui na Liberdade”, disse a artista plástica.

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