CASAMENTO INFANTIL

17% dos casados no Maranhão têm até 19 anos

Maranhão faz parte de estudo sobre casamento infantil. No estado em 2016, das 24 mil uniões formais, cerca de 17% foram de meninas e meninos até 19 anos

Principais causas e consequências

Em Co­dó, ci­da­de ma­ra­nhen­se es­co­lhi­da pa­ra o es­tu­do, o atra­so e o aban­do­no es­co­lar fo­ram su­pe­ri­o­res na amos­tra da pes­qui­sa, tan­to pa­ra me­ni­nas e mu­lhe­res quan­to pa­ra ho­mens ca­sa­dos. Das se­te me­ni­nas ca­sa­das en­tre­vis­ta­das em Co­dó, ape­nas uma con­ti­nu­a­va es­tu­dan­do. Seis aban­do­na­ram os es­tu­dos, cin­co de­las nos anos fi­nais do en­si­no fun­da­men­tal e uma no en­si­no mé­dio.

Em al­guns ca­sos, a eva­são es­co­lar ocor­reu até an­tes do ca­sa­men­to e não co­mo con­sequên­cia de­le. A com­bi­na­ção de gra­vi­dez, ca­sa­men­to/união for­ça­da e ser­vi­ço do­més­ti­co aca­ba sen­do um mo­ti­va­dor pa­ra a bai­xa es­co­la­ri­da­de das me­ni­nas e mu­lhe­res da pes­qui­sa. As mo­ti­va­ções pa­ra os ca­sa­men­tos, além das mais re­cor­ren­tes co­mo: gra­vi­dez, per­da da vir­gin­da­de, saí­da de la­res con­fli­tu­o­sos e de­se­jo/amor, in­clui-se ain­da a pro­te­ção con­tra a vi­o­lên­cia, san­ção da co­mu­ni­da­de, vul­ne­ra­bi­li­da­de so­ci­o­e­conô­mi­ca das me­ni­nas. As ques­tões en­vol­ven­do a vi­vên­cia da se­xu­a­li­da­de são as mais fre­quen­tes en­tre as cau­sas nos gru­pos fo­cais da pes­qui­sa. Me­ni­nas e me­ni­nos que­rem co­me­çar a vi­da se­xu­al, mas es­bar­ram em pon­tos co­mo a fal­ta de in­for­ma­ção so­bre se­xu­a­li­da­de, co­mo evi­tar uma gra­vi­dez não de­se­ja­da e ain­da no jul­ga­men­to de su­as co­mu­ni­da­des. “Es­sa pres­são so­ci­al an­te­ci­pa os ca­sa­men­tos. Por is­so, gran­de par­te das uniões for­mais ou in­for­mais acon­te­cem de­pois de um pe­río­do cur­to de re­la­ci­o­na­men­to amo­ro­so – de um mês a um ano. En­tre os par­ti­ci­pan­tes do es­tu­do, ape­nas um ca­sal na­mo­ra­va ha­via qua­tro anos quan­do se ca­sou. Em ge­ral, as me­ni­nas têm su­as pri­mei­ras re­la­ções afe­ti­vo-se­xu­ais com os fu­tu­ros ma­ri­dos ou com­pa­nhei­ros”, diz o es­tu­do.

As con­sequên­ci­as mais di­re­tas do ca­sa­men­to in­fan­til são a gra­vi­dez pre­co­ce, o aban­do­no es­co­lar e a per­pe­tu­a­ção do ci­clo de do­mi­na­ção e re­pro­du­ção das de­si­gual­da­des de gê­ne­ro. As me­ni­nas so­frem com a in­ten­si­fi­ca­ção do tra­ba­lho do­més­ti­co e com a en­tra­da pre­cá­ria ou tar­dia no mer­ca­do de tra­ba­lho – já que a fal­ta de pro­fis­si­o­na­li­za­ção ge­ral­men­te im­pe­de es­sa che­ga­da ao mer­ca­do for­mal. Ou­tras con­sequên­ci­as são a vi­o­lên­cia do­més­ti­ca, o des­pre­pa­ro emo­ci­o­nal e psí­qui­co, a li­mi­ta­ção dos pro­je­tos de vi­da, a per­da de li­ber­da­de e mo­bi­li­da­de.

Ida­de le­gal

No Bra­sil, a ida­de mí­ni­ma le­gal pa­ra ca­sa­men­to ou união é de 18 anos, con­for­me es­ta­be­le­ce o Có­di­go Ci­vil (Lei 10.406/2002). Con­tu­do, a lei pre­vê que me­ni­nas e me­ni­nos po­dem se ca­sar en­tre os 16 e 18 anos, des­de que com au­to­ri­za­ção dos pais e mães ou dos res­pon­sá­veis le­gais (Art. 1.517). Ca­so es­tes se re­cu­sem a con­ce­der au­to­ri­za­ção, é per­mi­ti­do ao juiz con­ce­dê-la.

O Cen­so de 2010 mos­tra que, de 661 mil me­ni­nas de 12 a 18 anos com fi­lhos, ape­nas 27,3% fre­quen­ta­vam a es­co­la. A Pnad 2016 (Mó­du­lo Edu­ca­ção) apon­ta que 26,1% das me­ni­nas de 14 a 29 anos fo­ra da es­co­la (num uni­ver­so de 24,8 mi­lhões de ado­les­cen­tes e jo­vens de am­bos os se­xos) ale­ga­ram co­mo mo­ti­vo os afa­ze­res do­més­ti­cos e o cui­da­do com cri­an­ças ou ido­sos.  Só 0,8% dos me­ni­nos ale­ga­ram o mes­mo mo­ti­vo.

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