JUSTIÇA

Com Constelação Familiar, 95% das audiências terminam em acordo em São Luís

A técnica ajuda a resolver conflitos relacionados à disputa de guarda de crianças, alienação parental, inventários e pensão alimentícia, entre outros processos

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A Constelação Familiar, técnica psicoterapêutica, criada pelo alemão Bert Hellinger, usada no Poder Judiciário em vários estados, tem ajudado, aqui na capital, a resolver conflitos relacionados à disputa de guarda de crianças, alienação parental, inventários e pensão alimentícia, entre outros processos. Desde que começou a funcionar na 3ª Vara da Família de São Luís, pelo menos 40 ações já foram realizadas, com resolução de cerca de 95% dos acordos judiciais.

Para iniciar as atividades deste ano, a 3ª Vara da Família de São Luís vai realizar no próximo dia 18 de fevereiro (terça-feira) a roda de conversa Constelação Familiar na Justiça, com a consteladora familiar e sistêmica, Cláudia Chaves. A abertura será realizada pela juíza Joseane Bezerra, às 15h30, no Salão Ecumênico do Fórum. Em seguida, Cláudia Chaves promoverá a interação dos participantes por meio de dinâmicas vivenciais procurando demonstrar na prática como a metodologia da constelação sistêmica funciona.

A intenção é mostrar ao público em geral como funciona a ferramenta e como ela tem sido eficaz nos acordos processuais influenciando as relações pessoais e os conflitos sociais. O evento também vai apresentar o Projeto Constelação Familiar, desenvolvido pela juíza titular da 3ª Vara, Joseane de Jesus Corrêa Bezerra. “A gente faz essa roda de conversa com as partes processuais convidadas para conhecer a ferramenta, a gente trabalha a conscientização do papel dentro de cada um dentro da família e fazemos essa roda aberta para explicar como ela é trabalhada no projeto”, disse Cláudia.

Funciona assim: os processos judiciais são escolhidos por temas, as partes são convidadas para participar das rodas de constelação que acontecem no Fórum de São Luís. Na maioria das vezes as partes interessadas vão, falam e são ouvidas. Em 10 dias é marcada a audiência e em geral, as partes já vão com um outro olhar sobre o caso. “A constelação é uma técnica terapêutica que trabalha a reconstrução dos vínculos familiares, que faz com que você tenha um olhar sobre a família, o papel de cada um dentro dela. Fazemos algumas dinâmicas e aí quando essas pessoas chegam na audiência elas já vão um pouco menos resistentes. Eles mudam um pouco o olhar sobre o problema. Há uma quebra disso. O conflito acontece porque ninguém quer mais conversar com o outro. Então a gente tenta resgatar esse vínculo familiar”, afirmou Cláudia.

A técnica psicoterapêutica foi criada pelo alemão Bert Hellinger e é usada no Poder Judiciário em vários estados, mostrando-se eficaz em conflitos relacionados à disputa de guarda de crianças, alienação parental, inventários e pensão alimentícia, entre outros.

No Maranhão, a juíza Joseane Bezerra, uma das incentivadoras da utilização dessa ferramenta, aposta no projeto como um valioso método de auxílio em suas audiências para a autocomposição das partes.

Humanização dos conflitos na Constelação

A intenção é esclarecer as partes sobre o que há por trás do conflito que gerou o processo judicial e abrir caminhos para a pacificação social. 

Os conflitos levados para uma sessão de Constelação, em geral, versam sobre questões familiares, como violência doméstica, endividamento, guarda de filhos, divórcios litigiosos, inventário, adoção e abandono. “É com certeza uma ferramenta de sucesso, até para que essas partes encontrem a paz. Porque do que adianta entrar na justiça, ganhar algum dinheiro, ganhar a sentença, e não ter pa? A constelação é uma ferramenta de paz entre as partes. Mesmo que elas não consigam acordo, elas ganham um novo olhar sobre o outro, porque quebra aquela resistência emocional. Muitos deles vão armados e com as rodas de conversa acabam ficando mais abertos ao diálogo. É um projeto muito do coração”.

A medida está alinhada à Resolução CNJ n. 125/2010 do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), destinada a estimular práticas que proporcionam tratamento adequado dos conflitos, assim como ao novo Código de Processo Civil, que estimula medidas que promovam o apaziguamento entre opostos.

Segundo o poder judiciário, a partir de março serão realizadas dinâmicas com jurisdicionados, que são partes em processos da 3ª Vara da Família, como vem sendo feito desde a implantação do projeto na unidade judiciária. 

Durante a atividade, os participantes, por meio de conceitos, dinâmicas em grupo e exemplos práticos do dia a dia, aprendem sobre a importância da ferramenta para a solução dos conflitos.

Cláudia Chaves  é voluntária e uma das executoras do projeto desde 2018. A palestrante  é  pós-graduada em Ciências Criminais, tem formação em Constelação Sistêmica e Familiar e é  idealizadora de projetos comunitários em “Rodas de Culturas de Paz”, nos municípios de São Luís e Raposa, com temas de restauração de vínculos familiares e empoderamento de mulheres vítimas de violência doméstica.

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