LUTO NO TEATRO

Morre o dramaturgo Luiz Pazzini vítima de Covid-19

O dramaturgo Luiz Pazzini que foi professor de Artes da Universidade Federal do Maranhão e marcou o teatro maranhense foi mais uma vítima da covid-19 em São Luís

Reprodução

O teatro maranhense está de luto. Faleceu no início da tarde de ontem (29), o professor aposentado do curso de Artes da Universidade Federal do Maranhão, o dramaturgo Luiz Pazzini. O dramaturgo contribuiu por mais de 20 anos com o seu talento para as artes cênicas no estado como professor, ator e diretor. Pazzini estava internado no Hospital Centro Médico com sintomas do novo coronavírus (Covid-19), e mesmo recebendo toda assistência médica não resistiu e veio a óbito.

Entre os espetáculos que marcaram sua careira estão “Negro Cosme”, “Cofo de Estórias”, “Pigmaleão” e “Lulu”. Mesmo fora da sala de aula, Pazzini mantinha-se ativo e sempre estava envolvidos com projetos teatrais onde colocava toda a sua experiência à serviço do teatro que para ele era mais do que uma paixão, que foi transformada em filosofia de vida. A pesquisa sobre a raça negra permeou sempre seu trabalho. Ele era neto de negros e italianos. Sua tese de mestrado centrou a temática da primeira revolta negra, no Haiti.

Em 2018, Pazzini colocou sua energia no projeto “Leituras Dramáticas: Resistência Urgente” ao lado do também  ator e diretor Wagner Heineck , que circulou diversos espaços culturais da Ilha, onde por meio de um texto forte e provocador  buscavam nestes tempos sombrios de ataques sistemáticos à democracia e à liberdade de expressão, uma forma de somar energias teatrais contra este projeto fascista e autoritário que está em andamento no Brasil.

Para o espetáculo foram selecionados dois textos emblemáticos: “Novas diretrizes em tempo de paz”, de Bosco Brasil, e “Audiências da comissão sobre atividades antiamericanas da Câmara”, de Bertolt Brecht. O primeiro abordava o problema da imigração e o processo de deportação no Brasil e o segundo a expulsão de Brecht dos Estados Unidos que foi acusado de ser um autor comunista.  

Por conta do isolamento social em decorrência da pandemia do Covid-19, Luiz Pazzini estava dedicando-se a seu mais novo trabalho teatral intitulado Projeto Leituras Dramáticas de Fragmentos em Quarentena 2020 no qual gravava monólogos em sua própria casa interpretando trechos de textos clássicos do teatro mundial, como por exemplo, “Édipo Rei” uma das tragédias gregas mais emblemáticas da história do teatro na Grécia, escrita por volta de 427 a.C. pelo dramaturgo Sófocles. Na lenda grega, Édipo, filho de Laio e Jocasta, era o rei de Tebas, a cidade que fora assolada por uma peste. O texto foi escolhido propositalmente por conta da pandemia.

Luiz Roberto de Souza, conhecido artisticamente por Luiz Pazzini, nasceu no interior de São Paulo, na cidade de Severínia e mora no Maranhão há 20 anos. Cursou Artes Dramáticas na Universidade de São Paulo (USP) e mestrado em Artes pela Escola de Comunicações e Artes na mesma universidade.  Pazzini era ator, diretor e foi professor do Departamento de Artes da Universidade Federal do Maranhão desde o ano de 1992.

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