CEIA DO ACOLHIMENTO

Solidariedade e compaixão em ceia pela inclusão social

Grupo de voluntários vai oferecer acolhida na noite de Natal para moradores de rua e jovens de São Luís que foram expulsos de suas casas por sua condição de gênero

Reprodução

São inúmeras as histórias de pessoas que são expulsas de casa, abandonadas pela família ou demitidas de seus empregos por causa da sua condição de gênero, orientação sexual. Sem ter para onde ir, essas pessoas procuram apoio na casa de amigos, passam a viver só, e não raro, perdem contato com familiares, com o convívio social, até se estabelecerem. Essas pessoas pertencentes a classe LGBT (sigla para o grupo de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transgêneros) ficam à deriva, sem um teto que os acolha, não apenas como algo físico, como algo sentimental.

E como o clima é natalino e pensando nessas pessoas que não tem onde, nem com quem passar uma noite de Natal, um grupo de voluntários resolveu fazer uma ceia solidária farta de comida e de afeto para o público LGBT e também para moradores de rua, na noite do dia 24, na frente do prédio do Re-o-cupa, na Rua Afonso Pena (próximo ao antigo Ferro de Engomar), no Centro Histórico.

“A noite de Natal não traz boas lembranças pra quem é LGBT por não terem acolhida da própria família. Por isso, a gente quer ressignificar essa noite, ao menos uma vez ao ano. Dentro do prédio vai haver uma série de atividades culturais, roda de conversa, momentos culturais com cinema temático, bazar, tentar fazer esse momento comunitário e solidário”, afirma Vinaa, idealizador e coordenador do grupo de acolhida.

Mais de 100 voluntários integram o grupo de acolhida a LGBTs em São Luís, atendendo profissional e afetivamente a 46 jovens que ficaram sem um lar, ou sem um emprego, com ajuda de roupas, para entrevista de emprego, com comida, apoio profissional, enfim.  São médicos, enfermeiros, psicólogos, sacerdotes da igreja anglicana, entre outros.

Até agora eles já arrecadaram alimentos e doações suficientes para ajudar 100 pessoas, mas as doações continuam chegando nos postos de coleta, que serão recebidas até o dia 23 ao meio dia.

A ideia da criação do grupo de acolhida foi do artista Vinaa, que em outubro do ano passado, na época das eleições, foi procurado por um grupo de 15 jovens que lhe pediu ajuda. Motivado pela sua experiência pessoal, quando teve que sair de casa aos 22 anos, e teve que contar com ajuda de amigos, ele viu ali uma forma de ajudar outras pessoas que passam pelo que ele já passou.

Campanhas inclusivas para as classes mais baixas

REOCUPA SERÁ O LOCAL ONDE OCORRERÁ  A CEIA SOLIDÁRIA FARTA DE COMIDA E DE AFETO FEITA POR UM GRUPO DE VOLUNTÁRIOS

“Com o rumo que as eleições estavam tomando eles ficaram muito preocupados porque viram o discurso dos seus familiares dizendo que a partir dali não aceitariam muitas coisas, que o Brasil ia mudar. Alguns tinham sido mandados do emprego. Foi então que chamei alguns amigos e decidi criar o grupo, porque eu mesmo vivi aquela situação. Hoje estou estabelecido, sou casado, tenho casa, uma carreira, uma relação tranquila com minha família, que já entendeu a dinâmica do mundo. A gente nunca perdeu contato, e aí eu entendi que eles estavam reproduzindo a voz do mundo. O mundo é intolerante, mas foi muito difícil”.

Apesar de uma aparente aceitação maior, até mesmo por conta de campanhas inclusivas produzidas por grandes empresas, o preconceito contra lésbicas, gays, bissexuais e transexuais ainda é uma realidade forte e cruel, especialmente entre as classes mais baixas.

Para quem trabalha com a causa social, torna-se comum acompanhar casos de adolescentes expulsos de casa, após agressões verbais ou até físicas vindas dos próprios familiares. “Tem muitos casos. Isso é muito comum. Tem duas meninas que foram expulsas de casa porque os pais não aceitavam a relação delas, elas hoje estão morando em outro estado, trocando serviço em um hostel em troca de hospedagem, e o que elas mais querem é poder voltar para sua terra natal”, conta Vinaa, que alimenta o desejo de um dia o grupo poder ter uma sede para acolher e abrigar esse público.

Dentro do grupo de acolhida estão os mais variados tipos de profissionais, que dão toda espécie de apoio voluntariamente. A ideia é dar um suporte para quem está desestruturado de sua base familiar ou profissional. 

Ponto de coletas de doações

– Cockpit Adesivos – Av. Camboa, 845, em frente à creche da prefeitura. De segunda a sexta-feira,  de 8h às 12h e de 14h30 às 18h; sábado das 8h às 12h. Recebe: Livro, Roupas, Presentes, Panetones, etc.

– Via Mundo Intercâmbio – Rua dos Ipês, Qd 50, Casa 07 – Jardim Renascença. De segunda à sexta-feira de 9h às 12h e de 14h às 19h; sábado das 9h às 12h. Recebe: Doaçõe gerais (Livro, Roupas, Presentes, Panetones, etc). Mais informações com o próprio Vinaa pelo whatsapp (98) 98414-6020.

“Tem muitos casos. Isso é muito comum. Tem duas meninas que foram expulsas de casa porque os pais não aceitavam a relação delas, elas hoje estão morando em outro estado, trocando serviço em um hostel em troca de hospedagem”

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